segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Pablo Marçal e a falência da Comunicação tradicional

Pablo Marçal é sem dúvida o fenômeno das eleições municipais de 2024. Disputando a Prefeitura de São Paulo na condição de franco atirador, ele enfrenta conglomerados político-partidários que tem ramificações nacionais. A audácia e a boa Comunicação de Marçal fizeram o país olhar para “Terra da Garoa” com interesse e curiosidade. Esperança e desconfiança também são sentimentos comuns entre aqueles que olham os movimentos do empresário. Uma vez eleito, Marçal pode se revelar um grande picareta ou consolidar-se na condição de nova liderança do espectro ideológico de direita.

Essa reflexão, porém, não tem a pretensão de endeusar ou demonizar Pablo Marçal. Escrevo essas linhas para chamar a sua atenção para o modus operandi da Comunicação do empresário e suas estratégias. A impressão que tenho é de estamos diante de um sujeito inteligente, estrategista, que pensa muito rápido e domina como poucos a nova forma de fazer Comunicação.

Destaco a maneira criativa e inovadora com que ele usa a internet e as ferramentas do ambiente virtual, por exemplo, as redes sociais. É nítido que o objetivo principal dele é comunicar-se com o eleitor de forma direta, compreensível e transformar alcance em votos. Está claro também que Pablo Marçal percebeu tendências atuais da sociedade e entendeu que comportamento (usos e costumes), nacionalismo e religiosidade; atraem a simpatia de boa parte das pessoas.

O que chama mais minha atenção, porém, é o quinhão que cabe aos jornalistas. Pablo Marçal é um dos poucos que percebeu a raiva que parte da sociedade nutre por esses profissionais. Atualmente quem enfrenta jornalistas agrada. E não há o que reclamar, porque foram os jornalistas que se meteram nessa situação. Sem nenhum constrangimento eles permitiram que suas paixões ideológicas contaminassem a notícia e o exercício da Comunicação.

Desde 2018, quando o Brasil deixou de ser ideologicamente claudicante, boa parte dos jornalistas se entrincheirou no espectro ideológico de esquerda. Dessa trincheira arquitetaram maneiras de desconstruir o que não passa pelo crivo ideológico de esquerda. Sem nenhum pudor os meus colegas apoiaram movimentos políticos que ferem cláusulas pétreas da Constituição Federal, por exemplo, o direito de ir e vir e a liberdade de expressão.

Noutros tempos, para se informar, a sociedade tinha como único caminho o rádio, os jornais, as revistas e a TV. Embora posem como concorrentes, no fundo trata-se de um consorcio empresarial de Comunicação que visa unicamente seus interesses econômicos e ideológicos. Essa postura foi assumida no período pandêmico quando formaram o “consórcio de veículos de imprensa”.

Por décadas os veículos de informação mandaram e desmandaram na política, no comportamento, na moda, nos discursos, nas preferências... Até que chegou a Internet e suas temidas redes sociais. Essa novidade tornou possível questionar pensamentos dominantes e confrontar discursos. Por outro lado, Internet e redes sociais possibilitaram a desconstrução de oráculos (marcas, coisas e pessoas) que nada mais eram que produtos midiáticos.

Encastelados em suas ideologias e modo de enxergar a existência, a maior parte dos jornalistas está vendo esvair pelos dedos a credibilidade. As redes sociais acabaram com a aura de divindade desses profissionais. Aliás, quanto mais relevante é o empregador mais pedante é o sujeito.

A verdade é que Pablo Marçal está deitando e rolando sobre a teimosia e arrogância dos meus colegas jornalistas, hoje, trocados aos borbotões por ‘youtubers’ e ‘influencers’. Outra verdade é que a corrida eleitoral de São Paulo está mostrando um caminho e para percorrer basta não brigar com os fatos.

Os paradigmas mudam, mais os meus colegas não. Pelo contrario. A maioria se aliou ao pensamento ultrapassado e antidemocrático. É impressionante ver jornalistas tentando nos convencer de que “precisamos regular as redes sociais”, “por limites a Internet” e “plataformas devem ser empasteladas”, simplesmente por primarem pela liberdade de expressão e permitir que pensamentos antiquados a modernidade sejam confrontados. A estratégia derradeira e desesperada é provar que somos néscios e que não temos condições de usar o cérebro sem que tenhamos um oráculo dizendo “saiba porque isso é bom”.

Vamos em frente! #flavioazevedo

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