Flávio Azevedo
O meu amigo Carlos José Rodrigues, popularmente chamado pelos amigos de Dude, é um companheiro que trabalhou comigo no Hospital Regional Darcy Vargas durante o tempo em que estive lá. Atuamos juntos como técnicos de enfermagem e também ele como técnico (um bom profissional) e eu na supervisão da enfermagem (era ilegal técnico de enfermagem exercer essa função, mas nesse tempo o hospital adotava essa mão de obra)
No Facebook, Dude recorda de um entrevero que eu tive com um conceituado oftalmologista da cidade. Ele se lembra de detalhes que eu não lembrava, mas como ele colocou no Face, eu decidi relembrar uma das muitas histórias que eu tenho dos anos que atuei como técnico de enfermagem.
Texto de Dude:
Atuei no HRDV por quase quinze anos, na função de técnico de enfermagem, sempre no turno da noite.
Numa madrugada de inverno por volta das 4h30min, tocaram a campainha, abriram a porta lateral que dá acesso a uma área particular, entrou um cara com um gorro ou uma toca, de pijama de listas azuis, querendo falar com o supervisor de plantão que, na época, era o Flavio jornalista. Flávio se apresentou e o sujeito mandou na lata.
-Quero uma sala preparada agora, pois vou começar minhas cirurgias cedo.
-Fala sério, que cirurgia? Quem é você?
-Quem sou eu, depois você vai saber. Saiu bravo jurando que ia por Flávio na rua.
No outro plantão ficamos sabendo que o sujeito era o doutor oftalmologista Dr. Ramos Pantaleão, muito marrento, só que encontrou com um sujeito bom, mas também marrento e deu se o choque.
A mente do jornalista é mais precisa em alguns detalhes Dude (Carlos José Rodrigues). Ele olhou para nós (estávamos no posto de enfermagem da Ala Masculina – no fim do corredor), e perguntou quem estava na Supervisão. Eu disse que era eu e perguntei quem ele era (eu realmente não sabia quem era ele).
Sem se identificar, ele “ordenou” que eu colocasse as Marcaínas (nós da supervisão ficávamos responsáveis pela farmácia durante o turno da noite) no Centro Cirúrgico. Eu voltei a perguntar quem ele era e ele voltou a ordenar: “coloque as Marcaínas no Centro Cirúrgico”.
Insisti que eu precisava saber quem ele era sob pena de não colocar nenhuma Marcaína no Centro Cirúrgico. Isso já aos gritos no corredor da Ala Feminina, entrando no Pronto Socorro.
Na recepção do Hospital, ele me disse: “eu sou Dr. Romos Pantaleão de Araújo e estou mandando você colocar as Marcaínas no Centro Cirúrgico, agora”. Eu retruquei: “e eu sou o técnico de enfermagem Flávio Azevedo, estou na supervisão do plantão e não sou seu empregado”.
Enquanto ele me ameaçava eu me lembro de ter dito: “o senhor tenha mais educação ao entrar no hospital, e, por favor, identifique-se ao se dirigir a quem estiver no plantão”. Nem eu fui mandado mandado embora, nem ele deixou de operar as cataratas no Darcy Vargas.
Conclusão: É por essas e outras – ainda vou escrever um livro sobre isso – que eu considero os médicos a pior categoria da área de Saúde. Em cidades do interior então, o povo pensa que eles são deuses, e eles acreditam que são! Detalhe: hoje tenho vários amigos médicos. Entretanto, durante os meus 15 anos na enfermagem, as minhas impressões negativas dos médicos são muito maiores que impressões positivas!
Talvez, seja por essa postura e determinadas atitudes que Dr. Luiz Eduardo, um dos meus amigos médico e excelente profissional, diga-se de passagem, sempre que conversa comigo me diz: “você nunca foi profissional de enfermagem! Você sempre foi jornalista... Só não sabia disso! Técnico de enfermagem não faz o que você fazia quando atuava na área”.
É isso aí!
domingo, 22 de abril de 2012
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