Flávio Azevedo
Diante do soberano o endividado ministro de finanças implorou clemência ao rei... |
Aproveitando os bons fluidos do
espírito natalino e as expectativas para um novo ano, seria salutar meditarmos
nas lições contidas, por exemplo, na estória do “credor incompassivo”, uma alegoria
narrada por Jesus Cristo depois de ter sido questionado sobre um espinhoso assunto:
o PERDÃO. Embora a parábola tenha sido contada por Jesus há cerca de dois mil
anos, ela retrata situações cotidianas e corriqueiras vividas por qualquer um
de nós ainda hoje. O primeiro personagem da narrativa é o ministro de finanças
de determinado reino. Ele devia, ao rei, 10 mil talentos. O segundo personagem
é o servo do tal ministro, que devia 100 denários ao patrão.
Pesquisadores afirmam que o total
anual de impostos que Herodes recebia dos súditos era da ordem de 900 talentos.
Isso mostra o valor astronômico da dívida que o ministro de finanças tinha para
com o rei (10 mil talentos). A outra dívida era de 100 denários, o equivalente
a cem dias de trabalho. Aliás, um talento equivalia a 6 mil denários. Assim, 10
mil talentos são 60 milhões de denários, que representava 165 mil anos de
trabalho.
Ao ser cobrado, o ministro de finanças
implorou clemência ao rei e prometeu que saudaria o seu débito. O rei fez
melhor: compadecido do ministro ele, simplesmente, perdoou toda dívida.
Todavia, ao sair do palácio, o ministro encontrou aquele que lhe devia 100
denários. Irado com a demora em receber, ele obrigou o seu conservo a pagar-lhe
a dívida. Sem condições de fazer o tal pagamento, o homem agiu da mesma forma
que ele. Ou seja, pediu paciência sob o argumento que ele pagaria toda dívida.
... Mas ao encontrar quem lhe devia muito menos, ele não teve a mesma clemência que obteve do rei. |
O ministro, porém, ordenou que aquele
homem fosse lançado na prisão até que a dívida fosse paga. O fato revoltou quem
presenciou as duas situações. É claro que o rei foi informado do ocorrido! Indignado,
o soberano ordenou que o ministro fosse preso até que a dívida que ele tinha
fosse quitada.
Bem, entre as muitas lições contidas nessa
parábola, a principal é que todo aquele que é perdoado deve estar pronto para
perdoar. Contudo, não é assim que a banda toca. Quantas vezes nós somos
perdoados por faltas graves, repetitivas... E nos esquecemos de estender o
mesmo gesto a quem fez uma coisinha boba contra nós?
Que ao começarmos um
novo ano, nós nunca percamos de vista o fato de que se é importante ser perdoado,
também é importante saber perdoar. Vamos colocar em nossos projetos para um
novo ano, a superação de mágoas, rancores e ressentimentos, porque a melhor
maneira de se vingar é oferecendo o perfumado bálsamo do perdão. Não é fácil,
mas se agirmos assim nós teremos um “Feliz Ano Novo”.
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