Flávio Azevedo
“A gente tem que pensar 10 vezes, 10 não, mil vezes, antes de experimentar a droga... Porque depois que experimenta é difícil parar, ainda mais se for o crack”. Essa declaração foi feita por uma usuária de drogas em entrevista ao Fantástico desse domingo (28/10). A fala dessa jovem é triste, mas verdadeira, pena que esse grito de socorro seja abafado pela inconsciência política e o lucro desenfreado!
Ainda pensando sobre essa questão, nós decidimos colocar uma pimenta nessa salada. A quentura da pimenta começa quando nós ousamos afirmar que um dos problemas das drogas no Brasil é que os usuários estão divididos em classes sociais e vivem a mercê de uma sociedade hipócrita. Aliás, a hipocrisia, muitas vezes, começa dentro de casa.
Os filhos de rico, por exemplo, além de reunirem condições de financiar o vício, geralmente tem pais cínicos que preferem não correr atrás de tratamento para o ‘pupilo’, por terem vergonha de assumir que o filhinho está envolvido com coisa feia.
Já os filhos de pobre, que pagam o mesmo preço ($$$$$$) pela droga, além de não terem papai e mamãe para ajudar com a grana – geralmente são pais socialmente desajustados e desinteressados nos filhos – são visivelmente marginalizados e isso os leva direto para o mundo do crime.
Depois, isso não é uma questão apenas de governo. É uma questão de família! Papai e mamãe precisam começar a assumir a responsabilidade de tutores. Boa parte deles esquece que a tutela dos seus rebentos é deles e não do estado, do pastor, do padre, da escola ou da vizinha. Embora reconheça a incapacidade e o desinteresse do estado, vale lembrar que quem bota filho no mundo é um homem e uma mulher e não a federação, o estado e o município.
Concomitante a isso e aproveitando algumas experiências bem sucedidas que nós conhecemos, nós podemos perguntar: onde estão as igrejas? Que papel elas têm desempenhado nessa direção? Em Rio Bonito/RJ, a Igreja Batista Betânia, o Espaço Reencontro, a Igreja Católica e mais uma ou duas, tem papel relevante. Todavia, onde estão as demais? Não tem uma porta em cada esquina recolhendo dízimos e ofertas? Estão devolvendo o dinheiro arrecadado de que maneira? Os templos são isentos de impostos exatamente por isso. Mas cadê o benefício?
Agora, vamos caminhar em outra direção. O que a escola está fazendo sobre isso? Não estamos falando de professores em sala de aula. Nós estamos falando de modelo pedagógico pensado pelas Secretarias de Educação. Você conhece alguma política pública que tenha sido implementada nessa direção em Rio Bonito e região? E não falem de Proerd, porque esse projeto é da Polícia Militar.
Por último, e não menos importante, nós iremos abordar a iniciativa privada. Por que esse setor não está dentro desse projeto de conscientização e combate? Tem que botar a mão no bolso! Pelo contrário, o que vemos são marcas importantes financiando e patrocinando festas e eventos onde o apelo ao uso de drogas é claro e evidente.
Concluímos afirmando que quando nós pensarmos nessas hipóteses, certamente nós teremos uma política decente de combate a drogas e de recuperação dos infelizes que enveredaram por esse caminho sem volta. É por isso que quando perguntamos: “Drogas: de que lado você está?”, nós afirmamos que “o melhor a fazer é entrar no jogo”, mas entrar no grupo que combate essa porcaria e se empenha em conscientizar os envolvidos e seduzidos por esse flagelo!
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