Flávio Azevedo
Para não perder a mão para os textos mais
ousados e críticos, nós iremos abordar um assunto que certamente será polêmico,
vai deixar muita gente ‘danada da vida’, mas não podemos nos furtar de tocar nesse
tema. É sobre a “Marcha Para Jesus”, um movimento muito interessante, que
surgiu com uma proposta excelente, mas que vai perdendo o seu foco por simples
razões.
Na última quinta-feira (15/05), na
Câmara de Vereadores, os parlamentares aprovaram um recurso da ordem de R$ 60
mil para a “Marcha para Jesus”. A bancada evangélica, composta pelos
parlamentares Márcio da Cunha Mendonça, o Marcinho Bocão; e Edilon de Souza
Ferreira, o Dilon de Boa Esperança; agradeceram a aprovação, disseram que as
igrejas evangélicas realizam trabalhos relevantes no município, sobretudo no
resgate de jovens que estão nas garras das drogas. O que é uma verdade!
Os vereadores Aissar Elias e Rita de
Cássia se assustaram com o montante da subvenção, destacaram que o município têm
prioridades que não estão sendo cumpridas, comentaram que um valor dessa ordem pode
gerar questionamentos, mas acabaram sendo favoráveis por uma questão de ‘política
de boa vizinhança’. Sinceramente, os vereadores e a prefeita têm mais é que aprovar
e liberar a subvenção, porque ser contrário pode ser entendido como “sou
inimigo dos evangélicos”. Aliás, tem muito espertinho esperando o posicionamento
contrário, da prefeita e dos vereadores, para reiniciar mais um capítulo da Guerra Santa (no fundo é guerra
de egos) que existe em nossa cidade.
Somos frontalmente contrários a
liberação de recursos públicos para qualquer denominação, pelo simples fato de
que o louvor é uma oferta voluntária que oferecemos a Deus para retribuir o que
Ele fez e faz por nós. Também somos contrários a esse negócio de o sujeito,
famoso ou não, só aceitar visitar a igreja que comprar os seus CDs ou DVDs.
Também discordamos dos espetáculos promovidos por “cantores e líderes
religiosos” que só acontecem quando eles são bem pagos.
Para quem não sabe, antes de subir ao
céu, Jesus nos deu a “grande comissão”. Isso está escrito em S. Marcos 16: 15 a
18: “E
disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo;
mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os
demônios; falarão novas línguas. Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma
coisa mortífera, não lhes fará dando algum; e porão as mãos sobre os enfermos,
e os curarão.
Também seria
interessante refletir no que S. Paulo escreveu em duas ocasiões aos cristãos da
igreja de Corinto. Na primeira carta (9:14) ele diz: “... Aos que anunciam o
evangelho, que vivam do evangelho”. Contudo, na segunda carta ele fala da
doação com outro viés: “cada um
contribua SEGUNDO PROPÔS no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade;
porque Deus ama ao que dá com alegria” (9:7). O problema não é exatamente o dinheiro,
mas a forma como ele está sendo arrecadado e empregado. Da maneira que tem sido
feito, o louvor fica ofuscado, a adoração fica mascarada e nitidamente a fé
esta virando um comércio e bem lucrativo.
O município vai dar
R$ 60 mil? Beleza! As igrejas evangélicas – e em Rio Bonito não são poucas –
darão quanto? E a comunidade de crentes dará quanto? E o louvor através das
ofertas? Não tem? O vereador Marcinho Bocão disse que é preciso trazer um
cantor famoso, “que não é barato”, para atrair as pessoas para o evento, “porque
senão não vai ninguém”. Mas espera aí... O negócio é “Marcha para Jesus” ou “Marcha
para Thales Roberto”? É “Marcha para Jesus” ou “Marcha para Aline Barros”?
Não temos dúvidas que
nas muitas igrejas espalhadas pelo nosso município, centenas de meninas e
meninos cantam igual ou melhor que os famosos e caros cantores. Nada contra os
famosos, mas que sigam o conselho de S. Paulo: “cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com
tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”. Ou
seja, acabou de cantar? “Passa o chapéu” para que os irmãos os entregue as suas
ofertas VOLUNTÁRIAS, “conforme propuseram no seu coração”.
Por isso, mais uma vez vamos cumprimentar o padre Eduardo Braga, pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, que diante de uma suposta subvenção para os festejos da Padroeira da cidade, celebrado no dia 8 de dezembro, ele agradeceu a gentileza e recusou o recurso sob o argumento de que é preferível trabalhar com a oferta e o trabalho voluntário dos irmãos.
Fica a dica!
Recusou... interessante... mas alguém ofereceu!
ResponderExcluirVc não citou quem ofereceu?
Seria interessante saber as contradições em que vivemos! Não?
Essas marchas a muito tempo não se destinam à Cristo, nem ao menos aos cristãos protestantes das cidades onde essas marchas ocorrem...
ResponderExcluirTODOS sabemos que o real intuito dessas não passa de auto promoção política e campanha eleitoral com dinheiro público!
Entendo a explanação do jornalista, de fato há muita coisa errada por aí.Entretanto tenho algumas considerações:
Excluir1ª Se a marcha é pra Tallhes, Aline , sei lá , o aniversário da cidade deveria ser pra quem então ? Bruno e Marrone ? ou qualquer outro nome famoso ? Aliás quanto foi gasto nos ultimos 10 anos com artistas populares ? e com artistas Gospel ?
2ª Em Rio Bonito temos um celeiro de bons cantores, Lembro das duplas ,Junior & Luciano, Alex Ferr, Luan, Sheilá Sá,Strategya entre tantos outros, pq pagar tão caro pra trazer artistas de renome nacional ? é colocar eles?
3º É graças ao trabalho das igrejas que a cidade não está pior (GOVERNO NENHUM CONSEGUIRÁ RESOLVER O PROBLEMA DAS DROGAS,CRIMINALIDADE, VICIOS, ETC...) . Então penso que nada mais justo do que investir tão pouco perto do que é investido em tantas festas que sabemos que não terão evangélicos envolvidos.
4º A Marcha é pra Jesus, entretanto é feito por pessoas, por gente e não por Anjos, o fato de ter cantores gospel, e esses agregarem pessoas é a coisa mais natural do mundo, pois o investimento para gravar e investir na mídia é igual tanto pra cantor crente ou não.
Porém, APESAR DISSO entendo que os cantores locais tanto secular quanto gospel precisam receber uma atenção em nossos eventos.
Bem vindo Pr. Márcio. E parabéns pelo equilíbrio! Eu só quero lembrar que essa questão de desequilíbrio social e injustiças políticas, nenhum governo vai consertar e nenhuma igreja também irá resolver. Por isso é que nós aguardamos “novos céus e nova terra nos quais habita a Justiça”. Contudo, esse anseio tem sido deixado de lado, porque alguns tentam fazer o seu "Céu" aqui na terra (Teologia da Prosperidade).
ExcluirEntendo a argumentação quanto aos artistas populares que se apresentam nas festas seculares da cidade. Todavia, penso que esse é um dos grandes problemas das igrejas atuais: querer se igualar ao secular, misturar o santo e o profano, postura que contribui para a proliferação do relativismo e do modismo (porque virou moda ser crente).
A Igreja Apostólica se corrompeu quando foi abraçada pelo Estado. Enquanto estava sendo perseguida pelos imperadores de Roma, a fé dos crentes era um perfume suave para Deus e a igreja estava firme. Por isso, o período onde a Igreja é mais perseguida, João, no Apocalipse, classifica como “Esmirna”, palavra que deriva da mirra uma planta que exala perfume quando é macerada.
Concordo com a ideia de que a igreja tem que sair das quatro paredes, anunciar Jesus, mas com muito cuidado com essas associações com o poder público, porque a Igreja Apostólica enfraqueceu quando de perseguida (Esmirna) passou a ser a igreja do Estado, inclusive, com o imperador Constantino se dizendo cristão, período que João, no Apocalipse, classifica a igreja como "Pérgamo".
Acho deplorável igreja receber dinheiro de político!
ResponderExcluirAí estão dois dos assuntos que mais geram polêmicas na vida: política e religião. Difícil chegar a um ponto de equilíbrio. Mas, em minha opinião, concordando com o jornalista, as igrejas no processo social vem se desvirtuando muito do que é proposto pela Bíblia a ser cumprido. Contudo, devo, também, concordar com a opinião do Pastor, pois o pior erro é julgar o todo por conta de uma parcela. O evangelho é difícil de ser levado pois tudo gera custos, gastos e despesas. Infelizmente hoje em dia é muito difícil ser missionário e político, mas para que se evite discursões, como essas, sou da opinião que ambos devem seguir distintamente mas em prol de objetivos em comuns.
ResponderExcluirBem vinda, Emanuela!
ExcluirResolve-se fácil essa questão de classificar o todo por uma parcela. Basta o todo apontar a parcela errada. Em uma das suas cartas, S. Paulo escreveu que é lícito que aconteçam as dissenções, para que o iníquo (pessoa errada) apareça. Bem, os iníquos estão mais do que identificados, porém, a parcela boa fica aturando os tais iníquos e fingindo que eles não estão entre nós. O resultado dessa postura, no mínimo conivente, são essas polêmicas!
Grande abraço!