domingo, 16 de fevereiro de 2020

A volta do eleitor safado e a ressurreição do eleitor pidão

Flávio Azevedo
Por conta do ano eleitoral giram pelas redes sociais vários memes e piadas sobre “a volta dos políticos”, a “ressurreição dos vereadores” etc. Estou esperando quem vai criar o meme que fala da “volta do eleitor safado” e da “ressurreição do eleitor pidão”. Explico. Ontem, enquanto conversava com um amigo que é pré-candidato a vereador em Rio Bonito, alguém se aproximou e antes de desejar boa tarde falou com ele: “rapaz foi bom te encontrar. Já que você é candidato, eu vou precisar...” e fez lá uma proposta indecente.

Conhecedor da minha linha de pensamento sobre esse tipo de negociação, eu percebi que o pré-candidato ficou constrangido, desconversou, tentou remarcar a conversa para segunda-feira, mas o inconveniente pidão insistiu. Disse que era urgente ser atendido e deixou claro que por morar num quintal cheio de casas e pessoas, não seria inteligente deixar de atendê-lo. Não satisfeito e com aquele tradicional ar de “líder do quintal”, o eleitor vagabundo explicou que já tinha conversado com um vereador de mandato, com outros dois pré-candidatos e estava esperando a resposta.

Tenho grande desconfiança que ele não conversou com ninguém e estava jogando um “H” para fazer o meu inocente amigo pré-candidato cair na dele. 

Caros pré-candidatos, cuidado com as promessas do eleitor safado. Cuidado com o sujeito que está posando de inconformado, mas que na véspera da eleição, quando passa a Kombi da Madrugada, ele milagrosamente é convencido a votar no pessoal de sempre e você fica igual um trouxa achando que ele vai votar em você "porque quer mudança".

Muitos amigos tentam me convencer a não publicar e falar verdades (esse texto é um deles). Eles dizem que na condição de pré-candidato a vereador, “as verdades que publico afasta o eleitor”. Eu fico pensando nessa hipocrisia que permeia o caminhar do político. Vejo reclamações veementes a respeito do cínico “tapinha nas costas”, mas se o candidato não dá o tal tapinha ele é “antipático”. Dizem que precisamos de pessoas verdadeiras na política, mas ao mesmo tempo quem fala a verdade "assusta o eleitor". Querem mudar os vícios da máquina pública, mas sem abrir mão do “jeitinho brasileiro”. Como assim?

Bem amigos, nesse ano eleitoral, façamos um favor a nós mesmos. Vamos deixar a hipocrisia de lado, porque essa consciência social e política que vemos por aí só existe no mundo virtual. No mundo real o que prevalece é o “vai me dar o que para votar em você?”. Sejamos pragmáticos e vamos em frente, porque está dando preguiça esse papinho de mudança que sabemos ser apenas jogo de cena de uma grande quantidade de malandros! #flavioazevedo

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