Flávio Azevedo
O rei Xerxes e soberanos da antiguidade se intitulavam "deuses". |
Na faculdade, numa
matéria chamada “Cultura Brasileira”, nós estudamos sobre o “SINCRETISMO
RELIGIOSO” no Brasil. Acontece que os negros escravos usavam signos do
catolicismo europeu para adorar os orixás africanos, já que os senhores de
engenho proibiam os negros de cultuarem livremente os seus orixás, por achar
que aquela adoração era feitiçaria. Assim, Jesus Cristo virou Oxalá Menor (Deus
é o Oxalá Maior); São Jorge, Ogum; Nossa Senhora da Conceição, Yemanjá; Santa
Bárbara, Yansan; São Sebastião, Oxossi; etc. Existe uma variação de nomes de
acordo com a região (Rio de Janeiro ou Bahia).
É uma matéria
apaixonante.
Séculos depois, a religião
enfrenta outro fenômeno de nome parecido. Estamos falando do “CRETINISMO
RELIGIOSO”, uma síndrome que é provocada pela cegueira espiritual e pelo materialismo
religioso. Tudo começa com o hábito de divinizar líderes religiosos. O problema
é que não são raras as oportunidades em que os tais líderes se apropriam da inocência
dos fiéis para no melhor estilo Xerxes (soberano da Pérsia interpretado, no
cinema, pelo ator brasileiro Rodrigo Santoro/filme 300) decidir a vida dos
outros. Diga-se de passagem, quem ousa discordar ou enfrentar os tais soberanos
é considerado herege, pode ser perseguido e corre o risco de ser excomungado da
congregação de crentes. Aliás, se estivéssemos em outros tempos, a fogueira ou o
cadafalso seria o destino dos tais rebeldes.
A verdade é que por
parte dos fieis não há hipocrisia. Já por parte de alguns líderes religiosos, o
que vemos é oportunismo. Contudo, não é saudável chegar a essas e outras
conclusões, porque como aconteceu com Jesus Cristo, que se insurgiu contra os
líderes religiosos do seu tempo, o rebelde pode ser crucificado pela própria
igreja (coisa similar ao Mito da Caverna de Platão). Esse conjunto de posturas
e cenários dá origem ao “CRETINISMO RELIGIOSO”, fenômeno que impera em todos os
credos.
No nosso entendimento,
estamos no período religioso que a Bíblia, no livro de Apocalipse, classifica
como Laodicéia. Analise as características de Laudicéia e veja se elas não
correspondem ao nosso tempo: “Conheço as
tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim,
porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Como
dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és
um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”.
Aí vem a
advertência de Jesus Cristo (no texto chamado de Testemunha Fiel e Verdadeira).
“Aconselho-te que de mim compres ouro
provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas,
e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio,
para que vejas”. É exatamente o reconhecimento dessa pobreza espiritual,
que Jesus classifica como desgraça e miséria, que o “CRETINISMO RELIGIOSO” não
permite assimilar.
Na sequência Jesus
alerta: “Eu repreendo e castigo a todos
quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se
alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele
cearei, e ele comigo”. (Apocalipse 3:14-20).
O “CRETINISMO
RELIGIOSO”, porém, é como a hanseníase (lepra). A principal característica da hanseníase
é a perda da sensibilidade. Assim, o “CRETINISMO RELIGIOSO” não permite que as
pessoas sintam Jesus batendo na porta do seu coração. O dedo de Cristo deve
estar calejado, porque o “CRETINISMO RELIGIOSO” torna o cristão tão insensível e
autossuficiente (rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta) que ele passa
a achar não precisa nem de Jesus. Ele pensa que basta ir à igreja, basta devolver
o dízimo, basta entregar as ofertas, basta escutar o sermão do líder religioso,
bastar dançar nos momentos de louvor e se esquece da comunhão com Deus, que só
é possível se o sujeito ouvir as batidas de Cristo na porta do seu coração e
abrir a porta para que Ele possa entrar.
Finalizamos com o
texto de Salomão: “a soberba precede a
ruína e a altivez de espírito precede a queda” (Provérbios 16:18). Está na
hora de adquirirmos e usarmos o colírio da Testemunha Fiel e Verdadeira para
que possamos ver a nossa real condição: “desgraçados, miseráveis, pobres, cegos
e nus”.
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