Por Flávio Azevedo - Reflexões
Na última semana, por volta das 22h, vários amigos me telefonaram informando que determinado ponto da Serra do Sambê estava em chamas. No dia 11 de fevereiro (sexta-feira), o portal G1, noticiava que desde o início da noite anterior, o Morro da Prainha, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio estava em Chamas (foto). As chamas destruíram a vegetação na Serra da Grota Funda, local de difícil acesso.
No último domingo (13), um balão de cerca de 20 metros incendiou uma área de 40 mil m², do Parque Estadual da Serra da Tiririca, situado na divisa entre Niterói e Maricá (foto). Na última terça-feira (15), o jornal O Dia trazia a foto de um incêndio no Campo de aviação de Saquarema. O fogareu foi fotografado por uma internauta. Segundo ela, a fumaça invadiu bairros próximos e as chamas não puderam ser controladas porque o carro de combate a incêndios estaria quebrado.
Mas não é só a nossa vegetação que está em chamas. O fogo da desfaçatez e da falta de vergonha está destruindo outros campos. No dia 11 de fevereiro, por exemplo, nós acompanhamos a prisão de 30 policiais. Eles foram presos na “Operação Guilhotina”, deflagrada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e Polícia Federal (foto). Usando o linguajar dos filmes, os presos eram “agentes duplos”, ou seja, estavam a serviço da LEI e do CRIME.
As chamas do cinismo e do descaramento também estão incontroláveis no setor político. Em Casimiro de Abreu, vereadores estão numa queda de braço que parece não ter fim com o prefeito Antônio Marcos (PSC). Em Tanguá, o cenário político também está azedo entre vereadores e o prefeito Carlos Pereira (PP). Em Itaboraí, o presidente da Câmara, Lucas Borges (PMDB), tem contra ele sete vereadores. Eles, incusive, foram ao Ministério Público (MP) denunciar supostas irregularidades nos atos administrativos do presidente. Em Maricá, onde a relação entre Legislativo e Executivo também não é boa, até um atentado teria acontecido contra um parlamentar.
O incêndio da falta de respeito com o povo também chegou a Rio Bonito. Aliás, parafraseando aquele ex-presidente, “nunca na história” dessa cidade, nós presenciamos uma bagunça tão grande no Legislativo. Eu não sei de que lado você está, mas essa história de duas Câmaras é no mínimo patética.
Rio Bonito, não é segredo para ninguém, é uma cidade dividida em três grupos políticos (o prefeito José Luiz Antunes, a ex-prefeita Solange Almeida e o deputado estadual Marcos Abrahão). Confesso aos senhores que fico horrorizado com a “Guerra Fria” que esse instalou entre esses grupos. Aliás, poucos vereadores perceberam que estão sendo usados. Se você discorda, basta lembrar que no próximo ano (2012) nós teremos eleições municipais, quando estarão em jogo, além da chefia do Executivo, as 10 cadeiras do Legislativo. O grupo que sair vencedor dessa ridícula disputa pela presidência da Câmara, teoricamente sai fortalecido.
Vale destacar que esse fortalecimento se resume a duas palavras: PODER E DINHEIRO. Poder, porque um presidente da Câmara habilidoso consegue aniquilar ou estimular toda e qualquer intenção política do Executivo, sobretudo se ele pretende fazer obras em todo canto do município.
Penso que o leitor não acredita mais em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, gnomos, duendes e outros seres míticos. Por isso, é lógico que você sabe que, hoje, para ganhar uma eleição é preciso ter dinheiro. Entretanto, como tem gente – e não são poucos – que ainda acredita na história da Branca de Neve, sempre surge uma tradicional e imbecil pergunta: “porque tem que ter dinheiro para ser eleito?”.
Bem, tem que ter dinheiro – que nem sempre é de origem ilícita – para que o candidato possa pagar pelos sacos de cimento, telhas, areia, entre outros produtos que saem das lojas de material de construção, que o político dá o eleitor pidão. Aliás, as cerâmicas também precisam receber pelos tijolos doados.
O político também precisa pagar a conta da farmácia (que não é pequena), que é construída com a distribuição de remédios aqui e acolá. Os proprietários de açougue e supermercado querem receber pela carne e pela cerveja, que são consumidos nos incontáveis churrascos que rolam durante a campanha. Não podemos esquecer que dos postos de combustíveis, onde o eleitor abastece o carro gratuitamente por estar com o adesivo deste ou daquele candidato. Contudo, essas empresas precisam honrar compromissos e, por isso, querem receber pelo produto que venderam. A auto-escola, por mais que seja de um amigo, também tem os seus encargos, e o político, em algum momento, terá que pagar pelas Carteiras de Motorista que distribuiu.
Por fim chegam os três dias que antecedem e definem a eleição. Nesses dias, o candidato tem que ter, em mãos, dinheiro vivo. De posse dessa grana e acompanhado de assessores, simpatizantes e apaniguados, o candidato vai às localidades mais pobres distribuindo dinheiro em busca do voto.
E aquela visita estratégica durante os meses de campanha eleitoral? A pessoa chega e pergunta se você gosta de trabalhar no dia da eleição. Você pode até não ter interesse, mas mediante aos R$ 50,00 que lhe é oferecido para vestir uma camisa com a cor referente a determinado candidato, você acaba aceitando. Ou seja, é por isso, que para alguém disputar uma eleição com chances de vitória é preciso ter dinheiro.
E o que nós fazemos? Entramos na dança e vedemos o nosso voto!
Diante desse cenário, onde não existem inocentes, as palavras de Rui Barbosa (foto) ditas há cerca de 100 anos nunca foram tão atuais. “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
Rui Barbosa também disse: "A injustiça, senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo, a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade [...] promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas".
sábado, 19 de fevereiro de 2011
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Improdutivos estes senhores vereadores. Alienados os seus eleitores. Todos corruptos. Todos corruptores e corruptíveis. Verdadeira chacrinha patrocinada pelos contribuintes, contribuidores, etc... Diversão para aqueles que fazem seus lances e suas apostas nesta "rinha de galos" em que se transformou a Câmara. Se pelo menos, ao final da luta um dos galos ou os dois tombassem definitivamente....
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