Flávio Azevedo
Sobre Segurança Pública, eu tenho visto muito palavrório e pouca – ou nenhuma – perspicácia na condução do assunto. Os grandes interessados, o povo, não tem maturidade para enxergar o problema por três motivos: rabo preso, espírito frouxo ou alienação. Sobre a tradicional alienação, cabe como uma luva o refrão popular do meu pai: “tem gente que não conseguem ver diante do nariz um dedo”.
Recentemente eu fiz algumas reflexões sobre a culpa do Judiciário e do Ministério Público na questão violência e Segurança. Mas apesar de achar que eles estão sempre de férias, eu afirmo que eles não estão sozinhos. Em Rio Bonito especificamente, eu não acredito que o prefeito da cidade, a sua equipe e/ou qualquer outro político local, embora por vezes pareçam desinteressados, sejam favoráveis aos desmandos que têm acontecido.
Aliás, a Segurança já deveria ter sido municipalizada há muito tempo. Penso até ser a Guarda Municipal um embrião desse modelo de Segurança. Para quem não sabe, em Bogotá, na Colômbia, isso aconteceu. As guerrilhas na cidade colombiana só cessaram depois que o município tomou o controle da violência para si.
Em determinado espaço do Facebook, uma reflexão do policial militar Monteiro, merece ser analisada com atenção. As suas colocações foram feitas numa foto em que os políticos da nossa região aparecem junto com a alta cúpula da Segurança do Estado do Rio de Janeiro. Eles estariam cobrando Segurança para a região. Monteiro escreveu:
– Me responda quem dessas pessoas que participou dessa reunião conhece de fato os becos da Serra do Sambê ou as vielas da Rua Paulino Siqueira? Para enfrentar o inimigo tem que conhecê-lo de perto. Rio Bonito não precisa só de mais policiamento e ou viaturas. Precisa de um projeto de ressocialização para os apenados e de seriedade na condução da Segurança. Em menos de dois meses, cinco pontos de tráfico foram fechados em variados bairros. Segurança é como a Saúde, não se brinca – comentou o policial militar.
Penso que as suas palavras têm muito sentido e deveriam ser analisadas com mais atenção pelas autoridades políticas. O texto do competente policial Monteiro aborda com propriedade a questão das pessoas que não conhecem a criminalidade “in loco”. O crime no interior tem uma dinâmica diferente do crime que ocorre na Capital. Por isso eu pergunto: onde está a Delegacia do Interior? Ela não foi criada com a proposta de ter um olhar mais próximo a realidade do interior do estado? E aí?
Por outro lado, não adianta ressocializar o traficante e as comunidades expostas a criminalidade, se os filhos de bacana e os seus pais irresponsáveis não forem ressocializados. Digo isso baseado na premissa de que esse segmento da sociedade é quem cinicamente mantêm a criminalidade, sustenta o tráfico e atuam como combustível para esse flagelo. Existem exceções, mas é a minoria.
Não adianta criminalizar becos, vielas e ruas mais pobres da Serra do Sambê e da Praça Cruzeiro, sem reconhecer que os “filhinhos de papai” e os próprios “papais” usuários de drogas financiam o tráfico. Não adianta criminalizar o pobre, se o narcisismo da sociedade, sobretudo a mais abastada, não for exposto. Ao contrário do pobre, os ricos se drogam para se exibir, para desafiar a lei e para se alto afirmar.
Pensemos nisso!
quinta-feira, 3 de maio de 2012
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