Flávio Azevedo
Em tempo de muita
gente querendo “Marchar Para Jesus”, seria interessante meditar na parábola do “Bom
Samaritano”. O texto está escrito no capítulo 10, versos 25 a 37 do livro de
Lucas. Tudo começa quando certo doutor da lei pergunta a Jesus: “mestre, que
farei para herdar a vida eterna?”. A resposta do Filho de Deus fala sobre o
contexto da Lei, que diz: “amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e
de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e
ao teu próximo como a ti mesmo”.
Para finalizar a
dica, Jesus acrescentou: “faze isso, e viverás”. Não satisfeito, o doutor da
lei pediu que Jesus explicasse quem era o seu próximo. Jesus então decidiu
contar uma das mais belas e significativas parábolas do seu repertório.
“Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos
salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o
meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e,
vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele
lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou
ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se,
atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu
animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele. E, partindo no outro dia,
tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o
que de mais gastares eu to pagarei quando voltar”.
Encerrada a
narrativa, Jesus pergunta ao doutor da lei? “Qual, pois, destes três te parece
que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”. O doutor da lei,
que por ser judeu era inimigo dos samaritanos, foi obrigado a reconhecer: “aquele
que usou de misericórdia para com ele” (o samaritano). Jesus, então, com a
maestria que lhe era muito peculiar concluiu: “Vai, e faze da mesma maneira”.
De acordo com os
historiadores, o caminho entre Jerusalém e Jericó era muito perigoso e os assaltos
eram constantes. O homem que foi atacado pelos salteadores precisava chegar
rápido ao seu destino, por isso, decidiu arriscar. Mas ele caiu na mão dos
salteadores e apanhou tanto que acabou ficando desacordado.
De acordo com o
relato, um levita e um sacerdote passaram pelo local e não prestaram socorro à
vítima. Quem ouve a história pensa que eles eram ruins. Pelo contrário. O
levita e o sacerdote eram pessoas de bem. Homens religiosos. Homens que exerciam
importantes cargos em suas igrejas e, por isso, não poderiam perder tempo
socorrendo aquele indivíduo. A real preocupação deles era com os afazeres da
igreja. O culto não podia esperar. Se eles atrasassem, algo poderia dar errado
na ordem do culto.
Veio então o
samaritano. Vale ressaltar que Judeus e samaritanos, apesar de serem parentes, são
inimigos (por questões raciais e religiosas que até hoje existe no Oriente
Médio). O samaritano nem se lembrou dessa inimizade, porque ele se compadeceu
daquela vítima. Ele esqueceu os seus compromissos, os negócios que tinha para
tratar e socorreu. Para ele, o importante era o ser humano, o importante era a
vida. O relato diz que ele deitou azeite e vinho em suas feridas. No tempo
antigo, o azeite funcionava como uma espécie de anestésico; e o vinho, como um potente
antisséptico.
O relato de Jesus é
uma dica de como nós temos que “Marchar” na direção dEle. Não são raros os
casos de cristãos que são pessoas do bem, gente sincera, zelosa, homens e
mulheres preocupados com a igreja, mas o cuidado com esse ou aquele evento é tão
grande, que eles acabam não percebendo as pessoas que estão caídas pelos
caminhos da vida. Indivíduos que foram atacados pelos vícios; gente que foi
assaltada por uma doença; alguém que foi vítima de um infortúnio qualquer;
entre outras coisas.
Mas o zelo com a
igreja e compromissos é maior que tudo. As atividades da igreja são tão importantes
que o próximo acaba sendo deixado de lado. “Faço isso tudo em nome de Jesus,
porque Deus deve ser amado sobre todas as coisas”, mas o próximo ficou caído
ali atrás. Fica então a pergunta: que cristianismo nós estamos professando? Nós
exercemos o cristianismo ou somos apenas cristãos?
Segundo Jesus Cristo,
“Marcha Para Ele”, aquele que entende quem é o seu “próximo” e aquele que
exerce o cristianismo, porque segundo as palavras do próprio Cristo, a melhor
maneira de mostrar que amamos a Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa
alma, de todas as nossas forças, e de todo o nosso entendimento; é amando o
nosso próximo com a nós mesmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário