Flávio Azevedo
Parte do elenco do espetáculo “Minha Casa, Minha Vida”, durante uma das apresentações. |
O Programa Minha Casa Minha Vida, projeto
de Habitação do governo Federal gerenciado pelo Ministério das Cidades e
operacionalizado pela Caixa Econômica Federal, é o pano de fundo do novo
espetáculo da trupe do Lona na Lua, movimento cultural liderado pelo ator Zeca
Novais. O Lona na Lua completou, no último dia 17 de maio, cinco anos de
existência. A lona, que começou itinerante na localidade de Lavras, hoje, está
localizada em uma das principais avenidas do município em terreno cedido por
empresários simpáticos ao projeto.
Ao longo desse tempo, suor, lágrimas,
alegrias e a certeza de estar promovendo cidadania, entretenimento de qualidade
e permitindo os jovens e adolescentes que fazem parte do projeto “serem os
protagonistas de suas próprias histórias”, como sempre diz Zeca Novais. No
palco, uma nova geração de atores substitui os primeiros integrantes. Boa parte
se afastou por conta de trabalho, ingresso na faculdade e/ou por que decidiram se
dedicar a outros projetos.
Se no primeiro grupo dois ou três
atores se destacavam, no atual elenco todos demonstram competência, talento e
aptidão para encenar, cantar, dançar e, naturalmente encantar o público, que a
cada intervalo aplaude os atores. As personagens principais da estória são Caroba
e sua filha Margarida, gente pobre, que vem do Nordeste em busca de um lugar
para morar.
Desentendimento entre vizinhos,
preconceito, discriminação, críticas ao poder público e ao próprio cidadão, a
expectativa das pessoas em relação a vida, os sonhos e projetos das famílias,
problemas sociais, falta de energia elétrica, falha no abastecimento de água,
são retratos do cotidiano que podem ser percebidos no espetáculo, que nos oito
dias que esteve em cartaz atraiu mais de mil pessoas.
Zeca Novais e Flávio Azevedo |
No dia 17 de maio, concluído o
espetáculo, Zeca Novais entregou um troféu ao jornalista Flávio Azevedo, em
homenagem póstuma ao seu pai, o poeta, escritor, músico e letrista, Francisco
Azevedo, que faleceu em 18 de abril. “Era uma pessoa que esteve conosco desde o
início, participava sempre e não poderíamos deixar de fazer esse registro”. O
troféu traz uma foto do poeta tocando bandolim em um dos eventos itinerantes do
Lona na Lua.
Análise
crítica
Antigo
integrante de movimentos culturais de Rio Bonito, o artista Rafael Cal escreveu
em seu Blog, depois de assistir o espetáculo, que “é bom saber que a Lona está
lá”. Ele, porém, acrescenta que “não se pode esquecer de todas as dificuldades
enfrentadas no caminho e as que ainda virão”. Rafael Cal entende que para a
magia do Lona na Lua continuar persistindo a sociedade em todos os seus setores
precisa contribuir.
– Não
depende do trabalho dos loneiros. Somente com o apoio da comunidade, dos
empresários e do poder público, tanto a Prefeitura quanto a Câmara, o projeto
continuará dando os frutos que tem dado – analisa Rafael, acrescentando que Rio
Bonito está fora do grande centro produtor e consumidor de arte e
entretenimento e estar na periferia pode e deve ser a mola propulsora para o
fortalecimento do setor. “O fato é que têm que ter apoio, patrocínio, subvenção
e casa cheia toda semana”.
O antigo
companheiro de Zeca Novais (eram parceiros na antiga CIA interferência Teatral)
conclama a população a apoiar o Espaço Cultural Lona na Lua, fazendo do espaço
“a casa de todos nós”.
– Que cada
um se sinta como parte da Lona. Ela tem sido uma casa dos sonhos por esses
cinco anos. Que venham mais cinco, mais dez, mais 50, mais 50 anos de casa
cheia e gente sorrindo. Vida longa ao Lona na Lua! – conclui Rafael.
Cinco anos de conquistas
O propósito
do Lona na Lua é a inclusão social através da arte. A ideia surgiu no tempo que
Zeca Novais percorria as escolas de Rio Bonito, em 2007, promovendo oficinas de
teatro de forma voluntaria. Em 2009 nasce o projeto social e cultural Lona na
Lua numa pequena tenda. O projeto cresceu, apareceu e passou a visitar os
bairros do município de forma itinerante.
Em 2010,
junto com a Companhia de Teatro Contemporâneo, Zeca conseguiu, através da Lei
Rouanet, um recurso da ordem de R$ 180 mil de Furnas Centrais Elétricas para que
tornou possível a aquisição da lona azul estrelada que hoje abriga cerca de 300
pessoas. Nesses cinco anos, a trupe do Lona na Lua percorreu vários estados e
conquistou dezenas de 20 prêmios em festivais de teatro. As principais peças do
grupo são “O Santo e a Porca”, “Dona Flor e seus Dois Maridos”, “O Bem Amado”,
“O Auto da Compadecida”, “Dom Quixote de La Mancha” e o premiadíssimo “Quem
Casa Quer Casa”.
Em 2011, a
confirmação da importância social do Lona na Lua veio através do Selo Rio
Sociocultural do governo do Estado, ficando entre os 10 maiores projetos
culturais do Rio de Janeiro. Esse ano, o projeto foi indicado, agora, ao Prêmio
de Cultura do Estado do Rio de Janeiro; e pela primeira vez recebeu uma
subvenção da Prefeitura Municipal.
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