Flávio Azevedo
Uma cena rara de se ver nas escolas da atualidade, mas que precisa ser preconizada para a socialização das crianças. |
A escola, depois da família, é o
primeiro grupo social a que pertencemos. E grupos sociais são importantes para
que aprendamos a interagir com pessoas, a conhecer novos comportamentos e a
respeitar uns aos outros. Além do mais, a escola é fonte de conhecimento e
educação, tanto formal quanto informal, é um espaço onde o aluno é o
protagonista e aprende a desenvolver suas atividades, além de ser um
laboratório de inclusão social, promovendo no jovem o sentido de importância da
comunidade.
Durante todo o
nosso crescimento, precisamos de um referencial e essa é uma das principais
funções da escola. Cada fase do aluno, novas necessidades e capacidades devem
ser exploradas e para isso, a escola deve dispor de uma gama de profissionais
como orientadores educacionais, professores e psicólogos.
Infelizmente, a educação no Brasil
ainda não está satisfatória, apesar de índices cada vez mais positivos. Há um
aumento da taxa de alfabetização, aumento do número de alunos que completam o
nível superior, novas escolas de ensino fundamental foram construídas e há uma
queda no índice de evasão escolar.
A definição acima e os conceitos
defendidos até aqui são de Juscelino Tanaka, que escreveu esses conceitos num
link da Universidade Veiga de Almeida (UVA) ao abordar o “Dia da Escola”. Entretanto,
vale à pena se debruçar sobre esse assunto com mais atenção e pensamento
crítico. Vale, inclusive, apontando uma realidade triste, desagradável, mas
pouco comentada: “a transferência das responsabilidades da família para a
escola”.
O caso é grave, merece profunda
reflexão, mas as autoridades, enfeitiçadas pelo voto, preferem não ver ou apontar
essa deformidade social. Diante desse cenário, vale destacar a tese do
sociólogo Émile Durkheim, para quem existem dois
tipos de socialização ou Educação: a primária, que acontece na família; e a
secundária, que ocorre nos demais núcleos sociais que o indivíduo estará
inserido (vizinhança, escola, trabalho etc.). Para Durkheim, “a socialização
primária é a base da socialização secundária, logo, o sujeito que não for bem socializado
no setor primário (em casa) terá dificuldades para se socializar nos núcleos
secundários”.
Em entrevista a este
jornalista, o professor Carlos Alberto Machado, o professor Betinho, diretor da
Faculdade Cenecista de Rio Bonito (Facerb) e do Colégio Monsenhor Antonio de
Souza Gens, afirmou que na atualidade as crianças chegam a escola sem conhecer
o significado de palavras como “por favor”, “com licença”, “me desculpa”, “muito
obrigado”, entre outras que obrigatoriamente deveriam fazer parte da
socialização de qualquer ser humano.
O resultado disso nós
já conhecemos! Escolas sobrecarregadas com a tarefa de Educar, ensinar e
socializar. A professora precisa parar as tarefas educacionais para socializar
o aluno, ensinando boas maneiras, o respeito ao semelhante, a importância de
compartilhar, noções que ele deveria ter trazido de casa. Contudo, as famílias
estão transferindo essa responsabilidade, que é delas, para a escola. Isso é
sério!
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