Um dos esquemas de corrupção delatados pelo ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ), Jonas Lopes; envolve as empresas de transporte do Rio de Janeiro. Segundo Jonas Lopes, os conselheiros do Tribunal receberam mesadas de R$ 60 mil para favorecer essas empresas, em um esquema organizado pelo presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani.
De acordo com a delação do ex-presidente do TCE do Rio, Jonas Lopes, uma parte das propinas recebidas pelos conselheiros veio da Fetranspor - a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio, que é fiscalizada pelo Tribunal de Contas.
Jonas afirma que a auditoria do TCE constatou várias irregularidades na gestão e no uso do Bilhete Único - o cartão que dá acesso ao transporte público no Rio de Janeiro. Entre essas irregularidades, estava o cadastro de pessoas que já morreram e até de menores de cinco anos, que não precisam pagar passagem.
Ainda de acordo com o depoimento, as empresas de ônibus estariam se apropriando de r$ 90 milhões de crédito expirado dos cartões dos passageiros. Diante dos desvios encontrados pelo TCE, a Fetranspor teria oferecido propina para os conselheiros, para que eles a favorecessem na fiscalização.
Jonas Lopes cita como organizador do esquema o presidente da assembleia legislativa do Rio, Jorge Picciani, levado coercitivamente para prestar depoimento na última quarta (29).
Jonas diz que, em meados de 2015, Picciani sugeriu a ele que aceitasse uma "contribuição mensal" aos conselheiros do TCE, para que o Tribunal tivesse "boa vontade" com os temas relacionados à Fetranspor. A Federação iria oferecer entre R$ 60 mil e R$ 70 mil por mês para cada conselheiro que participasse do esquema. Jonas Lopes, então, disse que quando os conselheiros concordassem, o presidente executivo da Fetranspor, Lelis Teixeira, iria procurar o advogado e filho de Jonas Lopes, Jonas Neto, para acertar a entrega da propina, e que ela foi paga durante seis a nove meses.
Lelis Teixeira também foi um dos alvos de condução coercitiva na operação quinto do ouro. O esquema de propina acertado com ele, segundo Jonas Lopes, não durou o tempo previsto. Lelis teria alegado que o doleiro que trabalhava para a Fetranspor estava negociando acordo de delação premiada com as autoridades e que, por isso, os pagamentos foram suspensos.
O doleiro em questão era Álvaro Novis - que foi preso em outra operação, a Eficiência, que prendeu o empresário Eike Batista em janeiro e que investiga um esquema de lavagem de dinheiro em contratos do governo Sérgio Cabral. Ainda de acordo com a delação de Jonas Lopes, quando a Fetranspor deixou de pagar a propina, os conselheiros ficaram insatisfeitos.
Jonas Lopes diz que procurou Jorge Picciani para falar sobre a reclamação dos conselheiros. E que Picciani respondeu: "Será que eles estão vivendo em outro país? Será que não sabem o que está acontecendo? Eu também não estou fazendo nada pra mim."
Fonte: Globo News
Nenhum comentário:
Postar um comentário