Flávio Azevedo
A droga mata jovens prematuramente em todo o Brasil. |
Sábado (27/02/2016), o município de Rio
Bonito, registra mais uma morte de um jovem. Morador da Mangueira, Wallace ou
“Beiço”, como era chamado pelos amigos, tinha cerca de 25 anos e foi encontrado
morto nas proximidades do Forró do Arrocha, uma casa de eventos localizada na
entrada da Jacuba, em Rio Bonito. Sem aparentes sinais de violência ou marcas
de tiros, a morte acabou intrigando as pessoas que acompanharam o desenrolar da
história. Segundo colegas, o uso excessivo de drogas pode ter sido a causa da
morte. A overdose é uma causa morte que nunca é bem recebida por qualquer familiar.
Eu gostaria de aproveitar a ocasião
para registrar algumas colocações deixadas nos comentários da minha página no
Facebook, onde eu noticiei o ocorrido. “É mais uma vítima das drogas”, escreveu
alguém. “Fica aí um exemplo para aqueles amigos que estão nas drogas”, disse
outro. Uma postagem, porém, chamou a minha atenção. O internauta Thiago Soares
escreveu: “triste. Mas uma vida ceifada pelas drogas e mais uma vida perdida
através desse forró. Acho que está na hora de alguém fiscalizar esse forró de
verdade, para que os nossos jovens não percam suas vidas tão novos. Só Jesus
mesmo!”.
Daqui em diante eu inicio a parte
desagradável das minhas reflexões. Esclareço que serão ponderações
desagradáveis, sobretudo para aqueles que lucram com o infortúnio alheio. Mas
por que cabe ao Flávio Azevedo ser desagradável? Simples, porque quem deveria fazer
esse papel por ofício e atribuição está calado e fingindo que nada está
acontecendo. Logo, a mídia acaba fazendo as perguntas que o povo tem feito, mas
não recebe respostas.
É importante esclarecer que eu nada
tenho contra o proprietário do Forró do Arrocha, tão pouco sou inimigo dos
lugares que oferecem lazer e diversão. Todavia, o Forró do Arrocha, não é de
hoje, tem sido a porta de entrada para inúmeros excessos. Uma das queixas são atropelamentos
que ocorrem na BR – 101. Frequentadores do espaço saem da casa embriagados e ao
atravessar a pista com os reflexos comprometidos, acabam sendo atropelados ou
quando estão de moto provocando acidentes. As brigas eu não vou nem comentar.
Nos últimos tempos, porém, o uso
indiscriminado de drogas e a tradicional prostituição são as principais
reclamações, inclusive, entre os usuários do Forró do Arrocha. Eles comentam,
mas preferem o anonimato. “Eu frequento o local por falta de opção. O problema
é que lá dentro as pessoas estão se drogando como se fosse liberado. Tem uns
meninos que já chegam lá cheirados e lá dentro cheiram mais ainda”, revela uma
jovem que frequenta o espaço, diz gostar da diversão que o local oferece, mas
se sente incomodada com esse cenário.
Convém lembrar aos amigos, que esse
texto não tem o objetivo de provocar o encerramento das atividades do Forró do
Arrocha, uma vez que as opções de lazer e diversão em Rio Bonito são precárias,
sobretudo para as classes mais humildes. O meu propósito é chamar à
responsabilidade, aqueles que deveriam impedir que a coisa estivesse correndo
frouxo. O tráfico de drogas nunca vai acabar, assim como os seus apreciadores,
mas que exista um controle, porque não é possível continuar do jeito que está.
Fechar sumariamente essa casa ou
qualquer outro espaço que reúna esse histórico é a iniciativa mais comum no
Brasil, porque quem precisa fiscalizar não quer ter trabalho. Por outro lado, é
bom deixar claro que não é a polícia que resolve essa questão, tão pouco a Secretaria
Municipal de Prevenção a Dependência Química. Os elementos que estão ausentes
nesse processo são o Ministério Público, o Comissariado de Menores e
representações do poder Judiciário. Destaco que esses atores precisam marcar
presença, não para proibir, mas para contribuir com os setores que já estão tentando
fazer a sua parte. Proibir fará apenas que a ilegalidade, hoje, vista no Forró
do Arrocha, migre para outra festa, uma praça, uma esquina ou um portão de escola.
Para encerrar eu vou revelar que outro
dia um político me confessou que “não se pode tratar desse assunto como é
preciso, porque combater as drogas representa perder votos, afinal, os esticas
e usuários também votam”. Ao ouvir essa declaração, eu fui correndo vomitar!
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