Flávio
Azevedo
Em
várias oportunidades, eu já escrevi que o riobonitense sofre de uma síndrome
que eu chamo de “Complexo de Vira-latas”, que consiste em não valorizar aquilo
que é genuinamente nosso. Vale destacar, porém, que essa síndrome é um reflexo
do brasileiro. Nós temos vergonha do Brasil e superestimamos os países alheios,
sobretudo os Estados Unidos da América (EUA) e as principais nações da Europa. Talvez
porque a mídia dê muita ênfase aos nossos desequilíbrios sociais, a realidade é
que nós sempre achamos que “a grama do vizinho está mais verde que a nossa”.
Em tempos
de Copa do Mundo, evento que os grupos políticos estão utilizando para se
promover, o “Complexo de Vira-latas” fica nítido. Se o Palácio do Planalto está
aproveitando a competição para esconder fatos como o escândalo da Petrobras; e/ou
para vender uma realidade positiva que não vemos refletir em nossos bolsos; a
oposição, que há muitos anos anda sem discurso e quando esteve no poder nada
fez de diferente, também utiliza os erros e equívocos do governo para aparecer
como supostos salvadores da pátria.
Mas por
que oposição e situação são tão caras de pau? Simples, porque o “Complexo de
Vira-latas” ajuda a acreditarmos em conversas fiadas. O tal complexo nos foça a
entender como verdade, as bravatas engendradas na mídia para enganar, desinformar
e causar sensação. Quem faz isso? Conglomerados econômicos, setores da elite
brasileira e políticos importantes.
A quantidade
de gente sem conhecimento de causa que eu ouço dizer: “vou torcer contra a
Seleção!”, é muito grande. Ao levantar a ficha de boa parte dos revoltados
brasileiros, fica nítido que eles nada têm de cidadão. No fundo, no fundo, como
diria o compadre Washington, “sabem de nada, inocentes!”.
Os supostos
cidadãos não frequentam as reuniões da Câmara de Vereadores; desconhecem a
existência dos Conselhos Municipais; e só se aproximam do chefe do poder
Executivo, para pedir benefícios individuais. Palavras como coletividade, não
existe no dicionário dessas pessoas. Talvez seja por isso que esses ativistas não
entendam de futebol, um esporte que é vencido por quem sabe atuar em equipe, por
quem entende o sentido de coletividade e por quem sabe fazer a cobertura de um colega
que falhou.
Como as
pessoas têm preguiça de pensar (porque engolir discursos prontos e conversas fiadas
é bem mais fácil), os maus intencionados deitam e rolam. Aos que não se
permitem contaminar pelos interesses escusos e pelo sensacionalismo do sendo
comum, é eminente o risco de um linchamento público como ocorreu com aquele
sujeito que conseguiu fugir da caverna do emblemático “Mito da Caverna”, de
Platão. Ter coragem de se posicionar, expor ideias e, sobretudo, encarar os
soldados do sistema é perigoso, porque os beneficiados pelo sistema reclamam,
porque não querem perder a mamata.
Descrevemos
todo esse cenário, para explicar as razões pelas quais tem muita gente inocente
achando que é um grande negócio torcer contra a Seleção Brasileira como forma
de externar o descontentamento com a corrupção e o superfaturamento dos
estádios que serão usados na Copa. Terminado o mundial, o assunto em pauta é
eleição. Será a cidadania vai perdurar? Será que nós iremos repensar o nosso voto?
Será que entregaremos o voto com consciência? Ou continuaremos votando com o
bolso e com o estômago?
Concluímos
destacando que o detergente mais poderoso para limpar a política é o Título de
Eleitor. Contudo, existe uma equação que não fecha: “queremos políticos sérios
e honestos, mas não nos comportamos como seriedade e honestidade em nosso cotidiano”.
Será que os caminhos para alcançarmos as almejadas mudanças sociais, políticas
e econômicas passam realmente por essa patética torcida contra a Seleção Brasileira?
Pensemos nisso!
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