sábado, 14 de maio de 2011

Acidente com morte na ViaLagos reacende discussão sobre a falta de muretas na rodovia

Flávio Azevedo

O acidente que causou a morte de duas pessoas na RJ – 124 (Via Lagos), rodovia administrada pela concessionária CCR ViaLagos, na tarde do último sábado (7), no km 6, na altura da localidade de Palmeiras, em Rio Bonito trás a tona um velho debate: a falta de muretas centrais ao longo dos 56 Km da rodovia, que foi privatizada há 14 anos, tempo que os usuários sempre reclamaram do preço do pedágio, considerado o mais caro do Brasil, e também a falta das muretas.

Com o objetivo de repercutir o problema e provocar uma intervenção do Governo Federal, o presidente da Comissão Especial de Desenvolvimento Econômico e Social da Baixada Litorânea, o deputado estadual Miguel Jeovani (PR), realizou uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), no dia 26 de abril.

Presente a audiência, o diretor presidente da CCR ViaLagos, Marcio Roberto (foto), afirmou que no contrato de concessão assinado com o governo estadual em 1996 existe uma cláusula que prevê a obra da mureta central quando a rodovia atingir o fluxo médio de 20 mil veículos/dia.
– Se estamos falando em melhorar os serviços, muito nos interessa, como empresa privada que somos, realizar. Investimento novo somente através de compensação, seja através de aumento da tarifa, aporte dos governos estadual ou federal, ou até mesmo por meio de prorrogação do contrato – disse o presidente, após afirmar que a concessionária investiu 75% em novas construções e 25% em obras de repavimentação.

Novo debate

Com o objetivo de repercutir o problema e provocar uma intervenção do Governo Federal, o deputado estadual Miguel Jeovani (foto) também levou o caso ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que já teria pedido a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que o caso seja analisado por ocasião da revisão do contrato de concessão da empresa, “principalmente por se tratar de um problema que envolve a segurança no trânsito e o risco de milhares de vidas”.

Em audiência com o diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo, o deputado Miguel Jeovani, apresentou um dossiê, com uma série de informações e fotos dos acidentes que são atribuídos a falta da mureta central. No encontro o deputado questionou: “uma cláusula contratual é mais importante que uma vida?”.

– Apesar de todos os esforços dos condutores pedindo as melhorias na rodovia, que tem o pedágio mais caro do país, a concessionária se nega a construir a mureta central. É fato que a maioria dos acidentes é gerado pela falta da divisória, já que os veículos invadem a pista contrária, sem falar na quantidade de curvas na extensão da pista – afirmou o parlamentar.

O acidente

Morreram no acidente do último dia sete de maio, os motoristas, Antônio Ferreira dos Santos (57), morador de Araruama; e Eduardo Villas Boas Tomé Torres (47), do Rio de Janeiro. Eles dirigiam um Fiat Siena e um Honda Fit, respectivamente. Os veículos bateram de frente e a morte teria sido instantânea.

No Fiat Siena também viajava Flávia Marteloti (40). Já no Honda Fit, Elizabeth Jesus Ferreira de Souza (51) estava no carona. As duas mulheres sofreram ferimentos graves e foram levadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Araruama.

No Fiat Siena, ainda viajava uma criança de cinco meses (filha de Antônio e Flávia), que sofreu apenas arranhões.

Um comentário:

  1. Caro jornalista Flávio, você sabia que existe um laudo da pmrb tratando a rodovia como perigosa?
    Pois é, meu irmão, então associado a Associação dos Moradores do Boqueirão teve acesso ao mesmo e lutou por longo tempo para as melhorias. Até o dia em que resolveram paralizar um trecho da RJ via lagos, e a empresa entrou com medida judicial então aceita por um juíza. Ao final, restou a derrota da via lagos, mas, os moradores do Boqueirão é que foram prejudicados, pois aquele ato inviabilizou uma manifestação legítima, o que nem mesmo a vitória judicial pode proporcionar em segurança a todos os que trafegam diariamente por essa rodovia que possui vários, centenas de corredores da morte.
    Não é fácil viver no Boqueirão! O maior corredor da morte na rodovia mais cara do mundo.

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