quinta-feira, 20 de junho de 2019

As lições do caso Flordelis

Flávio Azevedo
A deputada Flordelis esteve na delegacia para falar com o filho que confessou o crime.
Na última terça-feira (18/06), uma das pautas do Programa Flávio Azevedo foi o caso da execução do pastor, Anderson Carmo; esposo da deputada federal, Flordelis. Na oportunidade, muito pouco falei sobre o crime. Preferi centralizar as minhas reflexões no clima de consternação que tomou conta de parte dos evangélicos. Poucas pessoas estavam impactadas com a tragédia de uma vida que se perdeu. Boa parte estava escandalizada com as suspeitas na direção de dois filhos do casal como autores do crime. Aliás, como sempre acontece em casos de escândalos e falhas que envolvem líderes religiosos, o espanto era “como isso pode ter acontecido numa família de gente crente, eram líderes de um ministério, pessoas consagradas!”.

Minha gente, todas as vezes que eu exponho o meu posicionamento sobre determinados aspectos do fanatismo que nós cristãos cultivamos, eu arrumo confusão com um monte de gente. Por isso eu já peço desculpas, mas lá vou eu. É nítido que inúmeras pessoas não estão nas igrejas por causa de Deus ou de Jesus. Elas estão lá por causa do pastor Fulano, pastora Fulana ou de questões ambientais daquele grupo de crentes. Isso é danoso a nossa vida cristã.
A deputada Flordelis e o pastor Andeson Carmo, há anos comandavam o Ministério Flordelis.
Antes que algum sem noção apareça por aqui falando bobagem, por favor, permitam eu esclarecer que eu nasci num berço evangélico, por vários anos eu ocupei inúmeros cargos de liderança na denominação que frequento e não sou nenhum ateu ou revoltado com a igreja. Apenas eu não sou retardado e a minha fé nunca me impediu de ver as minhas falhas, as falhas dos nossos líderes e tão pouco nunca deixei de enxergar que a maior parte de nós, independentemente do credo, encara o líder religioso como uma espécie de divindade. 

É exatamente essa galera que vê o líder religioso como oráculo que tem dificuldade de entender um erro daquela pessoa. Não devemos passar pano no pecado do irmão, mas ninguém precisa ficar escandalizado porque alguém pecou, porque nós somos pecadores. A dificuldade em encarar a falha do líder – elas acontecem e vão continuar acontecendo – está no fato do sujeito colocar aquela liderança, seja ele padre, pastor ou pai de santo, numa espécie de pedestal como se aquele sujeito não tivesse pecado.

O “Caso Flordelis” está ganhando contornos que nós não gostaríamos que fossem reais. Da minha parte eu torço para que tudo não passe de um tremendo mal entendido. Entretanto, caso a tese de envolvimento dela na morte do marido (por traição ou ganância) se confirme não é a primeira vez que isso acontece. 
Diante desse cenário nada de deitar falação nos cristãos, responsabilizar Deus, culpar a igreja ou se afastar do caminho. Apenas sigamos o conselho de Jesus que aconselhou: “sejam simples como as rolas e PRUDENTES como as serpentes”. Que possamos entender de uma vez por todas que independentemente da nossa posição e função no meio religioso, a natureza pecaminosa está dentro de nós e a qualquer momento podemos cair. 

Encerro essas reflexões com uma frase do apóstolo Paulo, personagem que considero um dos maiores exemplos de cristão, mas que escreveu o seguinte: “porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”.

Vamos em frente e que Deus tenha misericórdia de nós! #flavioazevedo

OBS: a reflexão sobre o assunto no Programa Flávio Azevedo do dia 18/06


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