O Centro de Rio Bonito, uma cidade aparentemente calma. |
Uma experiência narrada pelo
Secretário Municipal de Comunicação Social, Flávio Azevedo, talvez seja o norte
que esteja faltando para a eterna luta contra as drogas, assunto ainda olhado
como tabu, sobretudo pelas famílias atingidas por esse flagelo. De acordo com o
secretário, quando ele trabalhava como técnico de enfermagem no Hospital
Regional Darcy Vargas (HRDV), chamava atenção um paciente que mensalmente entrava
na unidade com diagnostico de pneumonia.
O ex-técnico de enfermagem narrou que
não foram uma, duas ou cinco internações, “foram inúmeras, sempre com o mesmo
quadro e, geralmente, com 30 ou 40 dias de intervalo de uma internação para a
outra”. O quadro de debilidade do paciente aumentava e em determinada ocasião
foi decidido que ele seria levado em casa por profissionais do hospital (Flávio
era um deles). Ao chegar ao local apontado pelo doente como o caminho para a
sua residência, os profissionais deixaram a viatura na estrada e acompanharam o
paciente, num trilho, por cerca de 15 minutos morro acima.
Chegando a casa do doente, os
profissionais entenderam o motivo das frequentes pneumonias. Além da subida
íngreme, de morar sozinho (o que obrigava esse homem preparar o seu próprio
alimento e tomar os seus remédios sem acompanhamento algum); a casa era de pau
a pique (armação de bambu calafetada com barro) e a sua cama era uma esteira
que ficava estendida num chão úmido e frio.
Ao voltar para o hospital, esse
cenário foi contado pelo então técnico de enfermagem a uma assistente social.
Ela entrou em contato com a Prefeitura, que através de um mutirão fez melhorias
na casa do paciente. O homem também foi presenteado com cama, colchão, filtro
de água e outros utensílios que deram a ele mais dignidade para viver. As
internações, concidentemente, cessaram.
Comparação
Segundo o secretário, a droga é uma
doença muito pior que uma pneumonia “e o volume de gente doente é grande”. O que
acontece, porém, segundo Azevedo, é que “as pessoas não querem caminhar na
direção do problema, por saberem que podem encontrar um parente ou um amigo
envolvido no problema”.
– Assim como foi descoberto que a
pneumonia daquele paciente era provocada pela sua vida insalubre e o contato
direto das suas costas no chão frio, no caso das drogas é preciso entrar na
vida do envolvido para se conhecer as causas da sua doença. Creio, inclusive,
que já passou da hora de olharmos apenas para as localidades periféricas e mais
pobres como foco das drogas, porque quem está se drogando com força é a classe
média. Todos nós estamos carecas de saber que no Centro da cidade, em lugares
nobres, também existe pontos de venda de drogas... Sendo assim, vamos parar com
esse negócio de criminalizar apenas as localidades mais humildes, porque isso é
uma forma de discriminação – disparou o secretário.
Estatística
reveladora
Outro ponto abordado pelo secretário
foi uma estatística apresentada, na reunião do Conselho Comunitário de
Segurança (CCS) de outubro, na localidade de Rio Vermelho. Segundo o tenente
Sodré, comandante da 3ª CIA da Polícia Militar, “ao contrário do que acontece
em todos os outros lugares, onde o consumo de maconha é muito superior ao de
cocaína, em Rio Bonito, surpreendentemente, o consumo de cocaína é muito maior
que o de maconha”.
Para Flávio Azevedo, essa revelação é surpreendente
apenas para quem não é natural de Rio Bonito, “porque aqueles que têm origem aqui
sabem que o volume de gente de posses que é usuária de droga não é nenhuma novidade”.
O secretário acrescentou que esse dado vem apenas corroborar as suas “desagradáveis
declarações” (para alguns) em programas de rádio, jornais, internet, conselhos
e fóruns.
Combate
Preocupada com o tema, a prefeita
Solange Almeida criou, além da Secretaria Municipal Antidrogas, capitaneada
pelo advogado Felippe Bortone, o Conselho Municipal de Políticas e Atenção as
Drogas (COMAD) e um Comitê Gestor Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras
Drogas, que contará com a participação de várias Secretarias. Uma das
atividades do Comitê é promover e ampliar a participação comunitária nas
políticas e ações de Segurança Pública, prevenção de uso, tratamento,
reinserção social e ocupacional de usuários de crack e outras drogas.
– Esse é um assunto
que nós precisamos enfrentar de mãos dadas. Essa luta contra as drogas não é só
minha, não é só das famílias atingidas pelas drogas, porque eu entendo que essa
batalha precisa ser travada por toda sociedade. Não podemos mais achar normal
um jovem se drogando. Não podemos mais fingir que não é conosco! Eu não tenho
dúvidas que se existir união entre sociedade, poder público, entidades de
classe, igrejas, associações etc., os resultados alcançados serão positivos e
todos nós seremos beneficiados – disse a prefeita ao falar sobre o tema.
boa tarde , quero expressar a seguinte opiniao: enquanto a sociedade nao largar a HIPOCRISIA de lado nós todos vamos depender desse sistema vicioso que nós mesmos criamos.... 'AS PESSOAS SAO HIPÓCRITAS, DIZEM QUE QUEREM A VERDADE MAS VIVEM NUMA CONSTANTE MENTIRA...
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