Por Flávio Azevedo - Reflexões
O Conselho Comunitário de Segurança (CCS) é sim um fórum legítimo para se debater a Segurança das cidades. Durante a minha fala, na reunião desse mês, ocorrida no último dia 03/10/2011, mais uma vez eu percebi que causei mal estar (eu não sei por que eu sempre faço isso!), quando disse que as pessoas não comparecem por alguns motivos que nós conhecemos, mas ficam sem graça de falar, por frouxidão, medo e por não querer se envolver ou se expor. Nesse texto, eu pretendo considerar apenas cinco situações que acho serem cruciais para a não participação em massa da população nesse fórum.
1º Nunca tivemos a participação da Promotora Pública, Marcela Navega (foto 2), no CCS. Aliás, na reunião do dia 12 setembro (convocada pelo MP para debater a ociosidade nas praças e logradouros públicos), ela demonstrou não saber o nome da Praça Central de Rio Bonito (exatamente o local que estava sendo discutido na reunião); o nome do padre que provocou, através de um texto escrito num jornal local, a reunião que estava sendo realizada (Eduardo Braga); o nome da Secretaria de Educação e Cultura (Ana Maria Figueiredo) e ficou muito nítido que ela desconhece os nossos projetos culturais (são poucos, carentes, mas existe).
Aliás, numa reunião posterior da promotora com alguns atores da política e de algumas instituições (realizada no dia 15 de setembro sem a presença da imprensa para debater a operação de combate a ocisidade) curiosamente, a secretária de Educação e Cultura não foi convidada. Mas depois da reunião anterior (do dia 12 setembro, que foi aberta), eu descobri porque a promotora não comparece. É que ela não acredita no CCS e tem o hábito de não deixar ninguém falar. Mas no CCS todos têm direito de se manifestar;
2º As reuniões do CCS acontecem às 10h da manhã, horário onde todos estão trabalhando. A coisa parece que é feita para o sujeito não ir. Por isso, já algum tempo eu venho dizendo que as reuniões deveriam acontecer às 19h e que os encontros deveriam ser itinerantes, sobretudo indo às localidades interioranas mais distantes do município (Mineiros, Chavão, Braçanã, Mata, Tomascar, entre outras);
3º Percebo também que o CCS é um negócio feito para “inglês ver”. A ideia é não funcionar. É um grande “engana trouxa”. O sujeito vai lá, acha que está sendo ouvido, mas o que ele diz, por mais razoável que seja, entra por um ouvido e sai pelo outro das autoridades ali presentes. E tem sido assim desde a sua implantação, porque os anseios apresentados nessas reuniões não são novidades e pior: ninguém toma providencias;
4º Muita gente não vai por desinteresse. O famoso “não é comigo”. Fica muito nítido também, que o volume de gente que compareceu na reunião do CCS depois do assassinato do empresário Américo Branco (foto 3), simplesmente aconteceu porque eles se reconheceram naquele fato. AMÉRICO ERA UM IGUAL. O que mais ouvimos foi: “PODERIA TER SIDO EU”. Digo isso, porque não vimos semelhante mobilização quando uma empregada doméstica, em 2008, tomou um tiro na cabeça. Aliás, no mesmo lugar que Américo foi morto e em iguais condições;
5º Em meio a toda essa violência, as instituições e pessoas que deveriam nos proteger estão na corda bamba. Embora nós saibamos que nem todos os policiais são corruptos e que numa sociedade os bons sempre serão maioria – vide comercial da Coca-Cola –, como confiar na polícia, quando o noticiário nos informa que uma juíza (Patrícia Acioli) que foi covardemente assassinada teve a sua morte arquitetada por policiais militares e que o comando partiu de um coronel?
Portanto, embora o CCS seja um fórum legítimo, legal e extremamente necessário, ele não recebe a devida atenção da maior parte das autoridades e até da sociedade. As autoridades por considerarem o fórum uma intromissão nas suas atividades (por ser um lugar onde se lava a roupa suja publicamente); e o cidadão, que não acredita nas autoridades e instituições que ali estão representadas.
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