Flávio Azevedo
A sede da Fazenda Nossa Senhora da Conceição, mais conhecida como "Fazenda Mega Sena". |
A Juíza Larissa Nunes Pinto Sally, da
1ª Vara Cível de Rio Bonito, determinou no último dia 19 de dezembro, a
suspensão do valor que era liberado para a manutenção da “Fazenda Mega
Sena”, propriedade que faz parte dos bens do milionário Renné Senna, assassinado
em 2007. A propriedade, assim como outros bens, está sendo disputada na justiça
pela viúva de Renné, Adriana Almeida; e a filha do milionário, Renata Senna. A
decisão da Juíza, segundo o seu despacho, acompanha “fatos narrados e
verificados pelo Ministério Público (MP)”.
De acordo com o MP, a propriedade se
encontra totalmente abandonada e sujeita a franca deterioração. A juíza também
afirma que tomou conhecimento das notícias que informam “estar o gado da
fazenda morrendo de inanição, o que pode resultar em danos irreparáveis ao meio
ambiente e a Saúde Pública”.
A juíza justifica a suspensão dos
recursos – segundo fontes não oficiais, um valor da ordem de R$ 100 mil – destacando
que considerou o fato de a inventariante estar fazendo levantamento de valores
para a preservação e manutenção do acervo hereditário e que os fatos ora
apurados comprovam que o objetivo não vem sendo atingido, com consequente
dilapidação do patrimônio. Mediante a esse cenário, a decisão da Justiça foi
pela “revogação parcial da decisão que determinou os referidos pagamentos à
inventariante, até ulterior decisão deste juízo, ad cautelam”.
Apesar dos nossos esforços e
apurações, o nome do administrador da propriedade ainda é desconhecido. Fontes
junto a Justiça afirmam que essa pessoa não é moradora de Rio Bonito e
acrescentam que ela administra outras propriedades em iguais condições. Ou
seja, que estejam sendo alvo de pendengas judiciais. A filha de Renné é a
inventariante, a quem cabe a gestão dos bens deixados pelo milionário,
atribuição diferente do administrador, que deveria zelar unicamente pelo
patrimônio da Fazenda Mega Sena. A tendência é que Renata Senna seja intimada a
prestar esclarecimentos nos próximos dias.
Em entrevista ao jornal Folha da
Terra, o advogado da inventariante, Marcus Rangoni, disse que desde 2008 a sua
cliente pede à Justiça que o rebanho da fazenda fosse vendido, e que os bois
estariam morrendo por causa da superlotação dos pastos da propriedade, já que
nascem muitos animais. O advogado também informou a repórter, Lívia Louzada,
que todos os animais da fazenda estão vacinados.
A
denúncia
A decisão judicial acontece oito dias
depois que o secretário municipal de Meio Ambiente, Newton Almeida, convocou a
imprensa local (11/12), para anunciar a preocupação do município com a “Fazenda
Mega Sena”. O fato ganhou repercussão e chegou a grande mídia. A propriedade,
segundo o secretário, estava abandonada; esse abandono se tornou um problema de
Saúde Pública; e a situação do gado, que está sem receber nenhum cuidado
veterinário, pode ser qualificada como “maus tratos”, o que é crime.
– O município está ciente dos
problemas que podem representar o abandono daquela propriedade; não estamos
inertes em relação a esse assunto; através da Procuradoria Geral do município,
nós já fizemos tudo que estava ao nosso alcance, mas chegamos num momento que
não podemos fazer mais nada. Já recorremos ao Judiciário, poder que administra
a propriedade, recorremos ao MP para informar os riscos que o município enfrenta
com o abandono da Fazenda, já informamos a situação ao Estado, as Secretarias
de Agricultura e Meio Ambiente; e só nos resta, agora, esperar – comentou
Newton.
O secretário disse que os riscos de
contaminação do lençol freático, por conta do volume de animais que está
morrendo na propriedade é uma possibilidade que preocupa, por conta da
proximidade da fazenda com o rio Bacaxá, manancial usado pela CEDAE para
abastecer o município de Rio Bonito, Araruama e Silva Jardim. Outra
possibilidade é a proliferação de doenças, por exemplo, a aftosa, que pode
contaminar o gado de todo município de Rio Bonito e região. “O impacto não é
unicamente ambiental, mas econômico e social, porque a Agricultura e a Saúde
Pública serão diretamente atingidas”, alertou o secretário.
Presente na coletiva, o procurador
geral do município, Gustavo Lopes, esclareceu que as coisas não são tão simples
como podem parecer. “Não se trata de um terreno baldio ou uma casa sem dono!
Estamos falando de uma propriedade de grandes dimensões; onde estão cerca de
1,4 mil cabeças de gado, e o mais sério: a propriedade tem um administrador,
que é a própria Justiça”. O procurador informou, durante a coletiva, que Justiça
pediria uma inspeção oficial que atestasse as denúncias, o que aconteceu já que
oito dias depois da coletiva, a Justiça decidiu pela suspensão da liberação de
recursos para a administração da propriedade.
Uma boa notícia !
ResponderExcluirComo já havia dito antes... a culpa é ou não da justiça local que nomeou e não prestou contas???
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