sexta-feira, 13 de abril de 2012

Rio Bonito sofre as sequelas da sua hipocrisia

Flávio Azevedo

Diante de uma série de comentários sobre as nossas polícias, me vejo obrigado a convidar o amigo leitor para deixarmos a hipocrisia de lado. A verdade é que nós precisamos parar de culpar as nossas polícias por elas reproduzirem práticas que são naturais a sociedade brasileira, que é extremamente violenta, corrupta e cultua a máxima “aos amigos tudo, aos inimigos a força da lei”!

Vamos citar o que aconteceu recentemente com os bandidos que assaltaram a Padaria Nosso Pão. Eles foram presos pela polícia e soltos pela nossa "injusta" Justiça! Podemos afirmar sem medo de estar sendo injustos, que Rio Bonito, hoje, sofre os resultados da sua histórica hipocrisia, do seu famigerado egoísmo e da sua afamada postura provinciana.

Vale lembrar ainda, que até muito recentemente, nós vivíamos olhando para o nosso próprio umbigo e imaginando ser a cidade um clube de amigos e uma espécie de sociedade fechada (ainda acontece, mas em menor escala)!

Depois de anos de sujeiras varridas para baixo do tapete em nome de amizades e comentários cínicos do tipo “deixa isso pra lá, porque não podemos expor a família riobonitense”, esse é o resultado: a Justiça por aqui inexiste e o Ministério Público reconhece que não pode atuar por ter as mãos atadas pela hipocrisia da própria sociedade que ele, o MP, deveria, em tese, proteger.

Podemos acrescentar aos já mencionados, hipocrisia e egoísmo, o cinismo, os hábitos classistas, as práticas infantis e, sobretudo, a eterna malversação dos recursos públicos, por aqui nunca utilizados para o coletivo, mas para o individual e/ou para esse ou aquele grupo.

Com a chegada da modernidade, que se instalou a convite do Comperj, o resultado está aí diante de nós: trânsito caótico, desinteresse pela política (povoada por maus riobonitenses), falência dos valores, desinteresse pelo semelhante, banalização da vida e do sexo, uso de drogas como forma de auto-afirmação, entre outras coisas que podemos resumir com uma única palavra: CAOS!

A ilustração do “Duas Caras”

O promotor público Harvey Dent (foto 2) é o verdadeiro super-herói do filme “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, pelo menos até se transformar no vilão “Duas Caras”. Sem temer algum tipo de represália, Harvey prende quase todos os bandidos de Gotham. Enquanto Batman usa máscara para fazer Justiça, o futuro vilão atua dentro da lei. A sua coragem é admirada por Bruce Wayne que chega pensar em aposentar o Homem Morcego por entender que combater o crime desmascarado é muito mais difícil.

Em determinado momento do filme, o Coringa emprega um dilema social para instaurar o caos. Dois barcos; um com passageiros comuns, o outro com presos; uma bomba em cada um; cada barco tem o detonador para explodir o outro até meia-noite. Passado o horário, ninguém, nem mesmo os condenados, aperta o botão. A civilização vence o caos. E na vida real, será que aconteceria o mesmo? Aqueles barcos representavam a sociedade e a sua divisão principal: os bons e os maus.

Na vida real, a hipocrisia nasce dessa dúbia realidade! De determinado ângulo que você olhar, o sujeito é ético, honesto, firme... Mas se o mesmo sujeito foi olhado por outro viés, ele é mentiroso, desonesto, mesquinho, tendencioso, entre outras coisas!

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