segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

População critica retirada da banca de jornal da Praça Fonseca Portela

Flávio Azevedo
A banca de jornal da Praça Fonseca Portela, no Centro de Rio Bonito (Foto: Fernando Herdeiros).
A notícia de que o prefeito de Rio Bonito, José Luiz Antunes (PP); determinou que a banca de jornal da Praça Fonseca Portela seja retirada nos próximos dias gerou uma nova onda de insatisfação entre os riobonitenses e uma enxurrada de críticas ao chefe do Executivo, que segue priorizando aquilo que não é a prioridade da coletividade. O perfil de “senhor feudal” do prefeito, que está no seu quarto mandato a frente do município não é novidade. Pirraça, beicinho, bater o pezinho e outras posturas que em tudo lembra um “menino mimado”, essas são marcas do mandatário, que não consegue ter boa relação com as instituições democráticas, com o poder Legislativo e com os seus próprios auxiliares, que só permanecem no cargo se mostrarem atitude subserviente e tratarem o chefe como divindade.

As mídias sociais, porém, não dão importância ao perfil medieval do Mandiocão, como popularmente é conhecido o prefeito de Rio Bonito. As críticas são muitas e toda postagem que aborda o assunto “retirada da banca de jornal da praça”, logo é acompanhada de críticas contundentes. O tema é acompanhado também por pessoas de outros municípios. É o caso do empresário, Alberto de Mattos Brunner. De Tanguá ele comenta que “é impressionante, uma cidade bonita, aparentemente organizada, com uma população na sua maioria comprometida em manter esse padrão, muitos degraus acima dos municípios vizinhos, mas que só elege governantes desqualificados intelectualmente”.

A professora Ana Cláudia Alvim Silveira acrescenta que “nossa cidade, cujos moradores se acham realmente melhores que todos, é praticamente uma Sucupira... Com votos de cabresto, pessoas "comprometidas" com políticos profissionais, onde o interesse pessoal está acima do coletivo. Melhor do que?”. A comerciante Aglaia Gomes escreve que a cidade é uma vergonha. “Não tem uma livraria e apenas uma banca de jornal. Esse é um dos motivos do povo não saber votar. Ignorância!”. Destaca a questão das “prioridades”, Lenice Amado, quando escreve “acho melhor se preocupar com a limpeza dos nossos bairros e tantas outras necessidades”. A conjuntura que envolve o tema preocupa Ana Paula de Santana.
– Não estou conseguindo entender... Mas é de dar tristeza... Um espaço que fomenta leitura... Sinto falta de mais espaços de leitura em nossa cidade... Precisamos de contato com portadores textuais de variados gêneros. Ainda tenho fé de que isso seja um vento ruim, que já, já, vai passar... Porque não é possível – desabafa.

Indignação também se percebe no comentário de Marcos Eduardo Caridade. “Com tanta coisa para acabar no município, vão se preocupar em acabar com algo que ajuda a movimentar a Praça. Muito triste e pura palhaçada. O cidadão deve começar a pensar seriamente em ir para rua cobrar”. Moradora da Mangueira, localidade que tem sido afetada por seguidos alagamentos, Ana Maria acrescenta que “têm coisas mais importantes para fazer, vem aqui na Mangueira onde tem o que fazer”. Linha de pensamento igual é defendida por Nelson Afonso. “Tanto para fazer e o Odorico não vê as coisas na minha rua. Só tenho água a cada três dias”.

A ironia também faz parte dos comentários. O advogado José Elias Machado destaca que “o banheiro (o famoso pinicão) já foi, agora, vai sobrar para o pipoqueiro”. Já Sidnei Navarro lembra uma das personagens da Praça Fonseca Portela, o cachorro Zé Pereira. “Só falta sobrar para o Zé pereira”. Amante dos animais, Paulo Franco Júnior responde que “se mexerem com o Zé eu mato! Patrimônio da cidade! Voto nele para prefeito até”. 

Participa do debate Adalmir Ferreira, que se apresenta como diretor da Associação dos Proprietários de Bancas de Jornal de Niterói e São Gonçalo (Aproban). Ele afirma nunca ter visto coisa parecida e acrescenta que “a retirada da banca é motivada por pura e simplesmente vontade do Prefeito”. Ele revela que esteve pessoalmente com o chefe do Executivo “e fiquei perplexo com a falta de carinho e zelo com os envolvidos. Vamos recorrer, na esfera administrativa e na justiça comum”. O professor José Silveira também faz uma provocação.
– Qual a dúvida de vocês? Revistas, jornais e livros são publicações culturais e científicas que estimulam a inteligência... Qual a surpresa desse prefeito querer acabar com ela? Surpresa seria ele criar uma livraria ou espaço cultural na cidade! Cada um dá o que tem – alfineta. A linha de pensamento é acompanhada por Cláudio Santos, que lembra a Alemanha de Hitler. “Só está faltando queimar livros na praça como fizeram os nazistas”.

Justificativa sem cabimento
Campanha para que a população participe do Abaixo Assinado que está sendo promovido pela permanência da banca na Praça Fonseca Portela.
No “Conexão Flávio Azevedo”, um bate papo entre o jornalista Flávio Azevedo e o gestor de mídias sociais, Nadelson Nogueira Jr, atração transmitida nas noites de domingo via Facebook; o dono da banca de jornal, Marco Provenzano; acompanhando o programa, confirmou a iniciativa do prefeito e revela que recebeu uma notificação que exige a retirada da banca até o próximo dia 07/03. Ele acrescenta que esteve com o prefeito para saber o que estariam fazendo de errado e recebeu como resposta que existe um desejo de retirar a banca e o ponto de ônibus próximo para revitalizar a Praça Fonseca Portela.
– Perguntei se ele iria realocar a banca em outro local, ele não pensou se isto será possível. Estamos aqui na banca recebendo a assinatura de toda a população, para podermos entregar em breve na Câmara de Vereadores. Conversei com o presidente da Câmara, que demonstrou interesse em nós ajudar – completa Provenzano.

Desabafo

Uma das críticas mais contundentes a iniciativa do prefeito foi feita pelo músico, Fernando Herdeiros. Ele publicou uma fotografia da banca e escreveu um texto que representa a indignação de todos sobre o assunto.
– Essa é a banca onde compro meu cigarro, jornal e tomo meu café toda manhã, pois tenho muito apreço pelo casal, dono do estabelecimento. Pessoas alegres, que nos atendem com maior alegria e carinho todo santo dia. De domingo a domingo (trabalhadores). Hoje como de rotina fui comprar meu cigarro, sempre rola um papo com os donos e para minha surpresa desagradável os vi diferentes, tensos, e com uma prancheta na mão, na qual clientes e amigos podem manifestar o seu repudio a decisão do senhor prefeito de retirar a banca do local.... Local esse que não atrapalha pedestres, trânsito e nada mais... Simplesmente o prefeito, super inteligente da cidade, diria uma sumidade de gestão – tanto ele como a antecessora dele... Dois gestores “competentes” – tomou a decisão de retirar a banca sem o mínimo nexo e explicação... Penso que atitudes como essa tiram e priva o cidadão de trabalhar, levar sustento a família, gerar emprego etc. Por isso que Rio Bonito está assim... Empresários fechando as portas, comércio em estado de UTI financeira, cidadãos sem emprego, servidores sem estruturas na Saúde, Segurança Pública um caos... Carros da Polícia sucateados levando fumo de bandido andando de moto Bis... Bandidagem tomando conta, moradores tendo as casas alagadas, pois quando chove a cidade vira Veneza só se trafega de balsa... Acho que ambas gestões de ambos prefeitos e da linda Solange foram um fiasco pois em 20 anos a cidade parou no tempo! Prefeito, vai fazer seu trabalho e deixa o povo trabalhar. Só para deixar claro, eu resido na cidade, sou músico, não vou nem reclamar do apoio a Cultura, se não vou destruir em palavras a Secretaria... Não voto aqui, não sou puxa saco de Fulano ou Cicrano... Não tenho cargo público, nem quero e só estou relatando esse absurdo no direito de cidadão.

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