Flávio Azevedo
Em ano de Olimpíadas não há brasileiro que não fique indignado. Se alguns resultados nos entristecem, o porquê dos tais resultados nos deixa estupefatos. Eu não sei você, mas se ficamos envaidecidos quando a Ginástica Olímpica rende medalhas, os resultados do Atletismo nos mostra que estamos distantes, anos luz, de sermos uma potência olímpica. Mas por que isso acontece? Inicialmente, nós podemos culpar o sistema capitalista brasileiro, que é muito mais cruel e mortal que o genuíno capitalismo estadunidense.
Para quem ainda não percebeu, o consumismo e as divisões classistas existentes no Brasil são muito mais perversos e violentos que o criticado “jeito americano de viver”. Isso acontece porque o Brasil é um país pobre em Educação, habitado por pessoas despidas de qualquer sentimento nacionalista e também por conta da terrível e flagrante desigualdade social.
Se o conflito de classes americano (proletariado x burguesia) é ideológico, o brasileiro é mercantil. Vale dizer que a massa de manobra é cultivada pelas elites por serem fontes de renda e de manutenção de poder. Enquanto em outros países, mesmo na América do Sul, o esporte é ferramenta de igualdade, no Brasil, ele é fonte de renda, o que estimula o desequilíbrio social.
Podemos citar o exemplo de atletas de um mesmo clube, que tem salários muito diferentes. No Fluminense, por exemplo, alguns recebem altos salários porque são bancados pelo patrocinador. Já outros atletas do mesmo plantel, por não serem vinculados ao plano de saúde que patrocina o clube, vivem da incerteza salarial.
Nos esportes amadores e olímpicos algo similar acontece. O futebol, o esporte mais popular do país, encontra patrocinador a cada esquina, porque como o empresário sabe do retorno investe olhando única e exclusivamente o ganho fácil. Com isso, outros esportes acabam sendo preteridos, porque não tem o mesmo apelo e visibilidade.
Outras premissas também podem ser apontadas, por exemplo: os empresários, e até o poder público, não focam a formação do homem (cidadania), mas o ganho financeiro que o atleta/operário pode render as suas marcas, nomes e empresas. Já o povo, por ser egoísta só vê valor na vitória, no primeiro lugar e na medalha de ouro. Isso faz com que outros esportes, onde o Brasil precisa evoluir, não tenham audiência. O único a romper essa barreira foi o vôlei, que pelas ‘insistentes’ vitórias e medalhas é o segundo esporte do Brasil.
Em entrevista ao Canal SporTV, a ex-ginasta húngara, Nádia Comãneci, disse que o Brasil precisa de “heróis” nos esportes menos populares para fazer o povo ter esses atletas e o tal esporte como referência. Algo similar ao que aconteceu com o tenista Gustavo Kuerten, que popularizou o Tênis quando ficou no topo do ranking. Fenômeno similar ocorreu com a Natação de Gustavo Borges, Fernando Scherer, César Cielo e Thiago Pereira. A Ginástica Olímpica de Daiane dos Santos, dos irmãos Daniele e Diego Hipólito e Jade Barbosa.
Seria mais inteligente se os bilhões direcionados a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 fossem investidos na formação de atletas olímpicos.
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