domingo, 21 de outubro de 2012

Espetáculo “Faroeste Caboclo” confirma maturidade e ascensão do projeto “Lona na Lua”

Flávio Azevedo

O início do espetáculo começa com João e sua primeira grande perda.
Já defendemos a errônea tese de que não existe público de teatro em Rio Bonito. Não podemos pensar mais assim. Aliás, necessário é acreditar que a carência até certo ponto seria de qualidade. Também podemos dizer que algumas coisas eram tão boas que nós não conseguíamos reconhecer. Por outro lado, em várias oportunidades nos empurraram alguns amargos ‘xaropes’. Para o nosso desespero, porém, quando saíamos com cara de “não entendi”, os responsáveis pelos tais xaropes argumentavam que “teatro é para pessoas inteligentes” (como assim?).

É aí que entra o grande Zeca Novais, um cara que ofereceu primeiro o comum, o simples, a papinha de neném, o feijãozinho com arroz. Durante dois anos, Zeca fez o riobonitense se reconhecer nos seus projetos. Zeca nos ajudou a desenvolver o gosto pelo teatro. Escorado na comédia, em textos simples e propostas de fácil compreensão ele aproveitou a oportunidade para criar o seu público.

Todavia, a maturidade chegou. Hoje, nos damos ao luxo de ter, em solo riobonitense, um espetáculo do nível de “Faroeste Caboclo”... Um trabalho acima da média e com atuações irrepreensíveis aos olhares leigos (como desse jornalista). É lógico que o perspicaz Zeca, até para motivar os atores, encontra milhões de defeitos em seus pupilos. Contudo, os atores desse espetáculo dão mostras claras que eles chegaram ao “Nível Médio”.

João de Santo Cristo
Não seriam demais afirmar que se os atores saíram do “Nível Fundamental” para o “Médio”, o público também evoluiu, sobretudo, aqueles que acompanham os espetáculos com assiduidade. Ou seja, mais uma vez Novais interfere no setor cultural de Rio Bonito, como já vem fazendo desde que surgiu com essa ideia maluca de manter uma lona azul estrelada. Um espaço para promover sonhos e fazer os jovens, como ele sempre enfatiza, “serem protagonistas de sua própria história”.

O amigo que lê esse texto pode até torcer o nariz para o que vamos escrever a seguir (às vezes por puro despeito e/ou até alguma inveja), mas caso o Lona na Lua continue nessa evolução, Rio Bonito obrigatoriamente terá que reconhecer, doa a quem doer, que existe um divisor de águas no seu setor cultural, ou seja, Rio Bonito “antes do Lona” e “depois do Lona”.

Na noite desse domingo (21/10), nós assistimos a um espetáculo de rara beleza, talento e coragem. “Faroeste Caboclo”, a música do Renato Russo, é mais uma daquelas letras que o sujeito para parecer intelectual de esquerda precisa dizer que curte e entendeu a mensagem, o que não é verdade. Ou sou um daqueles que sempre achei essa letra confusa, pesada e sem muito significado.

Novamente aparece o grande ator e agora, “grande diretor”, Zeca Novais, com a nobre missão de ordenar a proposta de Renato Russo. A adaptação de Zeca Novais, com todo respeito ao líder da banda “Legião Urbana”, trás sentido a história. A saga de João de Santo Cristo, versão Zeca Novais, faz com que o público se reconheça ou reconheça alguém em seus personagens. Explicações são dadas e motivos são apresentados.

A cereja do bolo, porém, é o fechamento do espetáculo, onde os corpos inertes dos personagens são sepultados pela bandeira brasileira (foto). Essa ideia é genial. Só faltando as bandeiras do Estado do Rio de Janeiro e do município de Rio Bonito, entes que também são culpados por personagens reais que vivem histórias similares a de João de Santo Cristo, Jeremias, Pablo e Maria Lúcia.

Concluo parabenizando Zeca Novais, o Lona na Lua, aos atores, àqueles que acreditaram e apoiaram esse projeto, aos envolvidos, enfim... Parabéns Rio Bonito!

2 comentários:

  1. Olá, estou aqui para dizer que li um texto do seu blog que falava sobre os erros na enfermagem. Gostei do que vi e deixei um link no meu blog direcionando para o seu texto.
    Um abraço!
    Meu link:

    http://ymaia.blogspot.com.br/

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    1. Ygo Maia, prazer saber que gostou do texto! Fique muito a vontade de usar as minhas reflexões quando precisar. O objetivo é esse! Valeu a confiança!

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