Flávio Azevedo
Por volta das 18h dessa quinta-feira (10/04), eu conversava
com amigos que, diante da precoce eliminação de Flamengo e Botafogo, na Copa
Libertadores, mostravam-se céticos ao analisar a classificação do Fluminense
para a próxima fase da Copa do
Brasil. Pois bem! Nessas conversas eu descobri o episódio da agressão ao
atacante da seleção brasileira e do Fluminense, Fred. Segundo os relatos, o
atleta foi encurralado e ameaçado por marginais que se dizem torcedores.
Diante desse lamentável episódio, que
como disse Fred após o jogo, “são fatos desagradáveis que estão acontecendo em
vários clubes do país”, eu faço aqui a minha homenagem ao atacante, que espero
estar guardando os seus melhores momentos para a Copa do Mundo.
Também volto a dizer aqui, que esses bandidos
travestidos de torcedores deveriam ser banidos do futebol. E juntos com eles os
crápulas, travestidos de dirigentes, que bancam esses criminosos. Sim! Esses
elementos (bandido/torcedor e crápulas/dirigentes) são criminosos e não fariam
falta alguma no mundo dos viventes.
Precisamos aprender a torcer, rivalizar
e a entender as derrotas. Qual o problema de ser eliminado pelo Vasco? Seria
vergonhoso perder a vaga para o modesto Horizonte, do Ceará? Sim, mas não
podemos esquecer que o time cearense é defendido por homens, pessoas
trabalhadoras, gente que está ali para dar o seu melhor por aquele clube.
No esporte, uma hora você perde, outra
você ganha e em outro momento você empata. O que não cabe, nunca, no esporte é
a violência, o preconceito e a safadeza, termo que utilizo para identificar a
ação de dirigentes e marginais que se dizem torcedores do Fluminense ou de
outro qualquer clube.
Ao nosso capitão Fred, obrigado pelo
carinho que demonstrou, no término do jogo de hoje, aos TORCEDORES do Fluminense.
E fica aqui o meu recado: ande com seguranças, que eles estejam bem armados, e
que usem sem fazer cerimônia os seus os seus instrumentos de trabalho, a hora
que esses marginais travestidos de torcedores se aproximarem de você!
E não estou sendo contraditório, porque
quando Fred foi abordado pelos marginais, ele estava no seu momento de
"cidadão comum". Sendo assim, cabia a ele sim se defender e proteger
a sua integridade física e os seus bens.
Manifesto
contra as torcidas organizadas
Em entrevista ao Esporte Espetacular do dia 14/04, o atacante Fred se emociona ao falar do momento de oração antes dos jogos contra a violência (Foto: Sidney Garambone). |
Após o
"recado" dado no último fim de semana - quando um bando de marginais,
travestidos de torcedores, foi para a porta das Laranjeiras ameaçar os
jogadores do time -, o futebol brasileiro está prestes a viver mais uma
tragédia anunciada nesta quinta-feira, caso o Fluminense não elimine o
Horizonte pela Copa do Brasil.
Sábado
passado, ao sair do meu trabalho, me deparei com cerca de 20 desocupados
rodeando meu carro em cima do passeio, praticamente dentro do clube. Os cinco
seguranças do time até tentaram conter a fúria desses bandidos… Mas foi em vão!
Minha reação, e única defesa, foi acelerar o carro, mesmo correndo o risco de
machucar quem estivesse na frente, tendo em vista que começaram a bater no
vidro e na lataria do meu veículo. Pra completar, quase provoquei um acidente,
pois vinha um caminhão e não vi. Graças a Deus, nada de mais grave aconteceu.
Fui
embora indignado, revoltado, pensando se realmente vale a pena tanto esforço e
dedicação diários para esse clube que aprendi a respeitar e a gostar. Só no
domingo me dei conta de que apenas 20 pessoas (geralmente, as mesmas) estavam
matando a minha vontade de dar alegria a milhões de torcedores de verdade,
aqueles que vibram com as conquistas e sofrem com as derrotas, mas sem partir
pra agressão, pois entendem que nem sempre é possível vencer. Em 2011, vivi uma
situação parecida aqui mesmo no Fluminense e, desde então, optei por não
aceitar esse tipo de intimidação.
Esse
bando de à toa deveria se reunir para protestar contra a falta de segurança
pública, educação, saneamento básico, saúde… Ameaçar não trabalhadores e
pessoas de bem como eu, mas, sim, os políticos COMPROVADAMENTE corruptos. Eles
prestariam um serviço muito maior à sociedade. Mas, em vez disso, surgem do
nada às 15h30 de uma quinta-feira - como ocorreu na semana passada - para
xingar atletas. Isso quando não conseguem o número do telefone dos jogadores e
ficam mandando mensagens com ameaças de morte.
Quantos
"Kevins" ainda terão de pagar com suas próprias vidas? Quantos
centros de treinamentos terão de ser invadidos? Mais quantos inocentes terão de
ser espancados até a morte? Ou será que somente quando um jogador for espancado
alguma providência mais enérgica e eficaz será tomada contra esses bárbaros?
Ficam as perguntas. O esvaziamento dos estádios de futebol não pode ser uma
mera coincidência. As bandeiras que antes tremulavam nas arquibancadas hoje se
transformaram em armas brancas nas mãos desses bandidos.
Quando
a imprensa publica tais atos de agressão e vandalismo cometidos pelas organizadas,
essas matérias são exibidas entre elas como troféus e, quem os pratica, são
tratados como “heróis” internamente. O enfoque deveria ser outro. É preciso
questionar os prós e os contras dessas facções, que exploram de maneira ampla a
imagem dos times sem pagar royalties; são as principais responsáveis pelas
mortes nos dias de jogos e perdas de mandos de campo por seus times; possuem
marginais infiltrados; afastam os verdadeiros torcedores dos estádios; e que,
por fim, ganham ingressos e até transporte gratuito das diretorias da maioria
dos clubes, que insistem em manter uma relação obscura com esse tipo de
organização.
Resumindo,
na minha opinião, os integrantes de torcidas organizadas não têm direito sequer
de reclamar quando o time perde - tendo em vista que nem ingresso eles pagam -,
quanto mais de agredir ou intimidar jogadores. Ser membro de torcida organizada
no Brasil já virou profissão, meio de vida. Há casos de presidentes de facções
que se elegem ou conseguem cargos políticos.
Lutarei
com a arma que tenho. Por isso, a partir de hoje, as comemorações dos meus gols
não serão mais para as torcidas organizadas. Meus gols serão dedicados
exclusivamente aos verdadeiros torcedores do Fluzão, a não ser que a lei seja
mais rigorosa ou os responsáveis por essas facções revejam o papel que elas
deveriam exercer, que é apoiar o time do coração incondicionalmente,
principalmente nos momentos de dificuldade, pois é quando mais precisamos de
incentivo.
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