segunda-feira, 23 de junho de 2014

Amando o próximo nós “marchamos para Jesus”

Flávio Azevedo 
Em tempo de muita gente querendo “Marchar Para Jesus”, seria interessante meditar na parábola do “Bom Samaritano”. O texto está escrito no capítulo 10, versos 25 a 37 do livro de Lucas. Tudo começa quando certo doutor da lei pergunta a Jesus: “mestre, que farei para herdar a vida eterna?”. A resposta do Filho de Deus fala sobre o contexto da Lei, que diz: “amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”.

Para finalizar a dica, Jesus acrescentou: “faze isso, e viverás”. Não satisfeito, o doutor da lei pediu que Jesus explicasse quem era o seu próximo. Jesus então decidiu contar uma das mais belas e significativas parábolas do seu repertório.

Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele. E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar”.

Encerrada a narrativa, Jesus pergunta ao doutor da lei? “Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”. O doutor da lei, que por ser judeu era inimigo dos samaritanos, foi obrigado a reconhecer: “aquele que usou de misericórdia para com ele” (o samaritano). Jesus, então, com a maestria que lhe era muito peculiar concluiu: “Vai, e faze da mesma maneira”.

De acordo com os historiadores, o caminho entre Jerusalém e Jericó era muito perigoso e os assaltos eram constantes. O homem que foi atacado pelos salteadores precisava chegar rápido ao seu destino, por isso, decidiu arriscar. Mas ele caiu na mão dos salteadores e apanhou tanto que acabou ficando desacordado.

De acordo com o relato, um levita e um sacerdote passaram pelo local e não prestaram socorro à vítima. Quem ouve a história pensa que eles eram ruins. Pelo contrário. O levita e o sacerdote eram pessoas de bem. Homens religiosos. Homens que exerciam importantes cargos em suas igrejas e, por isso, não poderiam perder tempo socorrendo aquele indivíduo. A real preocupação deles era com os afazeres da igreja. O culto não podia esperar. Se eles atrasassem, algo poderia dar errado na ordem do culto.

Veio então o samaritano. Vale ressaltar que Judeus e samaritanos, apesar de serem parentes, são inimigos (por questões raciais e religiosas que até hoje existe no Oriente Médio). O samaritano nem se lembrou dessa inimizade, porque ele se compadeceu daquela vítima. Ele esqueceu os seus compromissos, os negócios que tinha para tratar e socorreu. Para ele, o importante era o ser humano, o importante era a vida. O relato diz que ele deitou azeite e vinho em suas feridas. No tempo antigo, o azeite funcionava como uma espécie de anestésico; e o vinho, como um potente antisséptico.

O relato de Jesus é uma dica de como nós temos que “Marchar” na direção dEle. Não são raros os casos de cristãos que são pessoas do bem, gente sincera, zelosa, homens e mulheres preocupados com a igreja, mas o cuidado com esse ou aquele evento é tão grande, que eles acabam não percebendo as pessoas que estão caídas pelos caminhos da vida. Indivíduos que foram atacados pelos vícios; gente que foi assaltada por uma doença; alguém que foi vítima de um infortúnio qualquer; entre outras coisas.

Mas o zelo com a igreja e compromissos é maior que tudo. As atividades da igreja são tão importantes que o próximo acaba sendo deixado de lado. “Faço isso tudo em nome de Jesus, porque Deus deve ser amado sobre todas as coisas”, mas o próximo ficou caído ali atrás. Fica então a pergunta: que cristianismo nós estamos professando? Nós exercemos o cristianismo ou somos apenas cristãos?

Segundo Jesus Cristo, “Marcha Para Ele”, aquele que entende quem é o seu “próximo” e aquele que exerce o cristianismo, porque segundo as palavras do próprio Cristo, a melhor maneira de mostrar que amamos a Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, de todas as nossas forças, e de todo o nosso entendimento; é amando o nosso próximo com a nós mesmos.

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