Flávio Azevedo
Fundar uma “Associação de Pais” que
abracem e acolham famílias que estejam enfrentando dificuldades na socialização
dos filhos. Os problemas podem ser uma simples rebeldia, o habito “comum” de
matar aulas, até situações de maiores riscos, como o envolvimento com a
criminalidade, que pode ser como usuário de drogas e/ou associação ao tráfico. Essa
foi a principal notícia da última reunião do Comitê Gestor do Plano Integrado de Enfrentamento ao
Crack e outras drogas do município de Rio Bonito. Os integrantes do comitê se
reuniram no último dia 2 de abril, na sede da Secretaria Municipal Antidrogas
(SEMAD).
A
pauta do encontro foi “fiscalização” e “insegurança pública”. A reunião contou
com a presença de Rosilene Costa, mãe de Davi Júnior, 14 anos, que faleceu
vítima de um acidente de trânsito que vitimou fatalmente ele e o adolescente
Jesus Emanuel, de 13 anos, no último dia 28 de março, numa tragédia que comoveu
Rio Bonito e acendeu o pisca alerta da sociedade, que começou a questionar o
volume de vidas (jovens) que estão se perdendo por conta dos mesmos fatores:
rebeldia, falta de limites e envolvimento com o traiçoeiro mundo das drogas.
– Não
foram poucas as vezes que eu vi meu filho em situações que me deixou em
aflição. Conversas no Facebook com conteúdos que eu nunca podia imaginar.
Combinações e tratos com colegas que eu percebia ser algo errado... Mas o que
fazer? Ligar para a Polícia? Como agir nesses momentos? Essas são perguntas e
angustias que pairam na cabeça dos pais que se deparam com filhos nessas
condições – comentou Rosilene, que idealizou a “Associação de Pais”, junto com
a equipe da SEMAD.
De
acordo com o secretário Felippe Bortone, essa pode ser a grande ferramenta que
está faltando nessa luta contra as drogas. “Além do trabalho institucional que
nós fazemos, essa parceria com a sociedade é muito importante para reforçar esse
desafio que é resgatar as pessoas que ingressam nesse caminho tão difícil e de
término tão triste”, comentou o secretário.
A
reunião contou com a presença do delegado titular da 119ª DP, Carlos Eduardo
Almeida, que sobre as drogas, disse ser possível Rio Bonito, “se quiser”,
reverter esse quadro que assusta a todos e que vem se agravando. O comandante
da Polícia Civil do município destacou que a cidade, “ao contrário de outros
centros, se destaca por ter a cocaína como a droga mais consumida em seu
território. “O volume de usuários de cocaína é muito maior que vocês imaginam e
isso é muito sério”, destacou o delegado, acrescentando que “por outro lado, o uso
de crack em Rio Bonito é tão ínfimo que sequer temos registros de usuários
e/tráfico dessa droga”.
Uma
das funções da “Associação de Pais” que lutarão contra as drogas e o assédio
dela sobre as crianças e adolescentes é uma patrulha de mães que visitem as
escolas, percorram as praças, para encontrar estudantes matando aulas ou que
estejam ociosos nas praças e logradouros públicos.
–
Essa supervisão é importante. Eu sou merendeira e sempre, terminada a aula,
identifico grupinhos de estudantes que ficam pela rua. Vamos alertar os pais,
mostrar essas crianças que elas precisam ir embora para casa, porque eles são
alvos dos aliciadores – analisa Rosilene.
Para
o policial militar, Elielton Pires, que desenvolve o programa Proerd nas
escolas de Rio Bonito e região, “a realidade desse descontrole sobre os jovens
passa por dentro de casa”. Ele afirma que “se as famílias continuarem fugindo
da responsabilidade delas, os novos rumos que se pretende para as gerações
futuras em relação as drogas, dificilmente serão alcançados”.
Também
marcou presença na reunião, a comissária do Juizado da Infância e Juventude,
Janine Cerqueira. Sobretudo quando se debateu o tema “festas”, que tem como
público alvo o público de menor idade e para serem promovidas dependem de
autorização do poder público em suas variadas esferas de ação, a coordenadora
comentou que existe fiscalização e que outras entidades, entre elas a família
também precisa se fazer presente.
Um
dos representantes do Conselho Tutelar do município, que também marcou presença
no encontro, denunciou um problema que já foi comentado em outros fóruns e
reuniões que tratem do assunto “limites para os menores”. Apesar da
fiscalização firme sobre o ingresso de menores em determinados eventos, é comum
os pais entrarem com eles, deixarem eles no interior da festa e irem embora.
Isso me parece o engessamento social!
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