Flávio Azevedo
Representantes do Conselho Comunitário de Segurança (CCS) de Rio Bonito, o prefeito José Luiz Antunes (DEM) e representantes da CCR ViaLagos, concessionária que administra a RJ – 124, concessão que completa 15 anos esse ano, estiveram reunidos no último dia 25 de abril, no gabinete do prefeito para discutir melhorias na rodovia. Entre as discussões está a construção de viadutos, local apropriado para a circulação de bicicleta, animais e carroças, passarelas e a instalação de radares eletrônicos ao longo do trecho que corta o município.
De acordo com o diretor da concessionária, João Daniel Marques da Silva, por determinação do governo do estado a ViaLagos vai receber novas e importantes melhorias. O prazo de entrega seria 2014. Ainda segundo o diretor, as exigências é a construção de mureta divisória entre as pistas (para evitar que os veículos invadam a contramão) e a substituição do acostamento de grama (no trecho a partir de Araruama) por asfalto.
– O governador quer essas melhorias para toda extensão da rodovia e já liberou, através do Departamento de Estrada de Rodagem (DER), um recurso da ordem de R$ 120 milhões para a execução dessas obras. O problema é que estamos percebendo a necessidade de se fazer mais que isso. As exigências da população de Rio Bonito, por exemplo, devem ser considerados, mas não temos recurso para isso – argumentou o diretor da concessionária.
Para o prefeito José Luiz Antunes, desde que a ViaLagos passou a administrar a RJ – 124, do bairro Boqueirão (foto 2) até a Praça do Pedágio (Palmital e Mineiros) muitas localidades ficaram isoladas, tiveram os seus acessos prejudicados, estradas foram fechadas e muito pouco foi feito pela população. “Quando a ViaLagos chegou aqui já encontrou Boqueirão, Boa Esperança e demais localidades. Aliás, quando a RJ – 124 chegou na década de 60, essas localidades já existiam. Boa Esperança, por exemplo, sempre foi um bairro importante, por tanto isso tem que ser respeitado e considerado”, ponderou o prefeito.
Pontos de conflito
O chefe do Executivo riobonitense, que como produtor rural e proprietário de terras já teve inúmeros embates com a concessionária, comenta que em Boqueirão e Boa Esperança, o trânsito de bicicleta foi proibido e faz um questionamento: “mas que alternativa foi dada aos ciclistas?”. Ele mesmo responde: “nenhuma!”. O prefeito acrescenta. “Nós estamos falando de localidades pobres, onde as pessoas dependem da bicicleta para se locomover”. O prefeito também abordou a velocidade com que os veículos cortam as localidades.
– Dia desses fiquei cerca de duas horas, em Boa Esperança (foto 3), observando o trânsito da ViaLagos. Chamou a minha atenção a velocidade, principalmente dos caminhões que transportam areia. Eles passam a 100 ou 120 km/hora dentro daquele trecho urbano, onde têm crianças atravessando, pessoas de idade, carros em velocidade menor... Acredito que só por Deus ainda não aconteceu uma desgraça nessas localidades (Boa Esperança e Boqueirão) – analisou.
O conselheiro Guilherme Cordeiro comentou o choque cultural que a rodovia impôs a essas localidades. “No interior o meio de locomoção é o cavalo e a carroça. Então, é comum que as pessoas usem esses meios para visitar os compadres, trabalhar, rever os amigos, ir a igreja, mas o que se percebe é que esse hábito, que é cultural, não foi respeitado. Eles não podem passar pela passarela, atravessar a rodovia é perigoso e com isso localidades irmãs foram separadas”, analisou.
Outros pontos
A construção do viaduto para ligar as localidades de Viçosa e Três Coqueiros (foto 4) também foi alvo dos comentários. De acordo com moradores do trecho, em época de feriado prolongado e em períodos como Carnaval, Semana Santa, Natal e Ano Novo, as pessoas chegam esperar 40 minutos para alcançar a pista oposta.
– Nós estamos falando de um lugar que tem linhas de ônibus regulares, um trecho onde está sendo construída uma indústria de onde sairá essencialmente caminhões pesados e em baixa velocidade (a pista é de alta velocidade), e ainda existe a possibilidade de nos próximos meses a Urbaniza lançar um loteamento também naquelas imediações – disse outro conselheiro.
Para o diretor da ViaLAgos, com o recurso de apenas R$ 120 milhões ele não reunirá condições de fazer todas essas melhorias. Ele sugere que assim como aconteceu com os debates com a Autopista Fluminense e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que contou com influência política e iniciativa popular para se conseguir a construção do viaduto do Green Valley, a Prefeitura de Rio Bonito e o Conselho de Segurança também devem usar os mesmos meios políticos para sensibilizar o governo do estado a aumentar o aporte financeiro do projeto.
Junto do prefeito e dos representantes do CCS, o diretor da concessionária preparou um esboço do que foi apontado como ideal para atender as localidades existentes ao longo da ViaLagos. Dentro das exigências ainda existe o pedido de um viaduto para a Prainha; opção de circulação para ciclistas em Boa Esperança e Boqueirão; passarelas em vários trechos; e a implantação de dispositivos eletrônicos para controle de velocidade em Boqueirão e Boa Esperança.
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