Flávio Azevedo
Aconteceu de novo! Nessa sexta-feira (14/06),
por volta das 17h, metade da cidade ficou às escuras. O apagão, que começava no
bairro Caixa D’Água, atingiu toda Serra do Sambê e terminava no Green Valley.
Até a Delegacia Legal e o Fórum estavam no escuro. Conversando com o comerciante
Dudu da Batata, que comercializa batatas fritas nas imediações da Praça Fonseca
Portela, ele reclamou que não conseguiu trabalhar, porque quando foi possível
ligar o seu maquinário o relógio marcava 22h. “Até aquecer a gordura, já
estaria na hora de ir embora pra casa”, disse o comerciante que lamentou a
perda de um dia de serviço.
Diante desse cenário que,
infelizmente, já está se tornando corriqueiro, apontar as razões dos apagões (motivados
por histórias vexatórias, absurdas e escandalosas) é ‘perda de energia’. É mais
produtivo pensar alternativas, por exemplo, a Energia Solar. Num país tropical
e ensolarado como o Brasil, o uso dessa matriz energética pode ser a solução
para uma série de problemas, entre eles os apagões e picos de energia.
O poder público municipal poderia criar
um mecanismo de descontos em impostos para estimular o cidadão a optar por esse
investimento. A própria Prefeitura Municipal, que vive as turras com a Ampla,
inclusive, com cortes de energia, também deveria fazer esse investimento. Quanto
o prédio da Prefeitura poderia captar de energia solar? Escolas municipais, postos
de saúde e outros setores do município também poderiam ser movidos pela energia
solar. A Ampla não seria dispensada, mas se exigiria bem menos dela.
Sentar para pensar esse projeto é
difícil? Claro que não! O problema, porém, é tomar decisões arrojadas que
coloquem o município no caminho da modernidade. Contudo, com a criação das Secretarias
Municipais de Projetos, Gestão e Desenvolvimento Econômico, temas dessa
natureza precisam estar constantemente na pauta, que também interessa as
secretarias de Fazenda e o Meio Ambiente.
A título de sugestão, por exemplo, algumas
obras da Prefeitura, como o segundo bloco do Centro Administrativo que está
sendo erguido na Praça Cruzeiro, poderia ser, seguramente, abastecido com
Energia Solar. Na Mangueira, a falta de energia elétrica é um dos motivos para
que o posto de saúde, inaugurado às pressas pelo governo Mandiocão, não esteja funcionando.
Se essa alternativa fosse pensada, o prédio não estaria no escuro.
Exemplos
Quando se fala em Barcelona,
logo se lembra do time que conta com o envolvente futebol do argentino Lionel Messi.
Contudo, Barcelona foi a primeira cidade europeia a ter uma Lei de Energia
Solar Térmica. Ela entrou em vigor em 2000 e tornou obrigatória a utilização da
energia solar no abastecimento de 60% da água quente utilizada em todas as
novas construções e edifícios reformados.
Esta mudança
aplicou-se, então, aos novos edifícios ou construções, às reformas de edifícios
ou construções, à mudança no uso de todo o edifício ou construção, às
residências, à saúde, aos esportes, ao comércio, ao setor industrial (em casos
de utilização de água quente no processo industrial ou em chuveiros) e qualquer
outro uso que implica a presença de salas de jantar, cozinhas ou lavanderias
coletivas.
Possibilidade
que temos
Os simpatizantes do prefeito José Luiz
Antunes cantam em prosa e versos que ele ergueu, em oito anos, seis ginásios
poliesportivos. Realmente um feito, mas se esses espaços fossem abastecidos com
Energia Solar (cobertura é o que não falta para a captação dessa energia), o
prefeito teria que ser, obrigatoriamente, colocado na fila dos gestores que
estão de olho na modernidade e no desenvolvimento sustentável. Não foi, porém,
o que aconteceu.
A Escola Municipal Maurício Kopke, na
entrada da Caixa D’Água, um prédio de estrutura arrojada, também poderia
receber o mesmo investimento. Aliás, o novo prédio do Colégio Municipal Dr.
Kingston de Souza Motta, no Parque Andréa, 2º Distrito, como sequer saiu do
chão, poderia ser abastecido por energia solar.
Energia solar
Em
apenas um segundo o sol produz mais energia (internamente) que toda energia
usada pela humanidade desde o começo dos tempos. Segundo especialistas, a energia
que a terra anualmente recebe do sol representa mais que 15 mil vezes o
consumo mundial. Considerando que a energia solar está disponível gratuitamente,
por que o seu aproveitamento ainda é tão limitado? Vale lembrar que essa matriz
energética pode ser a grande solução para os problemas do setor. Apesar
de todas as vantagens, também existe desvantagens. Conheça algumas delas:
.
Vantagens
*A energia
solar não polui e a poluição decorrente da fabricação dos equipamentos para o
seu emprego, como os painéis solares, é totalmente controlável utilizando as
formas de controle existentes atualmente.
*As
centrais necessitam de manutenção mínima.
*A cada dia
os painéis solares são mais potentes e mais baratos. Isso torna a energia solar
uma solução economicamente viável.
*A energia
solar é excelente em lugares remotos ou de difícil acesso, pois sua instalação
em pequena escala não obriga grandes investimentos em linhas de transmissão.
*Em países
tropicais, como o Brasil, a utilização da energia solar é viável em
praticamente todo o território, e, em locais longe dos centros de produção
energética sua utilização ajuda a diminuir a procura energética e
consequentemente a perda de energia que ocorreria na transmissão.
Desvantagens
*Existe
variação nas quantidades produzidas de acordo com a situação climática, além de
que durante a noite não existe produção alguma, o que obriga a que existam
meios de armazenamento da energia produzida durante o dia em locais onde os painéis
solares não estejam ligados à rede de transmissão de energia.
*Países localizados
em latitudes médias e altas (Finlândia, Islândia, Nova Zelândia e Sul da
Argentina e Chile) sofrem quedas bruscas de produção durante os meses de
Inverno devido à menor disponibilidade diária de energia solar. Locais com
frequente cobertura de nuvens (Londres) tendem a ter variações diárias de
produção de acordo com o grau de nebulosidade, mas nós estamos no Brasil.
*As formas
de armazenamento da energia solar são pouco eficientes quando comparadas, por
exemplo, aos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), e a energia
hidroelétrica (água).
*Os painéis
solares têm um rendimento de apenas 25%.
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