Após quase
sete horas de manifestação, o Batalhão de Choque da Polícia Militar encerrou o
ato contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro, por volta
das 23h45 desta segunda-feira (17). O protesto, que reuniu 100 mil pessoas,
começou pacífico, mas um pequeno grupo protagonizou atos de vandalismo, transformando
o Centro da cidade num verdadeiro cenário de guerra. Sete pessoas foram
baleadas com armas de fogo. Dez pessoas foram presas. Pouco antes de 1h, a
Polícia Civil iniciou a perícia no prédio da Alerj.
Um grupo
menor com camisetas amarradas no rosto ateou fogo e depredou prédios
históricos, como o Paço Imperial e a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Pelo menos 27 pessoas, entre manifestantes e policiais, ficaram feridos.
Durante o tumulto, cerca de 80 PMs se refugiaram no prédio da Alerj. O grupo
saiu apenas com a chegada do Batalhão de Choque. Uma tropa da PM vai reforçar a
segurança do prédio durante a madrugada.
A
prefeitura do Rio informou que “considera legítimo o direito de as pessoas
protestarem contra o que não acham correto no governo”. E afirmou ainda “que
está disposta a dialogar com os manifestantes, mas que nenhuma liderança do
movimento havia se apresentado para negociar”. O governo do estado informou que
não vai se manifestar.
Os sete
baleados por arma de fogo foram levados para o Hospital Souza Aguiar, no
Centro. Duas das vítimas foram identificadas como Leonardo Costa da Silva e
Leandro Silva dos Santos, este liberado ainda na noite de segunda. Ambos foram
atingidos na perna. Uma terceira vítima de um projétil não teve a identificação
autorizada pela família. Os outros nomes não foram divulgados pela Secretaria
municipal de Saúde. Estudantes de medicina fizeram uma força-tarefa para ajudar
nos primeiros-socorros dos feridos.
Tiros e
violência
Às 19h55,
um pequeno grupo começou a jogar pedras em direção aos policiais militares, que
revidaram com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
Com o avanço inicial da PM, a multidão recuou. Quando a fumaça de gás baixou, o
pequeno grupo avançou violentamente contra os policiais, que se refugiaram nas
escadarias da Alerj. Além de pedras, o grupo atacou com fogos de artifício e
coquetéis molotov.
Acuados e
aparentando estar sem munição, os policiais entraram na Alerj e tentaram
bloquear a entrada do edifício com os escudos. O pequeno grupo avançou,
carregando as grades móveis, que serviam de proteção ao prédio da Assembleia
Legislativa. Atos de vandalismo, como a queima de automóveis, pichações em
pilastras do Paço Imperial e da Alerj, invasão e saques de estabelecimentos
seguiram à ação. O clima de tensão foi agravado com disparos de arma de fogo.
Policiais Militares atiraram para o alto.
Conflitos
esporádicos continuaram a ocorrer, até que às 23h40, o Batalhão de Choque
chegou com o efetivo de 100 PMs para dar fim à manifestação. Antes da chegada
do Choque, 150 policiais do 5º BPM faziam a segurança da manifestação. Durante
o protesto, as principais ruas do Centro ficaram interditadas. Os manifestantes
ocuparam as ruas 1º de Março e Araújo Porto Alegre, além das avenidas Rio
Branco, Presidente Antônio Carlos e Presidente Vargas. Artefatos foram jogados
na garagem do edifício e terminal rodoviário Menezes Côrtes.
Críticas ao
grupo violento
A estudante
de Ciências Sociais, Júlia Vieira, de 19 anos, criticou a atitude do pequeno
grupo de manifestantes que fez uso da violência. "Ontem, eu vi
manifestantes feridos, mas hoje o que eu vi aqui foram policiais feridos. Nao é
destruindo a cidade que a gente ama, que vamos conseguir alguma coisa. A gente
quer mudança na política. Essas pessoas não me representam. Quem me representa
é quem quer o bem do Rio, sem violência", disse a jovem.
O
presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Paulo
Melo (PMDB) classificou como "ato de terrorismo" a invasão de
manifestantes à sede da assembleia. "Uma baderna, uma bagunça. Quanto um
ato agride ou coloca pessoas em risco, deixa de ser democracia para virar uma
anarquia", declarou Melo.
Início da
manifestação
A
manifestação teve início às 17h, com a concentração na igreja da Candelária, no
Centro do Rio de Janeiro. Além do aumento de R$2,75 para R$ 2,95, os
participantes também reclamavam contra os gastos públicos com a Copa do Mundo. Muitos
comerciantes fecharam as lojas para dar passagem aos participantes do protesto.
Pessoas prestavam apoio ao protesto do alto de edifícios comerciais jogando
papel picado.
Fonte: G1
http://oglobo.globo.com/opiniao/o-monstro-foi-para-rua-8732878
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