sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Flamengo e Peñarol pela Copa Libertadores 2024 e a mídia estrábica

O Flamengo foi derrotado pelo Peñarol nessa quinta-feira (19/09), no Maracanã, em jogo válido pelas quartas de final da Copa Libertadores. O time uruguaio venceu pelo placar de 1x0. É claro que o flamenguista está “P” da vida com o resultado e os culpados começam a ser procurados e apontados. O elenco do Flamengo é superior ao do Peñarol, mas qualquer pessoa acostumada com o Futebol sabe que isso não é suficiente para ser vitorioso.

O culpado preferido para a derrocada rubro-negra dessa quinta-feira é o treinador Tite. Foi xingado no fim da partida, hostilizado pelo torcedor, execrado pelos youtubers flamenguistas no pós-jogo... Não precisa ser um analista para entender que o Flamengo não tem um bom time, apesar do elenco milionário. E aqui se faz necessário lembrar que “time” é uma coisa, “elenco” ou “plantel” de jogadores é outra. Ao longo da história do Futebol nós cansamos de ver grandes elencos que formaram times sofríveis e elencos fracos e/ou medianos que se tornaram times inesquecíveis. O próprio Flamengo tem vários desses exemplos ao longo da sua história.

Mas está na mídia, nos meus colegas jornalistas, o grande mau que por vezes aniquila o Flamengo. Está na imprensa o nascedouro do que chamo “megalomania” do flamenguista. É que a análise jornalística do time do Flamengo é desonesta, seja para criticar ou enaltecer. As contratações, os movimentos da diretoria, a vida pessoal dos atletas, tudo é sempre acima do tom. Antigamente porque queriam vender jornal, hoje, porque querem ter cliques nos sites e redes sociais.

Para colocar as coisas no seu devido lugar é preciso lembrar que no Futebol, o quesito “camisa”, “tradição”, “tamanho da torcida” são também determinantes para se alcançar vitórias. O flamenguista sabe disso. E o Peñarol não é uma baranga qualquer. É um dos grandes do Futebol sul-americano e do Futebol mundial. Esse clube foi cinco vezes campeão da Copa Libertadores (1960, 1961, 1966, 1982 e 1987) e três vezes campeão do mundo (1961, 1966 e 1982). O Peñarol é do tamanho ou maior que o Flamengo.

Todavia, como estamos falando do Flamengo, a mídia apresenta o Peñarol ao flamenguista como se fosse um clube de várzea. Galera, metade da população uruguaia torce pelo Peñarol. O Flamengo é chamado de “nação” por ser a maior torcida do Brasil, mas esse quantitativo está muito longe de ser metade do país. Já o Peñarol é a paixão de metade do povo uruguaio. Dá para perceber a dimensão disso?

Fosse o adversário do Peñarol qualquer outro time brasileiro e ele entrasse em campo com o time Sub-11, a imprensa tupiniquim iria destacar todos esses detalhes históricos do Peñarol, ressaltaria a grandeza dos uruguaios, falariam outra vez do “Maracanazo”, quando o Uruguai ganhou o Brasil na final da Copa de 1950 e criariam um clima de apreensão para o torcedor. Mas como o adversário é o Flamengo, o grande Peñarol é apresentado como se fosse uma agremiação esportiva qualquer.

Quanto ao treinador Tite, cantado em prosa e versos pela mídia, eu gostaria de revisitar a demissão do Renato Gaúcho quando esteve no Flamengo. Talvez Renato tenha sido o melhor treinador do Flamengo depois que Jorge Jesus foi embora. Teve resultados muito mais relevantes que o Tite. Conseguiu formar um bom time e perdeu aquela fatídica Copa Libertadores por falha individual de um atleta. Todavia, Renato Gaúcho gosta de usar óculos de sol, gosta de mulher e o mais grave: votou em Bolsonaro... Essas escolhas, sobretudo o voto em Bolsonaro, causam asco nas figuras que transitam na mídia. Resultado? A imprensa encheu tanto o saco, insuflou tanto o torcedor contra o Renato, que ele acabou demitido.

Já o Tite é da patota. Ao longo dos últimos anos fez várias declarações de amor ao Lula e ao PT... Atitudes que a mídia acha uma gracinha. Aliás, qualquer um que se identifica com o espectro de esquerda a velha imprensa sempre defende e/ou passa pano. Penso que somente uma hecatombe faria a mídia cavar a demissão do Tite. Inclusive, os argumentos que estão mais para “passada de pano”, por exemplo, vários atletas lesionados, jogadores estrangeiros que estão sempre servindo a seleção do seu país, já estão sendo apresentados.

Em fim, que o Flamengo reverta esse cenário e consiga superar o Peñarol em Montevidéu; que o Botafogo despache o São Paulo no Morumbi; e que o meu Fluminense supere mais uma vez o Clube Atlético Mineiro, dessa vez em Belo Horizonte. Vai ser bem bacana ver três cariocas nas semifinais da Copa Libertadores. Vamos em frente! #flavioazevedo

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