Flávio Azevedo
Chocolates, ovos de Páscoa, canjica, queijos, vinhos, peixes
como, por exemplo, o bacalhau, são alimentos típicos da Semana Santa. Mas o que
é a Semana Santa? São os últimos sete dias da Quaresma. E o que é Quaresma?
Trata-se de um período religioso católico-cristão, que começa na Quarta-Feira
de Cinzas e termina no Domingo de Páscoa. Mas, e o que é tudo isso? Bem,
primeiro vamos salientar que os símbolos sem significado, o comércio fez
questão de massificá-los. Já os símbolos importantes são abordados superficialmente.
De acordo com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), a Quaresma surgiu entre os católicos por volta do ano 350 D.C. e
compreende os quarenta dias que antecedem a ressurreição de Jesus Cristo, que
se comemora no Domingo de Páscoa. Nesse período, o católico deve comparar a sua
vida com a de Cristo, inclusive se está praticando os exemplos deixados por
Ele.
A celebração da Semana Santa começa no Domingo de Ramos. A
história conta que os judeus pensavam que a missão de Jesus era libertá-los do
domínio romano. Por isso, na sua chegada a Jerusalém, as pessoas jogavam ramos
aos seus pés, como se ele fosse um rei. Esse domingo pretende rememorar esse
acontecimento. Na quinta-feira seguinte, Jesus participou de uma ceia com os
discípulos, e os católicos celebram também nesse dia, a Ceia do Senhor, que
também é conhecida como Lava Pés. Naquela noite, Jesus foi preso e no dia
seguinte, sexta-feira, depois de muito suplício foi crucificado e morto, às 15
horas. Isso explica porque na Sexta-Feira comemora-se a Sexta-Feira da Paixão.
No dia seguinte é o Sábado de Aleluia. Durante a noite, o
costume é celebrar a Vigília Pascal, também conhecida como a Missa do Fogo.
Nela o Círio Pascal (vela) é aceso e resulta em cinzas, significando que o
homem veio do pó e ao pó voltará. Também no Sábado de Aleluia é o dia de malhar
o Judas. Um momento almejado por todos devido a diversão que envolve o
simbolismo. Convém lembrar, que Judas foi o discípulo de Jesus que traiu o
Mestre ao vendê-lo por 30 moedas de prata. Cheio de remorso, Judas se enforcou
no Campo Acéldama. Representando esse sofrimento de Judas, um boneco de pano
recheado de bombinhas é confeccionado. Depois disso, esse boneco é pendurado,
surrado e queimado pela população. Os rituais se encerram no domingo, data da
ressurreição de Cristo, com a Missa da Páscoa.
Entretanto, judeus e protestantes em geral, utilizam a data
somente para aproveitar a receptividade das pessoas à religião. Para esse
grupo, a origem da Páscoa está no capítulo 12, do livro de Êxodo, que narra a
luta dos descendentes de Jacó (israelitas) para deixarem o Egito. A bíblia
narra essa história, dizendo que os hebreus foram escravos na terra dos faraós
por 430 anos. Passado esse tempo, Deus levantou Moisés para libertar o povo,
que só foi liberado depois que 10 pragas castigaram os egípcios. A Páscoa teve
relação com a décima praga, que consistia na morte de todos os primogênitos,
inclusive dos animais.
A forma de evitar a visita do Anjo Destruidor era
simplesmente uma questão de fé. O chefe da casa deveria sacrificar um
cordeirinho, que seria assado e comido com ervas amargas e pão sem fermento.
Além disso, o sangue do cordeiro deveria ser borrifado nos umbrais da porta,
porque a instrução do Anjo Destruidor era poupar as casas que apresentassem
esse sinal. O nome Páscoa foi dado a celebração religiosa anual, que era
realizada entre os hebreus, para lembrar o dia da libertação do cativeiro
egípcio. As ervar amargas simbolizava a amargura da escravidão e o pão sem
fermento uma vida sem pecado.
Mas o principal simbolismo da festividade era o cordeiro
sacrificado, que significava Jesus, o Filho de Deus, que morreu para salvar a
humanidade separada de Deus pelo pecado. Convém ressaltar, que essa conclusão
final, não é compartilhada pelos judeus, que não reconhecem Jesus como o
salvador do mundo. Além disso, também convém lembrar que sorrateiramente, o
coelho substituiu o verdadeiro símbolo da ocasião, que é o cordeiro.
Anos mais tarde, o capitalismo a fim de captar dinheiro
introduziu a figura do ovo, do coelho de Páscoa e do chocolate. O ovo é um
significado antigo, que simboliza nascimento ou vida nova. Daí sua associação à
Páscoa: a Ressurreição de Jesus também indica o princípio de uma nova vida e a
redenção da humanidade. Os egípcios e persas costumavam tingir ovos com as
cores primaveris e os davam a seus amigos. Os persas acreditavam que a Terra
saíra de um ovo gigante. Portanto, essa comemoração não é do cristianismo.
Por ser um dos primeiros animais que aparecem depois de um
longo e tenebroso inverno, o coelhinho de Páscoa simboliza a mudança de
inverno, onde a natureza está murcha, para a primavera, onde a vida já
renasceu. Além disso, como os coelhos são animais que se reproduzem com
facilidade e em grande quantidade, resolveram em determinada época da Idade
Média, associar o animalzinho a ressurreição de Jesus – que veio restaurar a
relação rompida entre a humanidade e Deus. Esse coelho também é um sincretismo
religioso.
O componente mais concorrido da Páscoa é o “Theobroma”, nome
dado pelos gregos ao alimento que conhecemos como chocolate, que era chamado de
“alimento dos deuses”. Já para os Maias e Astecas, o chocolate era tão sagrado
quanto o ouro. Eles acreditavam que o alimento possuía poderes afrodisíacos e
aumentava o vigor de quem os utilizava. Por isso, ele geralmente era reservado
aos governantes e soldados. Com a consolidação do capitalismo, o chocolate
tornou-se uma da suas grandes ferramentas de consumismo, que tratou de
comercializar o produto. A superstição desses povos foi transformada em certeza
nos tempos modernos, quando a ciência constatou o poder energético do alimento.
Independente da interpretação de cada um, que nessa Semana
Santa nós possamos refletir sobre a importância da fraternidade em nossas
vidas. Que o exemplo deixado pelo Cordeiro de Deus, sacrificado por mim e por
você, no Monte Calvário, em Jerusalém, nos oriente em nossas decisões de cada
dia. Boa Páscoa!
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