Flávio Azevedo
Nessa quinta-feira
(28/01) eu visitei uma casa que foi invadida pela água. Quando eu cheguei, a
família já atuava com diligência e empenho na limpeza. Do outro lado, um homem
que já perdeu as contas de quantas vezes teve prejuízo com os alagamentos
também tentava limpar o que a água não destruiu. Alguém me perguntou por uma
pessoa importante da cidade, eu respondi que ele esperasse, porque ela
apareceria para oferecer um colchonete.
Não demorou muito e
uma campanha muito bacana para ajudar às pessoas que tiveram prejuízos, por
conta da chuva, começou a circular nas mídias sociais. Todavia, eu começo a ver
alguns usando essa campanha para desqualificar as cobranças de atitudes, por
parte do poder público e da população, que amenizem essas repetitivas perdas que
ocorrem por conta dos fenômenos naturais.
Convém lembrar que a chuva
é um fenômeno natural, o alagamento não. A chuva é um fenômeno natural, o entupimento
do bueiro não. A chuva é um fenômeno natural, os lixos jogados em encostas não.
A chuva é um fenômeno natural, o não recolhimento do entulho não. A chuva é um
fenômeno natural, os desmatamentos não. A chuva é um fenômeno natural, a falta
de fiscalização não. A chuva é um fenômeno natural, a inércia e omissão dos que
governam não. A chuva é um fenômeno natural, o óleo e rejeitos jogam in natura
nos rios e valões, não.
Nos países
desenvolvidos, os problemas são encarados, as mazelas são assumidas e soluções
são estudadas, propostas e colocadas em prática. No Brasil, porém, onde também
se estuda e se propõe soluções para inúmeros problemas, basta distribuir
colchonetes e sopão para atingidos por toda e qualquer calamidade. O pior é ver
muita gente acreditando que novos alagamentos serão impedidos porque colchonetes
e sopão foram distribuídos.
Pelo amor de Deus!
Vamos socorrer os nossos irmãos que tiveram perdas materiais, mas sem abrir mão
de solucionar as causas dessas perdas! Em 2008, quem estava no governo, distribui
colchonete e achou que estava bacana. Quem estava fora criticou. Hoje, quem
está governando segue distribuindo colchonete e quem estava dentro critica. Enquanto
estivermos concentrados no colchonete, as políticas públicas nessa direção não
serão estudadas, propostas e, sobretudo, postas em prática.
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