Flávio Azevedo
A Comissão
de Constituição e Justiça da Câmara aprovou no último dia 21 de maio, após
acordo entre parlamentares, a chamada “Lei da Palmada”, rebatizada como Lei
Menino Bernardo, em homenagem a Bernardo Boldrini, morto no Rio Grande do
Sul com uma injeção letal. O pai, a madrasta e uma assistente social foram
indiciados como autores do crime no último dia 13 de maio. A proposta proíbe
pais e responsáveis legais por crianças e adolescentes de baterem neles como
forma de correção.
Segundo o
projeto, os pais que agredirem fisicamente os filhos devem ser encaminhados a
cursos de orientação e a tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de
receberem advertência não especificada. As crianças e os adolescentes
agredidos, segundo a proposta, passam a ser encaminhados para atendimento
especializado.
Tema que
gera muita discussão, a “Lei da Palmada” é olhada como avanços para alguns e
como retrocesso para outros. No fundo o que se percebe é que o Estado não
consegue fazer diferença entre “correção” e “agressão”. Não é possível que os
nossos juristas não percebam a quilométrica distância entre uma palmada para
exemplar uma criança e um crime hediondo como esse que vitimou Bernardo
Boldrini. Mas como é comum no Brasil, quando não se quer ter trabalho, o melhor
a fazer é proibir.
De acordo
com reportagens sobre o assunto, no Congresso Nacional a bancada evangélica é
contrária a “Lei da Palmada”. Não conhecemos o posicionamento de todos os congressistas,
mas conhecemos o que diz a Bíblia sobre esse tema. O sábio Salomão, no livro de
Provérbios, escreveu: “Não
retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso
morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno”
(23:13-14).
Também escreveu sobre a relação “pais
e filhos”, o apóstolo S. Paulo. Na sua carta a igreja de Colossos. Ambos são
orientados: “vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é
agradável ao Senhor. Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam
o ânimo” (Colossenses 3:20-21).
Em tempos
de transferência de responsabilidades é comum a falta de pulso e firmeza serem
justificadas pelo pífio argumento: “eu não falo nada, porque o Conselho Tutelar
pode ser chamado e eu vou acabar tendo problemas”. Essa desculpa é esfarrapada,
porque a falta de disciplina, a ausência de correções e a permissividade podem
ser entendidas como agressão... Agressão ao futuro daquele indivíduo em
formação.
O jornalista
Ricardo Boechart, no Jornal da Bandeirantes, ao comentar o assunto, afirmou que
“o Estado deve ficar fora dos nossos muros”. Ele também declarou que “essa é
uma lei que viola a soberania da família”. Segundo a Secretaria de Direitos
Humanos, pasta responsável pelo Disque 100, a central recebeu 124.094 denúncias
de agressão contra crianças em 2013. Em 2012, foram 130.033 ligações, enquanto
em 2011 foram 96.474. As denúncias incluem violência, exploração de menores,
abuso sexual, trabalho forçado, negligência e violência psicológica, coisas
muito distantes de uma oportuna palmada.
É claro que
tem um monte de gente desequilibrada por aí, indivíduos que precisam responder criminalmente
por serem violentos não só com os filhos, mas com os vizinhos, com os colegas
de trabalho, com as pessoas que fazem parte do seu convívio etc. Equilíbrio,
essa é a carência do mundo atual. Se existe desequilíbrio no rigor dos castigos
(eu não estou falando de crimes), razão pelo qual muitos extrapolam no momento
da correção; também estamos fartos de ver frouxidão, despreocupação e irresponsabilidade,
que também são motivados por falta de equilíbrio para ensinar, corrigir e
redarguir as nossas crianças e adolescentes.
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