segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Bem vindos ao tempo da “mudança”!

Ao longo dos últimos anos cresce em Rio Bonito o desejo por “mudança”. Essa vontade e os discursos nessa direção ecoam mais alto nos períodos eleitorais como esse que estamos atravessando. Ao que tudo indica o “tempo de mudança” chegou. O principal indicativo disso é a presença de uma personagem política que não é riobonitense raiz participando do processo eleitoral (candidato a prefeito) com reais chances de vencer.

Para o riobonitense raiz alguém de fora participando da política local sempre foi algo inadmissível. Mas com o passar do “tempo” um processo de “mudança” foi iniciado. O primeiro nome ‘estrangeiro’ a figurar de forma significativa em Rio Bonito e quebrar esse bairrismo aconteceu com a médica veterinária, Solange Almeida; que para se inserir no cenário político de Rio Bonito precisou se travestir de riobonitense. Fixou residência no interior do município (Catimbau) e começou ajudar aquela gente que só era lembrada em período eleitoral. Solange foi percebida e abraçada por um riobonitense raiz, o ex-prefeito, Aires Abdalla; que a lançou na política.

Nesse ponto se faz necessário entender o comportamento da sociedade riobonitense. Até muito pouco tempo, para ingressar na política, no comércio ou na vida social em Rio Bonito, um ‘estrangeiro’ obrigatoriamente tinha que chegar de mãos dadas com um ‘nativo’. Sem esse “passaporte” o risco de não ser aceito pela “sociedade riobonitense” era grande. O “de fora” era submetido a uma espécie de estágio probatório. Seus interesses e objetivos eram analisados, sua linha política e pretensões investigadas. Caso ele não demonstrasse ameaça ao status quo, aos grupos e famílias dominantes e fosse entendido como alguém “controlável” estava apto a ser recebido pela “sociedade riobonitense”.

A médica veterinária, Solange Almeida; entendeu esse jogo, se mostrou dócil (os dominantes adoram esse perfil) e aproveitou um vácuo na hierarquia política (falecimento de Bidinho) para chegar a Prefeitura de Rio Bonito em 1997. Aproveitou que o saudoso, Felix Jorge; favorito naquela eleição, apresentou uma vice que não era controlável e venceu. Por conta do perfil desinteressado e aparentemente controlável, Solange conseguiu três mandatos de prefeita e inaugurou novos tempos e novas práticas na política local.

Seu grande rival, o ex-prefeito, José Luiz Antunes (Mandiocão); filho da terra, apesar de centralizador e teimoso também é controlável. Se o controle vem de pessoas da sua confiança ele nem percebe estar sendo dominado. A sociedade dominante revezou a dupla Solange/Mandiocão no comando de Rio Bonito por quase três décadas. A dupla usou práticas até então condenadas pelo riobonitense raiz. Por exemplo, trazer ‘estrangeiros’ para ocupar funções relevantes da administração pública. E o riobonitense foi acostumando com os ‘alienígenas’.
Durante esse tempo, na Câmara Municipal, nenhum estrangeiro conseguiu ser vereador. A sociedade dominante e a dupla Solange/Mandiocão sempre trabalharam para formar um Legislativo dócil, manipulável e com figuras dispostas a fazer o jogo sujo da classe dominante sem que ela aparecesse. Esse modus operandi já era prática nos tempos da dupla Bidinho/Aires e permaneceu no período Solange/Mandiocão. Ao longo de 60 anos a sociedade dominante não formou novas lideranças. Os líderes quem conseguiram superar o controle dos dominantes acabaram tendo trajetórias claudicantes, desqualificadas e por vezes sabotadas.

O estupendo pensador italiano, Nicolau Maquiavel; escreveu que “um reino dividido é fácil de ser conquistado”. Parece que depois de 60 anos alguém descobriu essa vulnerabilidade na então inexpugnável sociedade riobonitense, decidiu confrontar os dominantes, enfrentar os seus tentáculos e encarar a guarda pretoriana dos dominantes.

Independente das intenções do ‘alienígena’, esse agente externo está sendo acolhido por muitos ‘nativos’ e a culpa é da sociedade dominante. Não perca tempo culpando os políticos, porque eles, seja no Executivo e no Legislativo, são meras ferramentas da sociedade dominante. Funcionam como misseis teleguiados. A verdade é que a sociedade dominante treme diante da possibilidade de ter alguém sem amarras locais (parentesco, amizade, consideração por favores e razões inimagináveis). O estrangeiro impõe tanto medo à sociedade dominante que ela insufla suas ferramentas contra qualquer possibilidade de mudança.

Eu sinceramente não sei se vai “mudar” na eleição de 06/10/2024... Mas garanto ao amigo leitor que essa não será a última invasão “alienígena” ao território de Rio Bonito. Se não acontecer agora não é possível precisar por mais quanto tempo o “modo raiz riobonitense” vai resistir, uma vez que há décadas estamos carentes de soldados leais e lideres valorosos. Afinal, ao longo de 60 anos a sociedade dominante não permitiu a criação de bons soldados e a formação de líderes determinados e arrojados. Agora aguenta cambada! Conseguiram evitar as novas lideranças locais, mas correm o risco de perder o poleiro para os ‘alienígenas’. Vamos em frente! #flavioazevedo

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