Flávio Azevedo
O deputado Marcos Abrahão em 2007, durante o seu discurso de posse na Alerj |
De acordo
com a colunista do jornal Extra, Berenice Seara, o deputado estadual Marcos
Abrahão (PTdoB) deixou os colegas perplexos na tarde desta quarta-feira (27/02),
em seu pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro (Alerj). É que o parlamentar criticou a reserva de parte dos médicos da
rede pública para atender usuários de crack, recolhidos compulsoriamente pela Prefeitura
do Rio de Janeiro.
– Quarenta
médicos atendendo usuários de crack?! Vá pro inferno! Vá atender viciado no
inferno! Enquanto isso, cidadãos de bem vão morrendo em detrimento de viciados –
disparou o sempre polêmico deputado. Ainda segundo Seara, ele defendeu o atendimento
dos usuários de drogas para quando houver vagas nos hospitais para toda a
população.
Não precisa dizer que a declaração do deputado causou
polêmica, bombou nas redes sociais e ainda está sendo muito comentada. Há quem
concorde com tudo que ele disse, há quem concorde, mas reprove o conhecido ímpeto
do deputado; e há quem seja totalmente contrário as declarações de Abrahão. Uma
análise, porém, fria e desprovida de bandeira partidária permite a compreensão
do que tentou comunicar o deputado. Aliás, três premissas devem ser pensadas nas
referidas declarações.
A primeira é que o parlamentar, ele pode atuar no âmbito municipal,
estadual ou federal; representa a sociedade, ou parte dela. Logo, o deputado
Marcos Abrahão representou aqueles que pensam dessa forma. Aliás, não são
poucos os que corroboram com a sua lógica, talvez mudando apenas os arroubos empregados
por ele. Se a fala de Abrahão não agradou a todos, que se levante outro deputado
para representar os usuários de drogas. Eu, por exemplo, respeitaria a posição do
parlamentar pró-drogados por conta da mesma lógica que eu compreendo a
indignação do deputado riobonitense.
A segunda é mais profunda e, logicamente, mais polêmica,
porque envolve esse papo cafona e ultrapassado de que o Brasil, por conta da
sua desigualdade social (e ela realmente existe) e da inoperância do Estado, dá
margem ao uso de drogas. O caso é que usa droga quem quer e por uma série de
razões que estão muito distantes da desigualdade social.
Eu, por exemplo, sou morador da Serra do Sambê, onde têm vários
“esticas”; muitos colegas meus morreram por terem ingressado nesse setor (tráfico),
mas embora eu tenha crescido no mesmo bairro, estudado nas mesmas escolas, jogado
bola nos mesmos lugares, soltado pipa nos mesmos ambientes, eu nunca usei
drogas (e as oportunidades apareceram).
A terceira nos remete a época que o Estado pacificou o
Complexo do Alemão. Segundo o governo estadual, cerca de 420 mil pessoas moram
naquele lugar. Pergunto: “todos os 420 mil moradores do Complexo do Alemão são traficantes
e/ou usuários de drogas?”. Claro que não! Então amigos, desculpe aí, mas ser
favelado, pobre, negro, injustiçado etc., não é a principal razão para ser
usuário de drogas!
Diante de tudo isso, a minha recomendação é que ao
analisarmos a postura de Abrahão, não usemos a peculiar má vontade que nós
temos com o deputado. Que possamos analisar o contexto em que ele se manifestou;
a real situação dos usuários de drogas no Brasil; a formação de Marcos Abrahão
(ele é policial militar); entre outros fatores que são importantes serem
observados, para não se falar bobagens!
Eu concordo em parte pq se pensar bem ele até que tem uma razão. E se ele pensa assim tem que falar mesmo pois tem muitos que tem a mesma opinião e faz tudo por baixo dos panos.
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