Flávio Azevedo
Dando continuidade a uma série de entrevistas com os vereadores de Rio Bonito, o “Programa Flávio Azevedo” entrevistou no último dia (22/08), o vereador Marcus Vinícius Moreira Botelho (PR). O atual presidente do Legislativo está no seu terceiro mandato e respondeu perguntas como porque não é candidato nas eleições de sete de outubro, questionamentos sobre os seus pares, as lições adquiridas na sua carreira política e sobre o polêmico concurso público para o Legislativo de Rio Bonito, assunto em ele que está diretamente envolvido por conta de uma série de fatores.
– O balanço que faço da minha gestão, que já começou com problemas – os momentos foram conturbados, os reflexos negativos ainda existem – não é ruim. Fazendo uma autocrítica da minha atuação na presidência da Casa eu considero 70% positiva. Tive e tenho boas ideias e tenho erros e acertos – ponderou Botelho.
Sobre o concurso público promovido pela Casa, tema que está entre os assuntos mais comentados entre os riobonitenses, muito por conta de supostas irregularidades, o presidente comentou que o motivo de se realizar o certame é um questionamento que nuca ninguém fez. “Tudo aqui nessa Casa acaba ficando muito solto, porque não existe um Plano de Cargos e Salários para os nossos funcionários”. Quanto a afirmação dos integrantes da Mesa Diretora que dizem não terem tomado conhecimento da criação do concurso, Botelho assegura que não é verdade. “Isso foi apresentado na Casa, colocado em votação e todos aprovaram. Se a matéria não foi bem analisada o problema não é meu”, disparou.
A aprovação da sua esposa no concurso da Câmara de Itaboraí, o que seria uma combinação entre as Casas, o vereador garantiu “não existir” e comentou que o cancelamento do certame foi precipitação dos colegas.
– Essa suposta fraude não existe, porque o nosso concurso sequer aconteceu. Eu nunca vi isso! Para se caracterizar fraude teria que haver provas e não suposições. Creio que os vereadores também agiram errado. Eu acatei, porque sou flexível, mas não assinei. O que deveria ser feito? O certamente deveria ser suspenso, o Plano de Cargos e Salários ser adequado, porque os salários realmente ficaram altos, aí sim faríamos o concurso em outra data – afirma.
Devolução do dinheiro
A grande preocupação de quem se inscreveu no concurso é a devolução do dinheiro que foi pago no ato da inscrição. Se algumas correntes defendem que a Fundação Benjamim Constant (Faibc), empresa contratada para a realização do certame, deve ser responsabilizada pelo ressarcimento, outras defendem a Câmara como entidade responsável pela devolução do dinheiro dos candidatos. Questionado sobre isso, o presidente Marcus Botelho afirmou que ele particularmente acha que o concurso deve ser realizado e justifica: “nós fizemos atendendo exigência do Ministério Público (MP)”.
– Muitas coisas têm sido cobradas de nós, porque a situação da Casa é muito complicada. Por exemplo: nós temos Departamento Pessoal, mas não temos oficial para desempenhar essa atividade, atualmente controlada por um agente administrativo. Não temos um oficial de Protocolo, que também é comandado por um agente administrativo. Não temos um Auxiliar Legislativo. A Ata, documento que seria responsabilidade desse servidor, hoje é preparada por uma assessora. Se existe 50 funcionários na Casa, isso é problema meu, mas eu não posso nomear as pessoas para ocupar funções que a lei determina serem desempenhadas por concursados – disse Botelho.
Quando foi feito o contrato com a Faibic, segundo o presidente, “uma das cláusulas desse documento diz que “aquele que romper o contrato arca com os prejuízos”. Dentro do contrato, isso compete a Câmara, porque foi ela quem rompeu esse contrato”. Ele, porém, destacou que orientado pela sua Procuradoria aguarda uma avaliação do MP.
– Oficialmente eu não posso dizer quem vai fazer esse ressarcimento, porque o MP pediu uma série de documentos (Regimento Interno, Lei Orgânica, Processo de contratação da empresa organizadora, entre outras coisas) para analisar a questão. Nós estamos recebendo muitas ações, estamos juntando tudo, protocolando, mas esperamos a manifestação do MP. Caso seja decidido que a devolução é conosco, nós teremos que devolver – frisou o parlamentar.
“Mal orientado”
Também em entrevista ao “Programa Flávio Azevedo”, o vereador Márcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão (DEM), que é membro da Mesa Diretora (2º secretário), disse que “Marcus Botelho é uma pessoa boa, mas foi mal orientado na questão do concurso”. A nossa reportagem também perguntou ao presidente sobre uma pessoa que transitava junto a presidências anteriores, que quando o grupo pró-Botelho assumiu, um dos primeiros atos seria afastar essa pessoa, mas é exatamente esse personagem que, além de ter conduzido essa questão, seria responsável pelos problemas que envolvem o certame.
O presidente declara a questão levantada acima mostra que o cancelamento do concurso teve fundo político e não administrativo. “A maior parte dos nossos vereadores é experiente. Quase todos têm mais de um mandato e conhece os bastidores da Casa. Marcinho, eu até entendo por estar no seu primeiro mandato, mas os demais se embasaram em questões políticas”. Se as seguidas matérias exibidas nos telejornais das grandes mídias provocaram essa celeuma e desconfianças, o presidente comenta que “não só a população, mas até os vereadores foram inflamados por esses noticiários”.
Desavenças com colegas
O evidente racha do grupo que o conduziu Marcus Botelho a presidência da Casa e a patente aproximação com vereadores que se posicionaram contrários a ele, também foram questionamentos feitos durante a entrevista. O parlamentar comentou que tem cumprido todos os acordos que foram tratados, disse que atende todos os vereadores, “mas cada político tem uma cabeça”. O parlamentar reconhece que existe uma proximidade com o então desafeto Humberto Belgues (PSDB) e acrescentou que “isso, inclusive, tem trazido problemas com os vereadores do meu grupo, mas acredito que devemos dar espaço a todos”.
Por que não é candidato?
Se a presidência da Câmara é ambicionada por boa parte dos vereadores, sobretudo no segundo biênio, por conta do período eleitoral, época que a presidência acaba dando aos presidentes poderio econômico que retorna como exposição midiática, o vereador Marcus Botelho, contrariando essa tendência, decidiu não ser candidato. Questionado sobre a inusitada decisão, o parlamentar comentou que “por incrível que parece foi nesse curto período de presidência que eu aprendi o que é realmente a política”. O presidente também comenta que está cansado e decidiu descansar da vereança.
– Nesses 12 anos (três mandatos) eu tive alegrias e decepções, erros e acertos. A verdade é que eu sempre fui contrário a reeleição, porque as pessoas acabam se achando dono de cargos que ocupam por um período. No meu primeiro mandato, eu achava que ia transformar Rio Bonito. Com o passar do tempo, porém, nós acabamos entrando no jogo, porque aqui dentro não basta ser político. A verdade é que eu estou desencantado com a política – concluiu o parlamentar.
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Alguém sabe o que seria "entrar no jogo" ?
ResponderExcluirDiferente do que os amigos possam achar, eu acredito que "entrar no jogo" é abrir mão dos ideais para ser mais um. É o que acontecerá na próxima eleição, quando teremos mais do mesmo!
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