“Quem não se comunica se trumbica!”

O filósofo pernambucano, Abelardo Barbosa; que a maior parte das pessoas conhece como “Chacrinha”, cunhou o bordão “quem não se comunica se trumbica”. Por que estou escrevendo isso? Porque cada dia que passa aumenta a minha certeza de que a grande falha do governo Peixe é a falta de uma Comunicação mais assertiva com a população. E vale frisar que o prefeito Leandro Netto não é responsável sozinho por essa falha. Todos os seus colaboradores, staffs, conselheiros e equipe de confiança; estão inseridos nessa “falta de Comunicação”, principal nascedouro de boa parte das insatisfações com sua gestão.

Para entender melhor esse cenário é importante refletir a respeito da Comunicação em tempos pós-modernos. A verdade é que as sociedades interioranas ainda não entenderam a importância da Comunicação. É nítido que os adultos não conseguiram enxergar que, sobretudo as novas gerações, estão 24 horas ligadas nas redes sociais. Por falar nelas, as redes sociais, a moçada inserida na política ignora por completo que ela, as redes sociais, estão influenciando a percepção das pessoas. Seja a Política, o mundo corporativo, os usos e costumes, o comportamento, a Ciência ou a Religião... Tudo, hoje, é influenciado diretamente pelas redes sociais. O segmento que mais acusa essa fragilidade é o político, que segue preso aos anos 90 em seus discursos, práticas e modos de comunicar.

Por exemplo, no município de São Paulo, por conta da Internet, das redes sociais e de uma Comunicação assertiva, o candidato a prefeito, Pablo Marçal; está dando um show nos adversários e esculachando os profissionais de Comunicação, um bando de gente arrogante que também está presa nos anos 90, sobretudo por não aceitar que a TV, o rádio e o impresso (jornais e revistas) não têm mais a força de persuasão que tinha num passado recente.

E por ficarem brigando com as ferramentas que a Internet oferece, consumidas com avidez, sobretudo pelas novas gerações, os meus colegas jornalistas estão assessorando mal os seus clientes e chegam a cometer o desatino de apoiar censura e concordar com essa maluquice de regulação da Internet (redes sociais). O argumento pífio e descabido é o “combate Fake News”. Para quem não sabe, “Fake News” é o que nós chamávamos de “boato” na época que não havia internet. Ou seja, isso sempre existiu, a culpa não é da Internet.

Mas voltando ao governo Peixe, nessa terça-feira (03/09), eu entrevistei o secretário municipal de Saúde de Rio Bonito, Laumar Cidaco. Ficou muito nítido que alguém articulado, que tem boa argumentação, que comunica bem, não se intimida com o microfone e nem tem melindres ao ser questionado, consegue domar essa fera – existente somente na cabeça dos políticos – chamada “opinião pública”.

Nunca a Comunicação presencial entre os humanos esteve tão ruim. Essa realidade também é real na relação poder público e sociedade. A Psicologia já definiu que a falta de Comunicação entre casais é a principal razão dos divórcios. Curiosamente, essa é a principal insatisfação no casamento entre governante e governados. “Ele sumiu das ruas!”, “Vinha aqui em casa sempre, nunca mais voltou!”, “Passou por mim esses dias e não falou comigo!”... Essas queixas mostram que a Comunicação desse casal, governante e governados, não está saudável.

Assim como no casamento a falta de Comunicação faz o cônjuge enxergar defeitos que não foram percebidos no namoro, quando os diálogos eram constantes, havia maior intimidade e a temperatura do amor era alta; no casamento entre governante e governados a falta de Comunicação também faz realçar os defeitos, sobretudo porque o “Ricardão” (a oposição), o tempo todo fica assediando o cônjuge insatisfeito com promessas e a clássica frase: “você é muito especial para passar por isso... Eu cuidaria muito melhor de você!”. A metáfora que usei pode até ser engraçado para você, mas é a realidade!

Espero muito sinceramente que não só em Rio Bonito, mas no Brasil e em todos os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), a forma de enxergar a Comunicação ganhe outros contornos. Que se entenda definitivamente que os tempos são outros, que a Internet e suas ferramentas chegaram para ficar e que o aprisionamento em práticas e discursos dos anos 90 distancia a sociedade, sobretudo os mais jovens, das lideranças de qualquer segmento, porque “quem não se comunica, se trumbica!”.

Vamos em frente! #flavioazevedo