segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Parar de fumar é uma das promessas do Ano Novo

Flávio Azevedo

Entre as muitas promessas que se faz no início de um Ano Novo está parar de fumar, iniciativa que pode contribuir para a longevidade e, naturalmente, garante mais saúde ao cidadão. Contudo, se manter longe do cigarro é uma meta que deve ser bem planejada para que o fumante não sofra com a “abstinência”. Vale ressaltar que as estatísticas sobre o hábito de fumar em todo mundo são assustadoras. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), diariamente 100 mil crianças tornam-se fumantes em todo o planeta. A OMS afirma ainda, que anualmente cinco milhões de pessoas morrem por conta do fumo.

Outra alarmante estatística da OMS é que se o uso do de cigarros, charutos e cachimbos continuar, em cerca de 20 anos o número anual de mortes por problemas causados por esse hábito pode chegar a 10 milhões. A organização também informa que o fumo é uma das principais causas de morte evitável. Estudos da OMS apontam que um terço da população mundial adulta (1,3 bilhão de pessoas) fuma. Ou seja, cerca de 47% da população masculina e 12% da população feminina.

Outro fator preocupante é que informação e nível cultural nem sempre são suficientes para evitar que a pessoa deixe o fumo ou não comece a fumar. Nos países em desenvolvimento, os fumantes somam 48% dos homens e 7% das mulheres. Já nos desenvolvidos, curiosamente, o número de fumantes do sexo masculino diminui (42%) e do feminino mais do que triplica (24%). No Brasil, uma pesquisa do Ministério da Saúde, através do Instituto Nacional de Câncer (Inca), indica que 18,8% da população brasileira é fumantes, sendo 22,7% homens e 16% mulheres.

O que fazer

Especialistas aconselham os fumantes que querem abandonar o hábito a determinar uma data para largar o vício. O “desmame”, como define alguns profissionais de saúde, pode ser imediato ou gradual. O método mais recomendado é a “parada imediata”. O fumante marca uma data e a partir do dia determinado não fuma mais. Contudo, essa maneira pode trazer sequelas, sobretudo para pessoas que fumam há muito tempo ou fumam muitos cigarros num único dia.

O fumante, porém, pode optar por parar aos poucos, o que ele faz reduzindo o número diário de cigarros ou retardando a hora do primeiro cigarro do dia. No entanto, especialistas no assunto comentam que o fumante não deve gastar mais de duas semanas na diminuição do cigarro, porque essa demora pode ser uma maneira de adiar a decisão de deixar o hábito de fumar.

Outras correntes que tratam do assunto destacam os efeitos da “abstinência”, que podem ser muito fortes se a pessoa, por exemplo, fuma três ou mais carteiras de cigarros por dia (cerca de 60). Por isso, a dica é retirar um cigarro a cada dia, o que impede os efeitos da “abstinência”, que são sintomas como ansiedade, inquietação, sonolência ou insônia e até constipação intestinal (prisão de ventre).

Fumar cigarros de baixos teores para diminuir o impacto das suas substâncias no organismo não é uma boa alternativa, porque qualquer fumaça aspirada também faz mal à saúde. Desconfiar de métodos milagrosos para deixar de fumar também é importante e caso a pessoa tenha dificuldade para deixar o hábito, o que é normal, porque o cigarro têm substâncias que viciam e causam dependência, procure orientação médica e grupos de ajuda.

O cigarro

A fumaça do cigarro tem mais de 4,7 mil substâncias tóxicas. O alcatrão, por exemplo, é composto de mais de 40 compostos cancerígenos. Já o monóxido de carbono (CO) em contato com a hemoglobina do sangue dificulta a oxigenação e, consequentemente, ao privar alguns órgãos do oxigênio causa doenças como a aterosclerose (que obstrui os vasos sanguíneos). A nicotina é considerada pela OMS uma droga psicoativa que causa dependência. Ela também aumenta a liberação de catecolaminas, que contraem os vasos sanguíneos, aceleram a frequência cardíaca, causando hipertensão arterial.

Efeitos do fumo

O hábito de fumar está relacionado a mais de 50 doenças, sendo responsável por 30% das mortes por câncer de boca, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença do coração, 85% das mortes por bronquite e enfisema, 25% das mortes por derrame cerebral.

Segundo dados do Inca, o tabaco também tem relação com a impotência sexual e infertilidade masculina, porque prejudica a mobilidade do espermatozoide. Os mesmos prejuízos também são atribuídos ao cachimbo e ao charuto. Apesar de não serem tragáveis, possuem uma concentração de nicotina maior, que é absorvida pela mucosa oral.

O passivo (que aspira a fumaça do cigarro expirada pelo fumante) também aumenta os riscos de doença. Sete não fumantes morrem por dia em consequência do fumo passivo. O tabagismo passivo aumenta em 30% o risco para câncer de pulmão e 24% o risco para infarto. Os tratamentos mais eficazes unem apoio medicamentoso com mudanças de hábitos. 

Estudos indicam que cada tragada contem 4.730 substâncias e, com o tempo, o corpo do fumante passa a precisar do cigarro para funcionar. Quando se retiram essas substâncias, particularmente a nicotina, o corpo vive uma espécie de curto-circuito e entra em “síndrome de abstinência”.

Psicólogos apontam que um dos efeitos do cigarro é que o fumante o transforma numa ferramenta de apoio, que passa a fumar mais quando está estressado, triste ou solitário. O fumante também passa a ter o seu comportamento determinado pelo vício. Há momentos em que o hábito de fumar é automático, mas geralmente ele está presente depois da refeição, do cafezinho, após usar o banheiro, quando o fumante acorda etc.

OBS: Para obter informações sobre tabagismo, consulte o site do Inca (http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/inca/portal/home), órgão do Ministério da Saúde que é responsável por coordenar e executar o Programa de Controle do Tabagismo no Brasil.

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