Flávio Azevedo
Iniciando uma série de entrevistas com os vereadores de Rio Bonito, o “Programa Flávio Azevedo” entrevistou nessa terça-feira (14/08), o vereador Fernando Soares (PMN). Ele respondeu uma série de perguntas relacionadas aos seus pares, as lições adquiridas durante o mandato, a busca pela reeleição, as experiências que conseguiu quando presidiu a Casa no biênio 2009/2010 e temas como compra de voto e o polêmico concurso público para o Legislativo local.
– O balanço que eu faço do meu mandato é que nós nunca fizemos oposição ao prefeito José Luiz Antunes (DEM). Entretanto, o prefeito nunca permitiu que nós participássemos da gestão do município, porque ele tem uma dificuldade muito grande em atender os integrantes do poder Legislativo – disse o parlamentar, destacando que sempre trabalhou para incentivar o setor cultural, “porque nunca tivemos nada voltado para esse setor em nossa cidade”.
Sobre a sua participação na origem do projeto “Lona na Lua”, ele afirma que conheceu as ideias do diretor Zeca Novais em 2009, gostou das propostas e acabou incentivando o projeto, que foi lançado na localidade de Lavras, no dia 17 de maio de 2009. “Ajudamos outros grupos também, mas o “Lona na Lua” teve mais sorte, porque o projeto cresceu, ganhou visibilidade e isso fez com que a deputada federal Solange Almeida (PMDB) conseguisse, através de Furnas, um recurso que foi usado para comprar a tenda que hoje abriga o projeto”, revela Soares.
Diante da declaração de que o poder Legislativo não conta com a cooperação do poder Executivo, nossa reportagem colocou que o Executivo usa argumento semelhante para justificar as suas falhas, o que confunde a população. “Eu provo que o prefeito nos atrapalha. Eu tentei conversar com ele três ou quatro vezes, mas só ouvíamos o tradicional “vão vê”. Também tentei conversar com o vice-prefeito Matheus Neto (PSB) e ele também ficou no “vão vê”, mas nós aprovamos tudo que o Executivo nos mandou”, pondera.
Agentes de Trânsito e desavenças
A criação dos cargos de “Agente de Trânsito”, assunto muito debatido quando Fernando Soares presidiu o Legislativo (mensagem do Executivo que foi rejeitado pela maioria dos vereadores em 2010), talvez tenha sido a única mensagem rejeitada pela maior parte dos vereadores, inclusive, da base governista. O parlamentar argumenta que quando ele fala em não atrapalhar o município, ele se refere a aprovação de recursos necessários ao bom andamento da cidade. Ele afirma que a mensagem dos “Agentes de Trânsito” era uma questão polêmica e que contava com a oposição da população, que estava com medo de dar poder de multa aos guardas municipais.
Em 2009, o então presidente assumiu o comando da Casa com o apoio de seis colegas, e posteriormente esse grupo foi ampliado. Passados, porém, seis meses começaram as notícias de desavenças, ciúmes, discordâncias. Tudo isso foi o estopim para que parte do grupo que dava apoio a Fernando Soares passasse a conspirar e se articular para dar apoio a um nome diferente daquele que teria sido acordado ainda em 2008, quando os parlamentares sequer tinham sido empossados.
– Aceitei presidir a Câmara por achar que tinha experiência de sobra, porque por oito anos eu fui chefe do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e eu fui secretário municipal no primeiro mandato da ex-prefeita Solange Almeida. Sendo assim, eu pensei que seria tranquilo presidir o Parlamento. Porém, na Câmara existe uma sede de poder... Todos almejam a presidência e essa gana pelo poder provocou tudo isso. Sobre eu não ter cumprido acordos, eu desconheço. Tudo que, foi tratado, foi devidamente cumprido – afirmou Fernando, revelando que caso seja reeleito não gostaria voltar a presidência do Legislativo – afirmou.
Concurso e transparência
Sobre o concurso público da Câmara de Vereadores, cancelado no último dia 19 de junho, o parlamentar declara que foi contrário a abertura do concurso, “porque não foi feito um estudo sobre os impactos dos novos cargos na Folha de Pagamento da Casa”. Ele também afirma ter sido contrário a forma como o certame foi cancelado, “porque uma vez que as pessoas já tinham feito as inscrições, melhor seria suspender, fazer as correções apropriadas e realizar o concurso”, analisa.
Ao analisar a sua passagem pela presidência do poder Legislativo, Fernando Soares comenta que sempre trabalhou de forma transparente. Segundo ele, as críticas que ele recebeu estavam baseadas em contratos que firmados em prol da própria população.
– Fizemos uma licitação e contratamos uma empresa que, disponibilizou num site, todas as leis da Casa. Elas foram digitalizadas e colocadas a disposição da população, o que, segundo informações, não pode mais acontecer por falta de manutenção – critica o ex-presidente.
Sobre os R$ 180 mil pagos ao Instituto Sorrindo Para a Vida, empresa responsável pela execução do referido serviço, o parlamentar disse que tudo foi aprovado, licitado, executado, “inclusive, as contas referentes a esse período já estão aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ)”, destacou Fernando, acrescentando que a digitalização das leis foi “uma tarefa árdua” que envolveu várias pessoas.
Eleições e compra de votos
Sobre as reclamações do eleitorado que almeja por políticos mais sérios e honestos, embora essas virtudes não sejam encontradas em boa parte dos eleitores, o vereador comenta que “esse assunto deveria ser tratado em âmbito federal”. O parlamentar também reconhece que passadas as eleições, “os políticos não dão mais assunto aos eleitores” e isso deveria ser revisto. “Será que uma forma de acabar com isso seria obrigar o vereador atender a população? De qualquer forma, seria necessário refletirmos mais sobre isso”, frisou o vereador, que sempre aproveitava a oportunidade para falar do seu apoio a ex-prefeita Solange Almeida.
Questionado sobre a visão deturpada do povo e dos próprios postulantes ao cargo de vereador quanto a função de um parlamentar, Fernando Soares reconhece que muitos quando chegam a Câmara se assustam quando percebem que não conseguirão realizar 90% daquilo que prometeram e tinham em mente.
– Isso é até engraçado. Não adianta ter formação, nível superior, pós-graduação. Você chega a Câmara com os olhos brilhando, mas acaba percebendo que o vereador é totalmente dependente do poder Executivo e nesse governo especificamente a única coisa que você pode fazer é aprovar leis ou não – salienta Fernando, destacando ser esse um dos principais motivos para que ele esteja ao lado da ex-prefeita Solange Almeida, “que certamente vai tratar melhor os vereadores”.
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