domingo, 22 de setembro de 2024

Agora, um pouco de história de Rio Bonito...

Em 1884, uma insurreição de riobonitenses e de capangas dos Portela, família dominante da sociedade riobonitense da época, retirou da cadeia pública o escravo alforriado, Manuel Samburá; e o trucidou em praça pública para vingar a morte do fazendeiro, José Fonseca Portela; assassinato por Samburá com golpes de inchada.

Samburá fugiu da cena do crime, mas havia se apresentado ao delegado, Marcírio Mendonça Santos; delatado outros três escravos que participaram do crime (Venâncio Grande, Manoel Rosa e Felipe Ingabé) e revelado  ter sido estimulado a matar José Fonseca Portela pelo agente dos Correios da localidade de Boa Esperança, José Espíndola. Mesmo assim, a revelia da polícia, o preso foi retirado da cadeia pelas pessoas de bem da ‘sociedade riobonitense’, morto e despedaçado em praça pública.

Outro fato: o meu avô contava que quando ele era criança, ele não sabia precisar a data, houve um confronto generalizado entre Batistas e Católicos no Centro de Rio Bonito. Havia uma igreja Batista no sertão da Serra do Sambê. A família do vovô e todos os vizinhos do alto da Serra do Sambê congregavam nesse templo.

“Certa ocasião, sabe?” - era assim que meu avô iniciava suas histórias - aqueles batistas vieram ao Centro de Rio Bonito. Meu avô dizia que estava acontecendo uma procissão. Por ser criança, ele não tinha lembranças exatas, mas ele acreditava ser o Dia da Padroeira de Rio Bonito (08/12), “porque era feriado (o que atraiu os sertanejos batistas para cidade) e por conta da procissão”.

Em determinado momento um daqueles batistas gritou alguma coisa pejorativa em direção a procissão. Vovô contava que essa provocação despertou a ira dos católicos e eles vieram pra cima dos batistas. Uma briga generalizada começou e os batistas (homens, mulheres e crianças) foram escorraçados serra acima. A carreira que tomaram foi até perto de seus sítios.

Se meu avô nasceu em 1902 e ele dizia ser criança na época desse fuzuê, seria razoável afirmar que esse ocorrido se deu em 1909 ou 1910, quando ele tinha entre sete e oito anos. Ele contava que aos 10 anos, em 1912, já trabalhava e ressaltava que esse fato aconteceu num tempo que ele ainda não trabalhava.

Outro fato: em 1919, na Câmara Municipal de Rio Bonito, durante uma disputa de presidência do Legislativo (à época a Câmara tinha também atribuição de poder Executivo), o capanga do coronel Ramiro Pereira, um dos postulantes à presidência, baleou e matou o vereador, Joaquim de Castro; que teria dado voto decisivo contrário a Ramiro Pereira, figura dominante da época.

Outro fato: em 1962, assaltantes do Banco Predial, localizado no Centro de Rio Bonito (Rua XV de Novembro), foram encurralados e executados um a um. Caminhões foram parados nas saídas da rua e enquanto os assaltantes tentavam fugir, de cima das casas e prédios os riobonitenses alvejaram os assaltantes. Todos foram mortos.

Fato recente: na manhã desse sábado (21/09/2024), aconteceu uma bagunça no Centro de Rio Bonito. A confusão envolveu grupos políticos e seus simpatizantes. Diante desse ocorrido chama a minha atenção a reação de algumas pessoas que certamente não conhecem com profundidade a história do município.

Assustados e com olhar de espanto, “porque Rio Bonito é terra de gente pacata e ordeira” (rsrsrsrsrs) esses desatentos a história riobonitense estão falando e escrevendo que “nunca ninguém viu isso acontecer por aqui”. Lorota! Por aqui impera o falso moralismo e um bom mocismo ‘fake’. Já vimos acontecer sim, são fatos registrados e foram coisas muito pior que essa briga de torcida que aconteceu na manhã desse sábado. Ou seja, menos, por favor! Bem menos!

Vamos em frente! #flavioazevedo

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