Flávio Azevedo
Autor de centenas de composições
musicais, centenas de poesias, rimas, trovas e estórias variadas, o
poeta, escritor, letrista, músico e colunista do jornal “O TEMPO”, Francisco
Azevedo, faleceu na manhã do último dia 18 de abril. Aos 68 anos, ele deixa
esposa, filhos (o jornalista, Flávio Azevedo; e o diagramador James Azevedo), dois netos, parentes, amigos e milhares de
admiradores das suas obras. O sepultamento aconteceu às 17h, do mesmo dia do
falecimento, no Cemitério Central de Rio Bonito. Centenas de pessoas
compareceram a capela da funerária Santo Antônio para se despedir do poeta.
Embora tenha lançado o seu primeiro
livro em 07/07/2011 (Retalhos da Vida), Francisco Azevedo escrevia há muitos
anos. Algumas de suas poesias foram compostas ainda na sua juventude (década de
60), quando começava descobriu o talento para a escrita. Mas a sua marca eram
as rimas, principal atração do segundo livro, “Histórias e Lendas em Foco”,
lançado em 11/09/2012, com 50 estórias rimadas que eram ‘causos’ que a ele foram
contados na infância. Ambos os livros foram lançados na Pinacoteca Municipal Antônio
Benevides Filho. A primeira obra, a Secretaria Municipal de Educação adquiriu
300 exemplares que foram distribuídos nas escolas da rede.
Outro talento que chamava atenção no
artista era a habilidade que ele tinha ao dedilhar o bandolim, um companheiro
inseparável que o ajudou a compor algumas das suas dezenas de melodias. Em suas
visitas as escolas de Rio Bonito para apresentar o seu livro, o instrumento
musical sempre estava com ele e fazia parte das suas apresentações. Tocar o
Hino Nacional do palanque oficial num dia 7 de maio foi um dos momentos que
mais emocionou o artista. Entrevistado por uma equipe da Secretaria Estadual de
Cultura, em 2012, Francisco frisou que com caneta, papel e o seu bandolim ele
tinha condições de girar o mundo.
Nascido numa família de músicos,
Francisco também tocava violão, guitarra, cavaquinho, contrabaixo, acordeão e
as suas composições musicais (95% delas hinos) ultrapassam o número de 100.
Membro da Igreja Adventista do 7º Dia desde os 13 anos, sendo filho do fundador
da referida denominação em Rio Bonito (Joaquim Azevedo), Francisco Azevedo,
ocupou todos os cargos e funções da igreja, a maior delas “Ancião Ordenado”,
cargo que só não é mais importante que a função do pastor.
Doença
Apesar de ser classificado como “curado”
de um câncer no intestino que se manifestou em 2000, exames realizados no
Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2011, apontaram a existência de um
nódulo no fígado do poeta. O médico responsável sugeriu que Francisco ficasse
tranquilo, “porque aquilo não era nada”. Ao contrário da previsão do referido
profissional, o nódulo evoluiu e a partir de 2013 provocou complicações
hepáticas que resultaram em deficiências no sistema circulatório e funções renais.
Exames feitos depois de 2011 também
detectaram células cancerígenas na Coluna Cervical do poeta, na altura de L2; e
no pulmão. Em julho de 2013 foi feita uma incisão no abdome por uma equipe do
INCA. Um dreno foi instalado para saída da bile, que quando não é processada pelo
organismo leva o paciente ao óbito por intoxicação. Apesar da força e
resistência do escritor, o nódulo se transformou em quatro tumores que
praticamente paralisaram o funcionamento do seu fígado.
O quadro clínico do poeta se agravou
ainda mais com a infecção abdominal que se instalou, provocada pela incisão
para a retirada da bile e a natural queda de imunidade. A fragilidade do fígado
impediu qualquer possibilidade cirúrgica e/ou quimioterápica para combater os
tumores. Nos últimos dois meses de vida, Francisco passou a conviver com
calafrios e tremores, provocados por desequilíbrios e deficiências das
principais enzimas do organismo.
Um desses tremores provou a sua
internação no Hospital Regional Darcy Vargas (HRDV), na noite do último dia 26
de março. Apesar dos cuidados e atenção oferecidos durante a sua
hospitalização, a doença continuou evoluindo. O poeta não sentiu dores, não
perdeu a consciência e na tarde do dia 17 de abril, por volta das 17h,
perguntado pelo filho, Flávio Azevedo, qual seria a poesia que ele publicaria
na próxima edição do jornal “O TEMPO”, ele respondeu: “o poeta está se
despedindo meu filho, mas continue publicando as minhas poesias!”.
Na manhã seguinte, às 10h45min, “o poeta
se despediu”. O seu corpo não está mais entre nós, mas a sua obra sim. E
conforme foi prometido a ele, enquanto o jornal “O TEMPO” circular, as suas
obras serão publicadas como forma de amenizar esse grande vazio que a sua
ausência provoca na vida da família, dos amigos e admiradores do seu talento.
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