Flávio Azevedo
Na manhã dessa
segunda-feira (30/06), durante a inauguração da Avenida Antônio Carlos
Guadelupe, (Via Verde), que liga o Green Valley ao Basílio, em Rio Bonito, o
governador Luiz Fernando Pezão estava na companhia de um aliado que é uma
fotografia fiel do interior do Estado do Rio de Janeiro durante a gestão Sérgio
Cabral. Sentado numa cadeira de rodas e com o pé enrolado numa tala ortopédica,
o deputado e presidente do parlamento estadual, Paulo Melo, ainda tinha algumas
expressões de dor e visivelmente não estava confortável.
Vítima da ação de assaltantes
que tentaram invadir a sua propriedade, em Lavras, interior de Rio Bonito, na
noite do último dia 21 de junho, o parlamentar machucou o pé quando corria no
interior da sua residência tentando se refugiar do tiroteio que ocorreu entre
os seus seguranças e os marginais. A polícia já identificou os bandidos. Eles fazem
parte de uma quadrilha especializada em assaltos a sítios e fazendas.
Embora alguns segmentos da sociedade riobonitense
não goste desse tipo de notícia, há anos a violência por aqui cresce e atinge principalmente
as localidades interioranas. A dor e as impossibilidades momentâneas do
deputado Paulo Melo representam a realidade dos municípios interioranos: entregues
a própria sorte. O deputado, apesar de toda sua influência política, sentiu na
pele o que há anos os proprietários de sítios e fazendas de Rio Bonito e região
estão experimentando.
Nas reuniões do Conselho Comunitário
de Segurança (CCS), o assunto tem sido comentado com regularidade. Moradores do
interior do município e representantes dos trabalhadores rurais já participaram
de inúmeros encontros cobrando investimento em Segurança e, principalmente, patrulhamento
para o interior. A cúpula do governo do Estado, porém, segue insensível aos
clamores dos riobonitenses.
Comitivas com representantes de vários
segmentos da sociedade riobonitense e cidades da região já estiveram com o
secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, para reclamar
a situação, cobrar o aumento do efetivo das Polícias Militar e Civil que atuam
no interior, mas o secretário não esconde que a prioridade do governo estadual
é a capital.
– A cidade do Rio de Janeiro está
sendo preparada para os grandes eventos que irá receber, entre eles, a Jornada
Mundial da Juventude (2013); jogos da Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016)
– disse Beltrame em várias oportunidades.
Clamor
No dia 28 de junho
de 2011, durante reunião agendada pela então deputada federal, Solange Almeida,
lideranças de Rio Bonito como o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas
(CDL), André Goettert; o presidente da 35ª Subseção da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), César Sá; o presidente do Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV),
Luis Gustavo Martins; o empresário e então presidente do CCS, Bruno Soares; o
advogado, Luis Guilherme Cordeiro; e o jornalista, Flávio Azevedo; estiveram
com o secretário José Mariano Beltrame. O objetivo do encontro foi reclamar a
presença do Estado no município no que tange a Segurança Pública.
Representantes da população da sociedade civil organizada de Rio Bonito reunidos com José Mariano Beltrame em 2011 |
O secretário
reconheceu as deficiências da Segurança; reclamou que quando assumiu encontrou
a Secretaria em estado de abandono; disse que o governo do estado investiu R$
15 milhões na recuperação da Academia de Polícia Militar D. João VI; prometeu
ampliar o volume de policiais militares e civis em Rio Bonito e região; mas
nada mudou.
– O objetivo é
aumentar o efetivo em todo estado e repor as perdas que existem com mortes,
aposentadorias, exonerações e abandono da carreira. A partir do próximo mês de
agosto, nós formaremos, mensalmente, 500 novos policiais. Compor o quadro com
números que se aproximem da necessidade do estado é um trabalho de médio e
longo prazo – disse Beltrame, anunciando uma possibilidade que até agora não
foi aconteceu.
Realidade
O deputado Paulo Melo tem uma
propriedade bem cercada e conta com a segurança de Policiais Militares. Todavia,
a realidade do cidadão comum; dos moradores do interior; e até dos próprios
policiais é bem diferente. Na reunião do CCS do último dia 20 de maio, o
comandante da 3ª CIA da Policia Militar, Anderson Sodré, comentou que nos
últimos dias a PM estava atuando com apenas uma viatura para atender todo
município, porque o ‘propalado’ contrato com a empresa privada que cuida da
manutenção das viaturas não havia sido renovado pelo Estado. Assim, os veículos
que sofrem “baixas” não estavam sendo repostos.
Também reclamam de
falta de pessoal e falta de aparelhamento técnico, os policiais civis. O delegado
Paulo Henrique da Silva Pinto, titular da 119ª DP por mais de dois anos, sempre
reclamou das dificuldades estruturais para concluir inquéritos e dar agilidade
às investigações. Embora venha efetuando a prisão de quadrilhas, traficantes e
esticas, o delegado Carlos Eduardo Almeida, que sucedeu Paulo Henrique, não encontrou
um cenário diferente.
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