Mercadores da Fé marcam presença nas eleições 2012

Flávio Azevedo

Lobos em pele de ovelhas, característica de determinados líderes religiosos.

Tenho recebido seguidos e-mails e telefonemas de cristãos e não cristãos com reclamação similar: a postura dos líderes religiosos nas últimas eleições. Segundo essas fontes, sentados no ponto de ônibus próximo aos locais de votação, pastores de localidades interioranas, seduziam e/ou compravam votos de pessoas que vinham de fora para votar na localidade. O integrante de outra denominação denuncia que, do púlpito, o líder da sua igreja fez pressão para que os membros votassem em determinado candidato a Prefeitura e Câmara de Vereadores.

Ainda segundo essas fontes, eu tomei conhecimento que, munidos de listagem de membros, determinados pastores foram negociar a sua suposta liderança com candidatos a vereador e prefeito. A negociação não era baseada apenas em benefícios materiais para a congregação, mas incluía benefícios para o líder religioso e sua família. Diz um adágio popular que “religião, política e futebol não se discute”. Eu discordo inteiramente e digo que a malfadada paixão, sentimento que desequilibra as pessoas, é a única razão para que não se discuta esses temas.

Diante de tantos comentários negativos direcionados aos líderes religiosos, vale destacar alguns versos bíblicos que falam sobre a inconveniência dos pastores. Os tais relatos mostram que essa postura não é nova e a falta de pudor dos líderes religiosos já era conhecida nos tempos bíblicos. No Velho Testamento nós encontramos um alerta do profeta Jeremias aos pastores. Ele escreveu: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor” (23.1).

Valores como a honestidade e o respeito estão sendo deixados de lado a cada dia.

No Novo Testamento, o próprio Jesus orientou os discípulos a respeito de atitudes inconvenientes. “... Qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra e se jogasse nas profundezas do mar. É lícito que venha o escândalo, mas ai daquele por quem o escândalo vier” (Mateus 18:6-7).

A verdade é que como botequins, as igrejas se tornaram presença obrigatória em quase todas as esquinas de qualquer cidade. Não queremos estimular qualquer tipo de preconceito, mas o crescimento das igrejas é nítido e veloz. Cada dia surge uma nova porta pregando o caminho para o Céu. Todavia, se agirmos com a razão e nos basearmos no verso bíblico “pelos seus frutos os conhecereis” (Matheus 7.20), concluiremos que muitas dessas portas conduzem ao inferno.

Quando de maneira crítica e real, a Filosofia de Karl Marx e Hegel afirmou que “a religião é o ópio do povo”, os dois pensadores foram qualificados como demônios. É lógico que a religião atual não ordena a execução de infiéis em fogueiras e cadafalsos (realidade da época de Marx e Hegel), mas ela aliena e/ou entorpece. Na Idade Média, o catolicismo impunha a sua filosofia através do medo e da ignorância. Atualmente, não precisa ser sociólogo para perceber que boa parte dos líderes religiosos, como nos tempos medievais, usa a ignorância e a alienação do povo para manter as suas igrejas. São os “MERCADORES DA FÉ”.

Se você está assustado com esse texto, não se desespere, porque existe um caminho e não todos são crápulas. Você perguntará: “mas como distinguir o bom pastor do mau pastor?”. Não é difícil e o próprio Jesus, o nosso grande guia e pastor deixou orientações para não sermos enganados. No capítulo 10 do evangelho de João, o discípulo escreveu alguns dos aconselhamentos de Cristo:

Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.

Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas.

A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora.

E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz.

Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.

Jesus disse: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.

Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.

Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.

O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.

Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.

Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas.

Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas.

Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.

Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas.

E muitos deles diziam: Tem demônio, e está fora de si; por que o ouvis?

Diziam outros: Estas palavras não são de endemoninhado. Pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos?

É provável que depois de ler esse texto (se você chegou até aqui), muitos me classifiquem como um ser inspirado pelos espíritos das trevas. Mas isso não me preocupa, porque Jesus, autor e consumador da nossa fé, o Filho de Deus, também era classificado como alguém endemoninhado, pelo simples fato de dizer aquilo que precisava ser dito. Um abraço e que Deus nos abençoe!