quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Incêndios e desmatamento em Rio Bonito são frutos da frouxura

Em seu Facebook, a minha amiga, Regina Knosel; relata um drama da vida real. Proprietária do Rancho do Alemão, em Braçanã de Baixo, um dos lugares mais agradáveis de Rio Bonito/RJ, ela escreve que nesse fim de semana alguém tocou fogo no pasto vizinho e por pouco esse fogo criminoso não alcançou a sua propriedade. 

Para quem não sabe, Dona Regina e Seu Roberto; há anos atuam reflorestando seu pedaço de chão com árvores nativas e frutíferas. Aliás, o Rancho do Alemão conta com uma cachoeira seca em razão do desmatamento que acontece nas montanhas de Braçanã.

Penso que esse assunto desmatamento é similar àquela discussão dos anos 90 a respeito do mosquito da dengue. Os municípios diziam que o mosquito era do estado e o estado dizia que o mosquito era dos municípios. Até que estado e municípios, num lapso de lucidez, entenderam que o mosquito não era nem de um nem de outro, mas do cidadão, uma vez que o Aedes Aegypti é fruto da falta de higiene e relaxamento das pessoas em suas casas e quintais. Depois dessa constatação o combate a dengue tomou outro rumo.

Vejo o desmatamento uma discussão similar! Enquanto acharmos que a responsabilidade de proteger o verde é somente dos governos (federal, estadual e municipal), o desmatamento seguirá acontecendo. Desculpem, mas esse combate é responsabilidade nossa. Precisamos é largar a frouxura de lado e peitar o incendiário, o derrubador de árvores que só pensa em pasto... Refrescar o rabo na cachoeira todo mundo gosta, mas pensar na proteção das florestas e mananciais, pouca gente quer.

Os governos não agem, porque o governante é uma representação do povo. E se o povo é frouxo os governantes também serão.

Na cordilheira de montanhas que forma a Serra do Sambê, de Braçanã até Monte Azul nós temos centenas de pontos de desmatamento. Por isso as trilhas são fechadas e caminhos centenários são bloqueados. Não é preocupação com segurança porra nenhuma. Simplesmente o proprietário engraçadinho não quer que vejamos a cagada ambiental que ele está fazendo. E frouxamente aceitamos isso!

A montanha mais alta de Rio Bonito, por exemplo, a Cabeça da Vaca, com 970 metros de altimetria; e as montanhas ao seu redor, estão sendo acintosamente devastadas. Para quem não sabe eu vou conta uma novidade: o principal manancial de Braçanã nasce na Cabeça da Vaca. O “Saltinho”, como nós chamamos a cachoeira que existe no pé da Cabeça da Vaca, é o manancial que irriga o famoso Salto D’Água de Braçanã.

Se não tomarmos vergonha na cara imediatamente no sentido de salvar a Mata Atlântica que cobre a Cabeça da Vaca e as montanhas ao seu redor, o Salto D’Água de Braçanã, que abastece o município de Tanguá, vai desaparecer do mesmo jeito que desapareceu a cachoeira que existia no Rancho do Alemão.

A propósito, não reclame dos governantes, porque eles são frouxos igual a sociedade. Esse hábito irritante de ficar choramingando e reclamando, mas sem ação, organização e reivindicação diante dos malfeitos. Somos incapazes de pelo menos demostrar indignação. Pelo contrário! Mesmo entendendo a gravidade dos fatos, boa parte vai preferir criticar esse texto e quem escreveu porque foi “destemperado, grosseiro, arrogante”, entre outros adjetivos que os frouxos colocam nas verdades que precisam ser ditas.

Minha solidariedade Dona Regina e seu Roberto! Vamos em frente! #flavioazevedo

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