Flávio Azevedo
Conforme previsto no Edital de convocação publicado no jornal Folha da Terra, no último dia 21 de julho, a Assembleia Geral Extraordinária do Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV) decidiu que no próximo dia 19 de agosto acontecerão as eleições para escolher a nova direção da entidade. A atual diretoria, que há 10 anos conta com a presidência do advogado, Luis Gustavo Siqueira Martins, renunciou em bloco. As chapas que forem montadas para concorrer ao pleito deverão ser inscritas até o próximo dia 15 na secretaria do HRDV. Cerca de 200 pessoas estavam presentes na assembleia que aconteceu nessa quarta-feira (1º de agosto), no Salão Nobre do Esporte Clube Fluminense.
Alguns associados, como o ex-presidente Harildo Soares e o advogado Rosicleto Pimentel, sugeriram que o pleito, por conta das eleições municipais, fosse realizado no dia 14 de outubro. “Até lá, que uma comissão seja escolhida para comandar o hospital ou a diretoria atual fique um pouco mais”, sugeriu Soares. O ex-presidente, Ronaldo Elias de Moraes, também apelou, mas os argumentos não convenceram. O presidente em exercício Luis Fernando Romanelli Cardoso informou que a decisão da atual diretoria já estava tomada e não havia chances de voltar atrás.
Sobre os motivos que levaram ao pedido de demissão, o presidente licenciado Luis Gustavo Martins, presente na assembleia, comentou que não foram exatamente os problemas naturais a administração que pesaram na saída do grupo.
– Existe uma questão maior que é a vontade de continuar. Nós entendemos que já demos a nossa conta de contribuição. Já fizemos pelo HRDV tudo o que nos foi possível fazer, embora não fosse tudo aquilo que o hospital necessitasse... Mas realizamos dentro das nossas possibilidades. Então, forçar um grupo de pessoas a continuar presidindo uma instituição sem ter vontade... Não dá – disparou.
“Não queremos palanque eleitoral”
Ainda segundo o presidente (foto 2), a principal preocupação da diretoria era fazer uma assembleia baseada na urbanidade e de maneira a não transformá-la em palanque político. “A assembleia foi aberta a todos, mas não é um palanque eleitoral. Quem veio achando que ouviria disse me disse, acusações, agressões... Lamento informar que perdeu tempo. Nós resolvemos renunciar por vontade própria. O que motivou a nossa saída foi a nossa vontade”, disse o presidente licenciado discorrendo também sobre as questões estatutárias que envolvem a sucessão do grupo que está saindo. “Essa assembleia foi convocada para decidir a antecipação das eleições e o regulamento para elas ocorram como define o estatuto”.
Aprovada a data de 19 de agosto para a nova eleição, que teve voto contrário de cinco associados (são 251 associados), novos apelos para a permanência dos diretores atuais aconteceram, mas a ideia de sair foi mantida. O presidente licenciado lembrou que já há algum tempo a diretoria do HRDV vem manifestando o desejo de sair e as chapas não apareceram. “Em 2010, por exemplo, nós sequer apresentamos chapa para concorrer, mas como não apareceu outra chapa nós continuamos por conta do estatuto da instituição”.
O vereador Carlos Cordeiro Neto, o Caneco (PR) pediu a palavra e perguntou como estava a situação financeira do HRDV, disse ter conhecimento das dificuldades de se gerenciar a instituição e comentou que os presentes precisavam saber a situação da casa para que os interessados em administrar a Casa estivessem preparados para o desafio. O parlamentar teve o seu questionamento respondido pelo presidente licenciado Gustavo Martins. Ele disse que “é por isso que existe prazo para o registro de chapa”. O presidente acrescentou que a administração do hospital está a disposição dos associados para esclarecimentos e lembrou que “essas questões devem ser tratadas no hospital, onde estão os documentos contábeis, fiscais e os balancetes”.
– Estou licenciado desde o último dia 25 de maio, mas sei que o hospital não deve impostos, eles estão parcelados; os pagamentos feitos pelo Serviço Único de Saúde (SUS), através da Secretaria de Saúde, estão em dia; os funcionários receberam os seus salários no último dia 30; as dívidas com fornecedores são normais; a farmácia está plenamente abastecida, o hospital tem R$ 450 mil em caixa e as atividades estão transcorrendo dentro da sua normalidade – disse Gustavo.
“O hospital não vai fechar”
Ainda segundo o presidente licenciado, o único problema do hospital é a defasagem do salário do médico do serviço de emergência que tem causado a falta desses profissionais no setor. “Essa questão esperamos solucionar em breve, porque já está em fase de finalização o novo Plano Operativo Anual (POA) do hospital e a proposta feita pelo município está praticamente aceita e faltam poucos detalhes para que ele seja assinado”, comentou Gustavo.
O presidente também apontou que é necessário aumentar a tabela do SUS para o financiamento dos serviços prestados, destacou que as notícias vindas dos hospitais filantrópicos Brasil a fora não são boas e afirmou que existe um estudo mostrando que esse problema é grave e precisa ser equacionado.
– Em Rio Bonito parte desse déficit tem complementação do governo municipal, que não atende tudo aquilo que o hospital gostaria, mas é uma questão de sentar, discutir tabela, valores, custos e quem nos substituir vai dar continuidade a esse trabalho – pondera Gustavo.
A história espalhada pelas ruas de Rio Bonito informando que “o HRDV vai fechar” foi rechaçada e desmentida. “Não existe a mínima possibilidade de acontecer isso”, disse Gustavo, informando que “a luta da diretoria com o poder público é para que o hospital tenha mais recursos para poder fornecer melhores serviços, o que certamente também será feito pela diretoria que vai nos substituir”. O presidente licenciado lembrou ainda, que a unidade trabalha no sistema de contratualização, que envolve recursos pré e pós-fixados, com metas a serem cumpridas e com número de atendimentos previstos.
– Em alguns momentos existe dificuldade de se bater algumas metas por causa de demanda, mas isso é negociado com o município. Essa assembleia não foi convocada porque o HRDV vai fechar, pelo contrário, nós estamos em via de fechar o POA, não com o valor que nós pretendíamos, mas com valores maiores do que o último, ou seja, haverá um superávit na conta do hospital. Assim que esse POA for assinado o salário do médico será reajustado e o Pronto Socorro voltará a funcionar plenamente – assegurou.
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) também foi mencionada pelo presidente licenciado como um equipamento importante na divisão do serviço de emergência. Ele também lembrou a intenção da diretoria de fechar o Pronto Socorro. “Quem acompanha as nossas assembléias sabe que sempre foi uma vontade nossa deixar o atendimento emergencial e migrar para o atendimento hospitalar”. Gustavo destacou ainda, as mudanças físicas do hospital nos últimos 10 anos e disse que “em alguns momentos os ânimos se acirram, isso é natural quando se busca o recurso, em alguns momentos nós somos traídos pela paixão pelo hospital, mas nada que não seja possível se alinhar novamente”, garantiu.
No final da assembleia, visivelmente emocionado, Gustavo agradeceu o apoio dos associados da instituição, as administrações políticas do município, a sua família e fez uma menção honrosa aos funcionários da casa, que ele classifica como uma força que aqueles que estão de fora desconhecem. “Somente quem está ou esteve na instituição conhece essa força e nesse tempo que eu estou ausente da instituição não foram poucas as demonstrações de carinho e dedico essa minha estada na gestão do hospital a esse grupo que nos ajudou a administrar o hospital”, concluiu.
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Explicou, mas não esclareceu. Muito estranho deixar uma grande responsabilidade perto do término do mandato por simples falta de vontade. Poderiam ter dito a verdade. Um triste exemplo de fraqueza para a juventude do município. Quando se assume responsabilidades é certo que a vontade não mais nos pertence. Torcemos para que tudo volte ao normal, para o bem do povo da cidade.
ResponderExcluirNewton Almeida http://limpezariomeriti.blogspot.com