quarta-feira, 18 de abril de 2012

Casa cheia e cobranças a Justiça e ao MP marcam a reunião de abril do Conselho de Segurança

Flávio Azevedo

Casa cheia na reunião do Conselho Comunitário de Segurança (CCS) da última segunda-feira (16/04). Em dois anos de funcionamento, a reunião, realizada na localidade do Parque Andréa, no 2º Distrito, aconteceu pela primeira vez num bairro. O volume de pessoas que compareceu ao Ginásio Poliesportivo Satiro Narciso de Oliveira empolgou os conselheiros que já estão programando outra reunião itinerante, ainda sem data e local definidos.
– A presença dos senhores e das senhoras é importante. Ficamos preocupados no início, pensando que as pessoas não viriam, mas logo a população começou a chegar para fazer essa reunião uma das melhores da história do Conselho. Vamos participar, vamos reivindicar, porque a hora é essa – comentou o presidente Bruno Soares no início da reunião.

O primeiro a fazer as suas colocações foi o delegado titular da 119ª DP, Paulo Henrique da Silva Pinto, que trouxe as estatísticas do mês de março e comentou a elucidação de dois dos três assassinatos que aconteceram em Rio Bonito em fevereiro desse ano (Reinaldo Soares, Luciano Figueiredo e Floriano Lima). Sobre roubos e furtos de veículos, o delegado comentou que a polícia já constatou que esse crime está sendo praticado por pessoas da cidade “e não de fora, como geralmente ouvimos comentar”.

O delegado revelou que os crimes contra a mulher, que são punidos com a “Lei Maria da Penha”, também estão aumentando no município. Ele também cobrou a instalação de uma passarela em frente a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – onde uma pessoa já morreu vítima de atropelamento – e a linha de ônibus para o Green Valley. Ele ainda comentou a apreensão de 14 mil DVDs piratas na Praça Cruzeiro e disse que depois de um ano e dois meses a frente da 119ª DP, só agora foi possível dar destino a uma série de coisas apreendidas que existia na delegacia.

Sobre as demandas envolvendo a RJ – 124 (ViaLagos) e BR – 101 (Autopista Fluminense), o presidente Brunos Soares comentou está contato permanente com as concessionárias e as negociações estão andando. “No próximo dia 25/04 haverá uma reunião com representantes da ViaLagos, onde nós tomaremos conhecimento do projeto que eles estão preparando para a rodovia. Já o vice-prefeito Matheus Neto (PSB) comentou que “as concessionárias estão receptivas e, que, a Prefeitura vai defender acesso às comunidades lindeiras”.

Falência da Justiça

O assunto da noite, porém, foi o assalto a Padaria Nosso Pão, no Centro. O crime ocorreu no dia 28 de março, os assaltantes foram trazidos a 119ª DP dois dias depois (30/04), mas foram liberados porque não existia mandado de prisão para eles. Gerou indignação e consternação entre os presentes a informação de que nos fins de semana a comarca fica sem juiz e promotor. O delegado comentou que nesses casos existe um promotor de plantão em algum lugar, mas nem sempre ele se acha em condições de interferir.
– Pode ser alguém que lida com assuntos de família, por exemplo, mas quando chega alguma demanda da área criminal, por não estar acostumado a lidar com questões dessa natureza, ele prefere que a comarca espere o seu promotor, mas apenas na segunda-feira seguinte – ponderou o delegado, acrescentando que “apesar disso, até aquele dia, quinze dias depois do crime, o mandado de prisão contra os referidos assaltantes ainda não havia sido expedido.

Um dos conselheiros comentou que isso é reflexo da falta de representatividade política de Rio Bonito, “uma cidade que está abandonada a sua própria sorte”. Também foi colocado aos presentes que a população, sempre muito crítica em relação as polícias, Militar e Civil, deve mirar as suas críticas a ineficiência do Judiciário e do Ministério Público (MP), “que nos passam a impressão de estarem sempre de férias”.
– Hoje, uma segunda-feira, 20h30min, os senhores e senhoras estão aqui debatendo a questão da Segurança da sua localidade. O Delegado da cidade está aqui, o 35º Batalhão da Polícia Militar está representado pelo Major Otto Mannato, mas onde estão o Judiciário e o MP? Aliás, desde que o CCS foi implantado, em 2009, eles nunca participaram de uma reunião – ponderou o conselheiro destacando que isso tem que acabar, mas só acontecerá se a sociedade riobonitense se unir nessa direção.

As principais reivindicações dos moradores do Parque Andréa foram a implantação de DPO dentro da localidade e a presença mais constante da Polícia Militar, já que o mínimo de proteção que a localidade dispõe é o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), que legalmente está em Boa Esperança para atuar na RJ – 124 e não para fazer diligências nas localidades que margeiam a rodovia. O major Mannato disse que a PM estará mais presente no bairro. Sobre o DPO, porém, ele ressaltou que a falta de policiais, um assunto reclamado em todas as reuniões do CCS, impede a implantação do DPO.

O major também ressaltou a importância da colaboração da população denunciando, através do Disque Denúncia, as ilegalidades e atitudes suspeitas observadas na localidade. Ele garantiu o anonimato do denunciante e divulgou o número do telefone que está disponível para esse fim: (21) 3639 – 5815.

Um dos conselheiros acrescentou que as reclamações precisam ter outra direção e justificou o seu posicionamento. “Boa Esperança pode ter um batalhão da PM, mas caso os policiais façam uma prisão no fim de semana, os bandidos serão liberados pela porta da frente da Delegacia, porque Judiciário e MP inexistem”, ironizou.

Um comentário:

  1. Muito boa iniciativa essa reunião itinerante e o horário em que está sendo conduzida.

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