Flávio Azevedo
A boa fase do
Fluminense no Campeonato Brasileiro empolga a torcida tricolor, mas a manhã
desse domingo (25/05) amanhece triste para os torcedores do aristocrático clube
de Laranjeiras. Morreu, nessa manhã o ex-atacante Washington. Aquele que fez
dupla com Assis e deu muitas alegrias aos tricolores na década 80. Ele sofria
de uma doença degenerativa conhecida como esclerose lateral amiotrófica.
Um dos maiores atacantes da história do Fluminense, ele marcou 120 gols com a
camisa tricolor em 303 jogos.
Washington
e Assis formaram uma das duplas mais vitoriosas do futebol brasileiro. O dueto
recebeu o nome de “Casal 20”, numa alusão a um seriado americano de muito
sucesso transmitido pela TV Globo naquele tempo. Era um casal de detetives que,
a exemplo da dupla tricolor, sempre terminava os episódios vencendo os seus
adversários.
Eles fizeram
sucesso no Atlético/PR em 1982. A dupla chamou atenção e foi contratada pelo Fluminense,
onde repetiram o entrosamento e logo conquistaram a torcida tricolor. Estrearam
no dia 2 de julho de 1983 com vitória de 3x0 sobre o São Cristóvão. A partida
iniciou a campanha do primeiro dos três Cariocas que o Tricolor ganharia em
sequência.
A doença do
ídolo tricolor ganhou notoriedade quando aconteceu o “Washington Day”, ocorrido
no dia 15 de novembro de 2009, no Maracanã, quando torcedores fizeram doações
para ajudar o ex-atacante. Na oportunidade, o Fluminense venceu o Atlético/PR
por 2x1.
A
doença
Washington foi uma das vítimas da ELA. |
A esclerose
lateral amiotrófica (ELA) é provocada pela degeneração progressiva no primeiro
neurônio motor superior no cérebro e no segundo neurônio motor inferior na
medula espinhal. Esses neurônios são células nervosas especializadas que, ao
perderem a capacidade de transmitir os impulsos nervosos, dão origem à doença. Não
se conhece a causa específica para a esclerose lateral amiotrófica. Parece que
a utilização excessiva da musculatura favorece o mecanismo de degeneração da
via motora, por isso os atletas representam a população de maior risco.
Outra causa
provável é que dieta rica em glutamato seja responsável pelo aparecimento da
doença em pessoas predispostas. Isso aconteceu com os chamorros, habitantes da
ilha de Guan no Pacífico, onde o número de casos é cem vezes maior do que no
resto do mundo. Estudos recentes em ratos indicam que a ausência de uma
proteína chamada parvalbumina pode estar relacionada com a falência celular
característica da ELA, uma doença relativamente rara (são registrados um ou
dois casos em cada cem mil pessoas por ano, no mundo), que acomete mais os
homens do que as mulheres, a partir dos 45/50 anos.
Apesar das
limitações progressivas impostas pela evolução da doença, o paciente costuma
ser uma pessoa dócil, amorosa, alegre, que preserva a capacidade intelectual e
cognitiva e raramente fica deprimida.
Sintomas
O principal
sintoma é a fraqueza muscular, acompanhada de endurecimento dos músculos
(esclerose), inicialmente num dos lados do corpo (lateral) e atrofia muscular
(amiotrófica), mas existem outros: cãibras, tremor muscular, reflexos vivos,
espasmos e perda da sensibilidade.
Diagnóstico
A doença é
de difícil diagnóstico. Em grande parte dos casos, o paciente passa por quatro,
cinco médicos num ano, antes de fechar o diagnóstico e iniciar o tratamento.
Tratamento
O
tratamento é multidisciplinar sob a supervisão de um médico e requer
acompanhamento de fonoaudiólogos, fisioterapeutas e nutricionistas. A pesquisa
com os chamorros serviu de base para o desenvolvimento de uma droga que inibe a
ação tóxica do glutamato, mas não impede a evolução da doença. Os experimentos
em curso com animais apontam a terapia gênica como forma não só de retardar a
evolução, como possibilidade de reverter o quadro.
Recomendações
*O
diagnóstico e o início precoce do tratamento são dois requisitos fundamentais
para retardar a evolução da doença. Não subestime os sintomas, procure
assistência médica;
*Embora a
ELA seja uma doença degenerativa irreversível, não há como fazer prognósticos.
Em alguns casos, a pessoa vive muitos anos e bem;
*A relação
do paciente com a equipe médica e familiares é sempre muito rica. Ele está
sempre animado e procurando alternativas para enfrentar as dificuldades do dia
a dia;
*Pelo menos
aparentemente, o portador da doença costuma sofrer menos do que o cuidador, que
precisa aprender a maneira correta de tratar do doente, sem demonstrar que teme
por sua morte iminente.
Fonte: Dr. Dráuzio Varela
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