Flávio Azevedo
No coreto do Mercado
Municipal, os integrantes do Lua Branca relembraram os velhos carnavais.
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No pré-Carnaval de Rio Bonito,
comemorado no último dia 22 de fevereiro, no Mercado Municipal, o Grupo de
Serenata Lua Branca promoveu o evento “Era Assim o Carnaval dos Nossos Pais”.
Além de embalar os presentes com as imortalizadas marchinhas de Carnaval, os
integrantes do grupo ofereceram mais um tributo ao saudoso músico riobonitense,
Mauro Prevot. Eles vestiam camisetas onde se via estampada, uma foto de Mauro,
líder do grupo que faleceu em dezembro de 2012. A partida prematura de Mauro
Prevot deixou, no cenário artístico e cultural de Rio Bonito, uma lacuna que
jamais será preenchida.
– Nós o chamávamos de Dr. Mauro, por
causa da sua atividade de juiz, mas sempre percebemos que ele se sentia muito
mais a vontade quando era classificado como músico e como agente de promoção
cultural. Por isso, eu creio que essa homenagem e a manutenção desse evento
aqui no Mercado Municipal é uma iniciativa acertada – ponderou o aposentado
Reginaldo Gonçalves que prestigiava o evento.
Morador de Niterói, mas apaixonado por
Rio Bonito, o aposentado comenta que desde que o Lua Branca começou a realizar
os eventos carnavalescos no Mercado Municipal ele não perdeu uma edição. “Tinha
ocasiões que eu não podia vir, porque era dia de semana, eu tinha outros
compromissos, mas eu não podia deixar de comparecer”, disse o aposentado,
frisando que outras programações feitas pelo Lua Branca na Sociedade Musical e
Dramática Riobonitense também contavam com a sua presença.
“A
mudança do Carnaval é uma incógnita”
Sobre o criticado Carnaval de Rio
Bonito, o aposentado faz uma análise dos festejos e comenta que vê muita gente
reclamar, com razão, a falta de incentivos para os festejos e lembra que “nós
devemos nos habituar a certas mudanças”.
– Sempre fico em Rio Bonito no
Carnaval. Tenho amigos e parentes por aqui e o meu destino, no Carnaval, é Rio
Bonito, cidade que eu gosto muito. Lembro que há muitos anos os festejos por
aqui eram muito concorridos. O meu filho, por exemplo, conheceu a sua esposa
num Carnaval de Rio Bonito. A impressão que eu tenho é que só reclama do
Carnaval daqui quem é da cidade, porque eu sou de fora e acho tudo aqui muito
legal – analisa.
Ainda sobre os festejos de “Momo” em
Rio Bonito, o aposentado faz um questionamento curiosa, que outros já fizeram,
mas ninguém consegue responder.
– Sempre que chego a Rio Bonito para
passar o Carnaval eu encontro as pessoas reclamando do Carnaval, que em algumas
oportunidades está melhor, mas sempre no mesmo nível. Eu sempre me pergunto: quem
seriam os culpados pelo desaparecimento daquela antiga festa? Os nossos
governantes, os foliões, as agremiações carnavalescas ou todos esses? –
analisa.
Sentado numa das mesas do Mercado
Municipal, o aposentado toma uma cerveja e come uns petiscos. Num primeiro
olhar, ninguém imaginaria que aquele homem, de aparência simples e vestimentas
comuns, é um economista. A nossa reportagem também não imaginaria que uma
pequena pergunta (o que o senhor está achando do evento?), se tornaria uma
conversa, que renderia uma entrevista e se tronaria uma matéria tão
interessante.
Concluindo a sua análise, o aposentado
volta a falar do comportamento dos foliões. De acordo com ele, “assim como ele,
todo Carnaval, viaja para Rio Bonito, as pessoas de Rio Bonito, no Carnaval, se
dirigem para outros centros”. Ele comenta que essa é uma tendência das cidades
maiores, dos municípios que estão crescendo “e não há o que fazer contra isso”.
– As pessoas, hoje, têm outras
preferencias, a vida ficou mais fácil para todo mundo. As distâncias se
encurtaram. Hoje, você paga um pacote de viagem com um ano de antecedência e, no
Carnaval, você viaja. Qualquer um pode fazer isso ou ir para Região dos Lagos
na casa de amigos – pondera.
O aposentado também
pede uma análise do evento promovido pelo Lua Branca. “A Prefeitura poderia ter
cuidado para oferecer uma festa mais organizada? Poderia. O lugar poderia estar
decorado com mais esmero? Poderia. Mas cadê as pessoas? O ambiente está ótimo,
não tem música Funk tocando, as marchinhas são maravilhosas, mas cadê as pessoas?
Bem, não vieram por que têm outras prioridades e isso não é culpa de ninguém”,
finaliza o aposentado prometendo estar novamente em Rio Bonito em 2015.
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