Flávio Azevedo
O poder Judiciário me faz um homem
muito feliz! Eu sempre disse que a sacanagem nasce nas entranhas do Judiciário.
Sempre entendi que a gênese da corrupção está nos palácios de Justiça. Fica
nítido que os erros cometidos nos outros poderes se compartilhados com o
Judiciário não são percebidos. Também ouço dizer que é perigoso dizer isso, mas
o poder Judiciário me oferece elementos que me permitem pensar assim e externar
livremente o meu entendimento. Dizem os juristas que um juiz não erra, nem
acerta, ele tem entendimento. Logo, eu também posso ter os meus entendimentos.
Ao longo dos meus 41 anos eu vejo a
Justiça inocentando condenados, condenando inocentes e o mais grave: tornando
mais dura a vida de milhares de inocentes, porque ela resolveu passar a mão na
cabeça de um condenado. E faz isso na maior cara de pau! E pior: insinua que
ninguém deve contestar. Mas eu contesto, eu falo, eu aponto e eu não estou nem
aí se alguém não vai gostar! Porque esse é o meu entendimento.
A sensação de liberdade que se
experimenta quando se fala o que pensa não tem preço e o Judiciário me
possibilita isso. Ouvir associados de criminosos dizendo que “está tudo certo,
tudo resolvido, porque já foi acertado lá em cima” me desaponta, mas não me
entristece. Pelo contrário! Me deixa mais livre para pensar, falar, criticar, analisar
e, sobretudo, trabalhar. O resultado disso tudo? O meu entendimento.
Eu sei que esse texto não vai mudar
esse cenário de injustiça. Aliás, nada do que você e eu fizermos muda essa
história de corrupção. Mas eu tenho o privilégio de poder dizer para o bandido
que ele é bandido. Eu já fico satisfeito é poder falar para o fora da lei que
ele é vagabundo. Estou contente em dizer ao condenado, que ele só segue vivendo
entre os livres, porque alguém entendeu que “todos são iguais perante a Lei,
mas alguns são mais iguais do que os outros”.
Eu gosto de trabalhar com a ironia,
com a crítica, com a análise e exposição de direitos não respeitados, com a
exibição da fraude... Mas tenho ciência de que nunca irei resolver os problemas
do Brasil. Todavia, o Judiciário me presenteia com o direito de poder
classificar o incompetente, o criminoso, o fraudulento, o vagabundo, o bandido,
o ladrão, com esses termos... E sem ter um pingo de dor na consciência, porque
o Judiciário me garante esse direito.
Concluo destacando que a Justiça dos
homens também escreve reto por linhas tortas. No meu entendimento, isso
acontece pelos meios mais esdrúxulos, mas é exatamente por conta disso que eu
posso ser livre, pensar e o melhor: falar e escrever livremente os meus entendimentos
daquilo que eu me propus a analisar!
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